quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Seminário da Evangelisação Infanto Juvenil

Aconteceu no dia 15/11/2010 as 14:00hs no Grupo Espírita União , um encontro com os evangelizadores da casa para melhor esclarecimento da importância da cultura na casa espírita. Foi Construido o calendário cultural da Casa Espírita e reforçado a importância do estudo doutrinário para os evangelizadores como base para o fortalecimento da cultura espírita.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A Necessidade da Vida Social

"Porque nenhum de nós vive para si". (Paulo aos Romanos,14:7)
Na Natureza tudo se serve, tudo se encadeia, desde o ser mais simples até o mais evoluído. O sol atende ao seu sistema fornecendo luz e calor para promover uma reação que mantém os elementos vitais em circulação, sustentando a vida em todos os planetas. Os planetas em suas órbitas, se posicionam de tal forma, que um mantém o equilíbrio do outro, além do seu próprio, obtendo uma harmonia em todo o sistema.
Para que tenhamos a eletricidade necessitamos de um rio com volume de água suficiente para movimentar a usina geradora de energia elétrica. Para manter a água necessária precisa-se da chuva. Para que a eletricidade chegue ao seu destino são necessários fios condutores e assim por diante. Tudo isso funcionando em perfeita sintonia nos fornece a energia suficiente para mantermos nossos lares com iluminação e todos os aparelhos eletrodomésticos que nos servem em nosso dia a dia.
Hoje, com a tal globalização, os países envolvidos necessitam manter suas economias atualizadas e equilibradas, porque se algum deles provocar alguma anomalia, todos os outros sentirão o efeito negativo. Caso contrário, tudo estará bem e funcionará normalmente, com as populações desses países tendo empregos, alimentos e conforto. Pois é, assim temos exemplos de como cada um de nós deve agir para manter o nosso próprio equilíbrio e de todos aqueles que nos rodeiam e vivem em função de nós.
Em O Livro dos Espíritos, os Espíritos, em resposta às questões 766, 767 e 768, afirmaram: "A vida social está na Natureza. Deus fez o homem para viver em sociedade. Deus não deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação." "O isolamento absoluto é contrário à Lei Natural, pois os homens buscam a sociedade por instinto e devem todos concorrer para o progresso, ajudando-se mutuamente." "O homem deve progredir, mas sozinho não o pode fazer porque não possui todas as faculdades: precisa do contato dos outros homens. No isolamento, ele se embrutece e se debilita". O Codificador em nota a essas respostas, acrescenta: "Nenhum homem dispõe de faculdades completas e é pela união social que eles se completam uns aos outros, para assegurarem seu próprio bem-estar e progredirem. Eis porque, tendo necessidade uns dos outros, são feitos para viver em sociedade e não isolados."
Podemos observar, assim, que a sociedade necessita de criaturas que cooperem umas com as outras para que o progresso geral se estabeleça. Dizem os Espíritos em resposta à questão 785 de O Livro dos Espíritos, que os maiores obstáculos ao progresso são o egoísmo e o orgulho, referindo-se dessa forma ao progresso moral, porquanto, o intelectual se efetua sempre.
O egoísmo e o orgulho extremados quebram a harmonia entre os homens, pois são eles que entravam o progresso moral, provocando as discórdias, as malevolências, os ciúmes, os sofrimentos atrozes etc., chegando a afastar o homem da vida social, levando-o à ruína. Para compreendermos o efeito negativo do egoísmo e do orgulho, buscamos o livro Fábulas e Lendas de Leonardo da Vinci, uma adaptação do conto "A árvore orgulhosa". Diz ele::
"No meio de um jardim, junto a muitas outras árvores, havia um lindo cedro. Crescia a cada ano que passava, e seus galhos eram muito mais altos do que os galhos das outras árvores.
Tirem daí essa castanheira! — disse o cedro, inchado de orgulho ante a sua própria beleza. E a castanheira foi removida.
Levem embora aquela figueira! — disse o cedro. — Ela me incomoda.
E a figueira foi arrancada.
Tirem as macieiras! — prosseguiu o cedro, erguendo alto a sua bela cabeça. E as macieiras se foram.
Assim, o cedro fez com que uma a uma todas as outras árvores fossem arrancadas, até ficar sozinho, dono do grande jardim. Um dia, porém, houve uma forte ventania. O lindo cedro lutou com todas as forças, agarrando-se à terra com suas longas raízes. Mas o vento, sem outras árvores para detê-lo, dobrou e feriu o cedro e, finalmente, com grande estrondo, derrubou-o ao chão."
O contrário de tudo isso são a caridade e a humildade. Esses são os elementos positivos do progresso e que levam o homem à solidariedade. Todo homem que possui essas qualidades sabe amar, servir e se relacionar com os outros homens, como Jesus ensinou; esse homem sabe, ainda, sorrir para o seu semelhante e passa seus conhecimentos, sem constrangimento, a todos aqueles que dele necessitam. Sabe que é uma peça importante do grande mecanismo Universal e se coloca sempre à disposição sem se exaltar, procurando estar em contato permanente com as outras criaturas oferecendo de si e recebendo dos outros sem nenhum interesse que não o de servir. Ao contrário do cedro que caiu, por ser egoísta e orgulhoso e, conseqüentemente anti-social, o homem caridoso e humilde consegue o suporte do bem que distribui, por meio da solidariedade, sendo mais difícil a sua queda.

A Ética Espírita

Texto básico da exposição feita no Painel "O Livro dos Espíritos - Princípios Filosófico-­Espíritas para uma nova Sociedade" no 4o ­Congresso Espírita Mundial, realizado em Paris, França, no dia 3 de outubro de 2004
Altivo Ferreira 1. Ética e Moral A Ética (do grego ethika) é a parte da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana (Dicionário Michaelis)1. Relaciona-se com os costumes, sendo chamada ciência da conduta e ciência da moral, cujo objetivo é o julgamento e a distinção entre o bem e o mal. A Ética teve origem na Grécia, com Aristóteles (384-322 a.C.), o qual utilizou esse nome pela primeira vez em seu livro Ética a Micômaco. Afirma Marilena Chauí: "Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido e à conduta correta e incorreta (...). No entanto, a simples existência da moral não significa a presença explícita de uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discuta, problemize e interprete o significado dos valores morais." A distinção entre ética e moral é, todavia, tênue. Já na Roma antiga, Cícero (106-43 a.C.) dizia que eles denominavam moral o que os gregos chamavam de ética. Com Jesus Cristo, os conceitos éticos assumiram nova dimensão, como se depreende das palavras do Espírito Carlos Torres Pastorino, no recente livro Impermanëncia e Imortalidade3, cap. "Ética e razão"': "Foi Jesus que apresentou o amor como fundamental para a vida, dando início ao primado do dever e da moral como essenciais à felicidade humana. Antes dEle, os princípios da ética moral eram graves, especialmente em Israel, atados às leis severas, estabelecidas por homens cruéis, mais interessados em punir, em vingar-se do que em educar e corrigir. Desde a Pena de Talião, que Ele substituiu pela do perdão, mediante o qual é concedido ao infrator a reabilitação, não ficando isento da responsabilidade do erro e das suas conseqüências, mas facultando-lhe possibilidades de retribuir à sociedade em bens os males que praticou." Surge, assim, a ética cristã, fundamentada nos ensinos do Mestre Nazareno. Pedro e seus companheiros vivenciam o amor e praticam a caridade na Casa do Caminho. Paulo de Tarso dá-lhe consistência, traçando diretrizes de ordem comportamental aos gentios em suas memoráveis Epístolas, das quais destacamos estes preceitos: "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem" (Romanos, 12:21); "Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam" (I Coríntios, 10:23); e reforça com seu exemplo: "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (Gálatas, 2:19-20). Com o correr do tempo e o predomínio da Igreja, depois, com a Reforma Protestante, a ética cristã foi sendo adaptada às concepções da Teologia, na medida em que o comportamento humano era influenciado pelo temor a Deus, pela crença no pecado, nas penas eternas, em que a salvação da alma era condicionada à submissão aos dogmas e sacramentos, ou à fé em Cristo. Iniciada no século XVII a Era da Razão, a partir de René Descartes (1596-1650), passando pelos filósofos do Iluminismo, até Jean-Jacques Rousseau (1712-1799) e Emmanuel Kant (1724-1804), no século XVIII, as reflexões éticas prepararam o pensamento humano para o advento do Consolador prometido por Jesus, destinado a reconduzir a ética cristã à sua pureza original. 2. Ética e Doutrina Espírita Em nossa pesquisa, não encontramos menção à Ética nas obras da Codificação Kardequiana e na Revista Espírita. Todas as referências se reportam à Moral, cujo conceito espírita se confunde com o de Ética, como podemos conferir nas respostas dos Espíritos Reveladores às questões 629 e 630 de O Livro dos Espíritos (Ed. FEB), formuladas por Kardec: 629. Que definição se pode dar da moral A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus.O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus. 630. Como se pode distinguir o bem do mal? O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é pro ceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-Ia. Na obra Filosofia Espírita da Educação (vol. 1)4 Ney Lobo acentua que, como "existe a Filosofia Espírita, deve, forçosamente, corresponder-lhe determinada ética, a Ética Espírita" (destaque do autor). Os princípios da Doutrina Espírita, em seu tríplice aspecto - Filosofia, Ciência e Religião - fundamentam-se na moral do Cristo, que é a mais elevada expressão da Ética. A concepção de Deus - justo e misericordioso para com todos os seus filhos -, como a "inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas"; a certeza da vida futura e o conhecimento do mundo espiritual, confirmados, através da mediunidade, pelas comunicações dos Espíritos; a origem, evolução e destinação do Espírito imortal; a pluralidade das existências e dos mundos habitados; a compreensão da justiça e da misericórdia divinas pelo funcionamento da lei de causa e efeito; o princípio de responsabilidade decorrente do exercício do livre-arbítrio; a concepção espírita das penas e gozos terrestres e futuros - repercutem na consciência moral do homem, levando-o a formular e praticar uma nova filosofia de vida, uma nova conduta ética. Nas Leis Morais, da Parte 3a de O Livro dos Espíritos, a Ética Espírita apresenta-se em sua plenitude. No capítulo 1, Kardec reúne o ensino dos Espíritos sobre a lei divina ou natural, examinando os caracteres e o conhecimento dessas leis; coloca as questões acerca do bem e do mal e apresenta (q. 648) a divisão da lei natural em dez partes (cap. II a XI), que compreendem as leis de adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade e, por fim, a de justiça, amor e caridade. Afirmam os Espíritos que "essa última lei é a mais importante, por ser a que faculta ao homem adiantar-se mais na vida espiritual, visto que resume todas as outras." Ainda sobre a última lei moral, Kardec enfatiza, na Conclusão (IV) de O Livro dos Espíritos. "O progresso da Humanidade tem seu principio na aplicação da lei de justiça, de amor e de caridade, lei que se funda na certeza do futuro." Além da questão acima (648), três outras merecem destaque, por seu significado ético: 621. Onde está escrita a lei de Deus? Na consciência. 625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? Jesus. 647. A Lei de Deus se acha contida toda no preceito do amor ao próximo, ensinado por Jesus? Certamente esse preceito encerra todos os deveres dos homens, uns para com os outros. (...). O Codificador termina o estudo das leis morais com a abordagem de um aspecto fundamental da Ética em geral e da Ética Espírita em particular - a Perfeição Moral. As primeiras questões apresentadas tratam das virtudes e dos vícios. Indaga ele (q. 893) sobre qual a mais meritória das virtudes, e recebe por resposta: "Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. (...) A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal em favor do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade." (Grifamos.) No exame das paixões, a resposta dos Espíritos à pergunta 907 esclarece que a paixão, em sua origem, não é má; "a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal". O egoísmo é o vício mais radical (q. 913), dele derivando todo o mal. "Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. (...) Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades." Fénelon responde de forma admirável à indagação - Qual o meio de destruir-se o egoísmo? (q. 917). Eis alguns trechos do seu pensamento: "De todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais difícil de erradicar-se (...). O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominando sobre a vida material e, sobretudo, com a compreensão, que o Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e não desfigurado por ficções alegóricas." (...). No longo e elucidativo comentário sobre essa questão, Kardec afirma ser necessário combater o egoísmo na sua raiz "pela educação, não por essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem. A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral". Sobre a educação à luz do Espiritismo, Ney Lobo5 enfatiza: "A Ética Espírita é a argamassa que cimenta a Filosofia com a Educação Espírita, arti­culando-as funcionalmente num enlace perfeito e doutrinário: a Filosofia for­nece a Ética para a Educação realizá-la." 3. Comportamento ético-espírita A Ética Espírita, aliando a fé à razão - e pelo seu caráter educativo -, leva o homem, à mudança positiva de comportamento. Daí a exortação do Codificador6 "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. " Retomando o citado capítulo sobre a Perfeição Moral, encontramos o modelo de comportamento ético-espírita na questão 918, em que Kardec, no seu comentário, apresenta os caracteres do homem de bem e declara: "Verdadeiramente, homem de bem, é o que pratica a lei de justiça, amor e caridade na sua maior pureza." Ele desdobra esse tema no capítulo XVII de O Evangelho segundo o Espiritismo, descreve a conduta do homem de bem, e conclui - referindo-se aos bons espíritas - que o Espiritismo leva aos resultados por ele obtidos que "caracterizam o verdadeiro espírita, como o cristão verdadeiro, pois que um o mesmo é que outro ". (Grifamos.) *** A Ética Espírita foi enriquecida, no século XX, com o apostolado mediúnico de Francisco Cândido Xavier, através do qual a Espiritualidade Superior canalizou para o homem contemporâneo valiosas diretrizes de ordem comportamental, sob a visão evangélico-­doutrinária da Terceira Revelação. Destacamos desse tesouro as mensagens de Emmanuel que compõem a série (editada pela FEB) Caminho, verdade e Vida, Pão Nosso, Vinha de Luz e Fonte Viva, assim como as de André Luiz, cujo livro Conduta Espírita é um repositório de orientações a quantos queiram ter um comportamento ético­-cristão. Esta contribuição do Mundo Espiritual é acrescida pelas obras de Joanna de Ângelis sobre o homem integral e a psicologia profunda, psicografadas por Divaldo Pereira Franco. O comportamento ético-espírita não pode limitar-se aos momentos em que estamos na Casa Espírita ou no atendimento às carências do próximo. Ele deve constituir o nosso modo de ser e de agir em todas as circunstâncias da vida. Ao espírita compete manter uma conduta ética no cotidiano, em todas as relações que estabelece com o seu semelhante e a sociedade, ainda que em detrimento de seu interesse pessoal. Cabe-lhe viver e exemplificar a conduta ética no lar, na vida profissional, nos negócios, na política, na administração pública, bem como nas outras situações apresentadas pelo Espírito André Luiz7, consultando sempre a sua consciência, onde está escrita a lei de Deus.
Referências Bibliográficas 1 MICHAELIS: Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1998, 2.267 p., p. 908. 2 CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Editora Ática, 2003, 424 p., p. 310. 3 FRANCO, Divaldo Pereira. Impermanência e Imortalidade, pelo Espírito Carlos Torres Pastorino. Rio de Janeiro: FEB, 2004, 224 p., "Ética e razão", p. 215-222. 4 LOBO, Ney. Filosofia Espírita da Educação. Rio [de Janeiro]: FEB, 1989, v. l, p. 50. 5 ld., ibid., p. 53. 6 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 120. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2002, 435 p., cap. XVII, p. 274. 7 VIEIRA, Waldo. Conduta Espírita, pelo Espírito André Luiz. 5. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1974, 155 p. volta ao Início (Estudo originalmente publicado na Revista Internacional de Epiritismo, Ano LXXX, No 02, Matão, Março 2005 e reproduzido com autorização do autor)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

'Nosso lar', sucesso de bilheteria, ganha continuação

Os quase três milhões de espectadores já conquistados por “Nosso Lar” garantiram uma continuação para o filme. A fonte de inspiração continuará sendo os livros escritos por André Luiz e psicografados por Chico Xavier. A próxima obra a ser adaptada é “Os mensageiros”, sequência de “Nosso Lar”, na qual alguns espíritos do bem retornam à Terra para cumprir novas missões. A mesma equipe do atual fenômeno de bilheteria começa a trabalhar em 2011 no projeto. “Queremos manter o mesmo padrão de qualidade do primeiro. Será novamente um filme com muitos efeitos especiais”, antecipa o diretor Wagner de Assis. A saga espírita, no entanto, pode não terminar por aí. Existe a vontade de levar para os cinemas do país a obra completa de André Luiz, que inclui outros 14 livros que podem ser condensados num mesmo filme. Fonte: http://extra.globo.com/blogs/telinha/posts/2010/09/24/nosso-lar-sucesso-de-bilheteria-ganha-continuacao-327375.asp

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Richard Simonetti lamenta em carta à revista Veja tom de deboche na reportagem sobre o filme Nosso Lar Carta para a revista VEJA – 01 09 2010

Senhor redator.
Como espírita, assinante dessa revista há muitos anos, lamento o tom de deboche que caracterizou sua reportagem sobre o filme Nosso Lar, o que, diga-se de passagem, também está presente em matérias sobre outras religiões. Nesse aspecto, VEJA é uma revista coerentemente debochada. Não respeita a crença de nenhum leitor. Pior são os erros de apreciação sobre a Doutrina Espírita, revelando ignorância do repórter, uma falha perigosa, porquanto coloca em dúvida outras matérias e informações. Como saber se os responsáveis estavam preparados para escrevê-las, evitando fantasias e especulações? Para sua apreciação, senhor redator, algumas “escorregadelas” do repórter: a) Grafa entre aspas o verbo desencarnar. Só teria sentido se ainda não houvesse sido dicionarizado. Por outro lado, noventa por cento dos brasileiros são espiritualistas, isto é, acreditam na existência e sobrevivência do Espírito. Este ser imortal desencarna, jamais morre. A minoria materialista, que acredita que tudo termina no túmulo, certamente terá surpresas quando “morrer”. b) Fala em cordilheira de ectoplasma onde se situaria Nosso Lar. De onde tirou isso? Ectoplasma é um fluido exteriorizado pelos médiuns para trabalhos de materialização. Os físicos, esses visionários cujas “fantasias” acabam confirmadas pela Ciência, falam hoje que há universos paralelos, que se interpenetram, semelhantes ao nosso. A partir daí não é difícil imaginar o mundo espiritual descrito por André Luiz como parte de um universo paralelo com seres e coisas semelhantes à Terra, feitos de matéria num outro estado de vibração, não um mundo “ectoplasmático”, mas de quinta-essência material. Nada de se admirar, portanto, que em cidades desse mundo existam pessoas com “uma rotina parecida com a dos vivos: comem, bebem, trabalham e moram em casas modestas ou melhorzinhas”. Espirituoso esse “melhorzinhas”. Imagina o repórter que o Espírito é uma fumaça sem forma, sem consistência, habitando um nada? c) Situa o aeróbus, um transporte coletivo que voa, como algo improvável. Menos mal que não tenha escrito impossível. De qualquer forma, ignora, certamente, que pesquisadores estão aperfeiçoando veículos dessa natureza, em alguns países, como solução para os problemas de trânsito e que no universo paralelo, o mundo espiritual, de matéria quinta-essenciada, é muito mais fácil resolver problemas relacionados com a gravidade. Ou, imagina que tudo flutua por lá? d) Diz jocosamente que “o visual da colônia dos espíritos de luz comprova: o brasileiro pode até se livrar do inferno, mas não escapa nem morto da arquitetura de Oscar Niemeyer. A cidade fantasmática de Nosso Lar é a cara de Brasília…” Não se deu ao trabalho de comparar datas e não percebeu que, mais apropriadamente, Brasília copiou Nosso Lar, visto que a cidade espiritual foi descrita por André Luiz em 1943, enquanto a construção de Brasília foi planejada e ocorreu no governo de Juscelino Kubistchek, de 1956 a 1961, inaugurada em 1960. Quanto ao mais, seria recomendável aos repórteres de VEJA o benefício de um estudo acurado e sem prejulgamento do livro que deu origem ao filme, psicografado por esse atestado vivo de integridade e amor à verdade, que foi o médium Chico Xavier, para compreenderem qual é o objetivo dessa magistral obra, como resume o Espírito Emmanuel, no prefácio: André Luiz vem contar a você, leitor amigo, que a maior surpresa da morte carnal é a de nos colocar face a face com a própria consciência, onde edificamos o céu, estacionamos no purgatório ou nos precipitamos no abismo infernal; vem lembrar que a Terra é oficina sagrada, e que ninguém a menosprezará, sem conhecer o preço do terrível engano a que submeteu o próprio coração.
Fonte: http://www.richardsimonetti.com.br/artigos/exibir/136

terça-feira, 31 de agosto de 2010

campanha contra o aborto. "Quem ama não mata!"

1. CONDENAÇÃO Eu fui condenado à morte antes de ter nascido. A mim ninquém deu amor, pois a mim ninquém me quer 2. JESUS COM A CRUZ Carregaram-se com a maldição de ser indesejada.Todos me amaldiçoam, terei a ser "ELIMINADO". 3. PRIMEIRA QUEDA Eu sou um pecado, "UMA QUEDA". Ninquém pode ser obrigado a carregar o erro duma gravidez não desejada! 4. ENCONTRO COM A MÃE Quando doloroso, senhor, foi o teu encontro! Eu... eu não tenho mãe, que me encontre e chore! Eu estou encarcerado no ventre de uma mulher que manda me matar!... 5. O CIRINEU Alguém ajudou-te a levar a cruz. A mim... a mim, ninguém me ajuda! O MEDICO DARÁ À MULHER UM NARCÒTICO PARA QUE ELA NÃO SOFRA QUANDO EU SOFRER A MORTE. 6. A VERÔNICA Ó quem me dera uma Verônica que me consolasse na minha condenação! Ninguém sabe da minha situação! A "LEI" CALA OS PRÓPIOS CRISTÃOS" 7. SEGUNDA QUEDA É fácil mandar me matar, enquanto sou pequeno! Meu pai faz calculo; quanto lhe vou custar? Minha morte "BARATO"!DAÍ... TENHO QUE MORRER! 8. AS MULHERES De que te serviram, Senhor. As lagrimas das mulheres? Não puderam impedir a tua morte! DE QUE ME VALEM AS "LEIS" ? "LEGALIZAM" A MINHA MORTE! 9. TECEIRA QUEDA A queda é fatal: eu tenho que morrer! Estão confirmados os cálculos:não hà lugar pra mim! Não hà um pedacinho de pão para mim neste vale de lagrimas. Tenho que morrer! 10. JESUS DESPIDO A ti despiram-te dos vestidos.Eu nunca tive um vestido! Apenas a minha pele. Mas, mesmo assim... Agarram-me com segurança! 11. CRUCIFICAÇÃO A ti pregaram-te numa cruz. A mim partem-me em pedaços . E também "CONTAM TODOS OS PEDACINHOS..." PARA TEREM A CERTEZA DE QUE A MÃE NÃO FICARÁ COM INFECÇÃO. 12. MORTE NA CRUZ Tu morres. Eu também. Tu és inocente. Eu também. Lembra-te de mim , quando entrares no teu reino..., no teu reino de vida eterna. 13.DESCIDO DA CRUZ Morto, pudeste repousar no regaçode quem nasceste...,Mas a mim renovam-me apenas a maldição ... porque serei uma carga a pesar... na conciência! 14. NO TÚMULO A ti ofereceram-te um túmulo. para mim apenas um monturo de lixo!... Lá esperareí o juizo final... quando terei de fazer o meu depoimento contra... "MEUS PAIS". "MOVIMENTO DE UNIFICAÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA. CENTRO ESPÍRITA DEUS AMOR E CARIDADE E GRUPO ESPÍRITA UNIÃO". RUA FREI JOÃO S/N.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A mediunidade

“Os Espíritos amigos sempre mostram disposição de nos auxiliar, mas é preciso que, pelo menos, lhes ofereçamos uma base... Muitos ficam na expectativa do socorro do Alto, mas não querem nada com o esforço de renovação; querem que os espíritos se intrometam na sua vida e resolvam seus problemas... Ora, nem Jesus Cristo, quando veio à Terra, se propôs resolver o problema particular de alguém... Ele se limitou a nos ensinar o caminho, que necessitamos palmilhar por nós mesmos.” Chico Xavier.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

8- DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS

OBJECTIVO DA ENCARNAÇÃO

Deus impõe aos espíritos a encarnação, com o objectivo de os fazer chegar à perfeição e colaborar, na parte que lhes toca, na obra da criação. Todos os espíritos são criados simples e ignorantes e instruem-se nas lutas e tribulações da vida corporal.

Os anjos, arcanjos, querubins, serafins são a representação, para os homens, daquelas almas que, pelo seu esforço, já atingiram a elevação espiritual. Os espíritos que seguem o caminho do bem nem por isso são espíritos perfeitos... precisam adquirir a experiência e os conhecimentos indispensáveis para alcançar a perfeição.

Os espíritos não podem conservar-se eternamente nas ordens inferiores, embora dependendo deles o progredirem mais ou menos rapidamente em busca da perfeição. Podem permanecer estacionários durante algum tempo, porém não retrogradam.

A encarnação é necessária para o duplo progresso - moral e intelectual - do espírito.

Uma só existência corporal é insuficiente para o espírito adquirir todo o bem que lhe falta e eliminar o mal que lhe sobra. Deus concede ao espírito tantas encarnações quantas as necessárias para ele atingir a perfeição.

Com a pluralidade das existências explica o homem todas as aparentes anomalias da vida humana; as diferenças sociais; as mortes permaturas; a desigualdade de aptidões intelectuais e morais. Desaparecem os preconceitos de raça e de casta, pois o mesmo espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher.

A reencarnação é um processo de aperfeiçoamento espiritual. Não há experiência reencarnatória sem motivo.

O pensamento reencarnacionista está inscrito na oração: Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal é a lei.

Os espíritos melhoram-se evitando o mal e praticando o bem.

2. REENCARNAÇÃO

2.1. JUSTIÇA DA REENCARNAÇÃO

A reencarnação é a única forma racional por que se pode admitir a reparação das faltas cometidas e a evolução gradual dos seres.

Todos os espíritos tendem para a perfeição, e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal.

Se a sorte do homem se fixasse irrevogavelmente depois da morte, não seria uma única a balança em que Deus pesa as acções de todas as criaturas e não haveria imparcialidade no tratamento que a todas dispensa.

A doutrina da reencarnação é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois oferece-nos os meios de resgatarmos os nossos erros, por novas provações. A razão no-la indica e os espíritos a ensinam.

2.2. REENCARNAÇÃO E RESSURREIÇÃO

A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o facto poderia dar-se.

A ressurreição dá ideia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a ciência demonstra ser materialmente impossível. A reencarnação é a volta da alma, ou espírito, à vida corpórea, mas noutro corpo, especialmente formado para ele, e que nada tem de comum com o antigo. A ressurreição podia ser aplicada a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas.

2.3. REENCARNAÇÃO E METEMPSICOSE

O espírito não pode encarnar num corpo de animal, como entende a doutrina da metempsicose, pois isso seria retrogradar, e o espírito não retrograda. É falsa a ideia da metempsicose no sentido da transmigração directa da alma do animal para o homem, e reciprocamente, o que implicaria a ideia de uma retrogradação.

A reencarnação funda-se na marcha ascendente da natureza e na progressão do homem, dentro da sua própria espécie, o que em nada lhe diminui a dignidade.

Emmanuel explica que a doutrina da metempsicose surgiu com os egípcios, como reminiscência do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno.

Pitágoras foi o primeiro personagem que introduziu na Grécia a doutrina dos renascimentos da alma. Ele tinha duas doutrinas: a reservada aos iniciados, que frequentavam os mistérios, e outra destinada ao povo, que deu nascimento ao erro da metempsicose.

2.4. REVISÃO HISTÓRICA SOBRE A TEORIA DAS VIDAS SUCESSIVAS

A doutrina das vidas sucessivas, ou reencarnação, é também chamada palingenesia, de duas palavras gregas - palin, de novo, e genesis, nascimento.

Foi formulada nos albores da civilização, na Índia. Os povos da Ásia e da Grécia acreditaram na imortalidade da alma e procuravam saber se fora criada no momento do nascimento ou se existia antes.

Nos Vedas e no Bhagavad Gita encontram-se citações sobre a pluralidade das vidas. A religião da Pérsia, o mazdeísmo, apresentava uma concepção muito elevada, a da redenção final, após várias provas expiatórias.

Platão apresenta, no Fedon, a teoria das vidas sucessivas, na afirmação "aprender é recordar".

A escola neo-platónica de Alexandria, com Plotino, Porfírio e Jâmblico, ensinava a reencarnação.

Os romanos, através de Virgílio e Ovídio, falam das vidas sucessivas.

Os gauleses praticavam a religião dos druidas e acreditavam na unidade de Deus e nas vidas sucessivas.

Descartes, Leibnitz e Kant tiveram certa intuição dessa doutrina.

O bramanismo, o budismo, o druidismo, o islamismo baseiam-se na crença das vidas sucessivas.

O cristianismo primitivo não abriu excepção à regra. Orígenes, Clemente de Alexandria e a maior parte dos cristãos dos primeiros séculos admitiam a doutrina da palingenesia.

2.5. A REENCARNAÇÃO NA BÍBLIA E NOS EVANGELHOS

A ideia das vidas anteriores era geralmente admitida entre os hebreus.

A Bíblia e os Evangelhos apresentam inúmeras citações que indicam a doutrina das vidas sucessivas.

Isaías, cap. XXVI, v.19: "Aqueles do vosso povo a quem a morte foi dada viverão de novo; aqueles que estavam mortos em meio a mim ressuscitarão".

Job, cap. XIV, v.10 a 14: "Quando o homem está morto, vive sempre; acabando os dias da minha existência terrestre, esperarei, porquanto a ela voltarei de novo".

S. Mateus, cap. XVI, v.13 a 17 - S. Marcos, cap. VIII, v. 27 a 30: "... porque uns diziam que João Baptista ressuscitara dentre os mortos; outros que aparecera Elias; e outros que um dos antigos profetas ressuscitara...".

S. Mateus, cap. XVII, v.10 a 13; S. Marcos, cap. IX, v.11 a 13: "... É verdade que Elias há-de vir e restabelecer todas as coisas, mas eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve... Então seus discípulos compreenderam que fora de João Baptista que ele falara".

S. João, cap. III, v.1 a 12: "... Jesus lhe respondeu: "Em verdade, em verdade, digo-te, ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo".

Disse-lhe Nicodemos: "Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, para nascer segunda vez?". Retorquiu-lhe Jesus: ... "Não te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo"...

Respondeu-lhe Nicodemos: "Como pode isso fazer-se?". Jesus lhe observou: "Pois quê! És mestre em Israel e ignoras estas coisas?"...

Esta última observação de Jesus demonstra que a reencarnação era ensinada aos intelectuais da época.

Existiam ensinos secretos, reservados aos iniciados, que foram compilados nas diferentes obras dos hebreus e que constituem a Cabala.

Sob o nome de ressurreição, era a reencarnação ponto de uma das crenças fundamentais dos judeus.

Sem o princípio da preexistência da alma e da pluralidade das existências são ininteligíveis, na sua maioria, as máximas do Evangelho. Somente o princípio da reencarnação dará a essas máximas o sentido verdadeiro.

2.6. REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO ANÍMICA

O princípio inteligente, distinto do princípio material, individualiza-se e elabora-se, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, as suas primeiras faculdades. Chegada ao grau de desenvolvimento que esse estado comporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana.

O que constitui o homem espiritual não é a sua origem são os atributos especiais de que ele se apresenta dotado ao entrar na humanidade. Por haver passado pela fieira da animalidade, o homem não deixaria de ser homem; já não seria animal, como o fruto não é a raiz, como o sábio não é o feto informe que o pôs no mundo.

Uma cadeia ascendente e contínua liga todas as criações, o mineral ao vegetal, o vegetal ao animal, e este ao ente humano...

A alma elabora-se no seio dos organismos rudimentares. No animal está apenas em estado embrionário; no homem adquire conhecimento e não mais pode retrogradar.

A finalidade da alma é o desenvolvimento de todas as faculdades a ela inerentes. Para consegui-lo, ela é obrigada a encarnar grande número de vezes na Terra, a fim de acendrar as suas faculdades morais e intelectuais. É mediante uma evolução ininterrupta, a partir das formas de vida mais rudimentares, até à condição humana, que o princípio pensante conquista, lentamente, a sua individualidade. Chegado a esse estágio, cumpre-lhe fazer eclodir a sua espiritualidade, dominando os instintos remanescentes da sua passagem pelas formas inferiores, a fim de elevar-se, na série das transformações, para destinos sempre mais altos.

2.7. REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO DO HOMEM

À medida que o espírito se purifica, o corpo que o reveste aproxima-se igualmente da natureza espírita. Torna-se-lhe menos densa a matéria... menos grosseiras se lhe fazem as necessidades físicas.

Da purificação do espírito decorre o aperfeiçoamento moral para os seres que eles constituem, quando encarnados.

Quanto menos material o corpo, menos sujeito às vicissitudes que o desorganizam. Quanto mais puro o espírito, menos paixões a miná-lo.

3. DA VOLTA DO ESPÍRITO, EXTINTA A VIDA CORPORAL, À VIDA ESPIRITUAL

No intervalo das existências corporais o espírito torna a entrar no mundo espiritual. Aí é feliz ou desgraçado, conforme o bem ou o mal que fez.

O estado corporal é transitório e passageiro. O estado espiritual é o estado definitivo do espírito. É neste estado, sobretudo, que o espírito colhe os frutos do progresso realizado pelo trabalho da encarnação.

A situação da alma, depois da morte, é regida por uma lei de justiça infalível, segundo a qual os seres se encontram em condições de existência que são rigorosamente determinadas pelo seu grau evolutivo e pelos esforços que faz para melhorar.

A morte do corpo físico é que determina a partida do espírito, não é a partida do espírito que causa a morte do corpo. Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que se efectuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa desde que esse princípio deixa de actuar, em consequência da desorganização do corpo.

Essa separação pode ser rápida, fácil, suave e insensível ou poderá ser lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, conforme o estado moral do espírito.

Durante a vida, o espírito está preso ao corpo pelo seu perispírito. A morte é a destruição do corpo, somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica.

A actividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo.

Na agonia, a alma, algumas vezes, já tem deixado o corpo; nada mais há que a vida orgânica.

Por ocasião da morte, tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma para entrar no conhecimento de si mesma. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar.

Muito variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte.

A perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem; para aquele cuja consciência ainda não está pura, a perturbação é cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à medida que ele da sua situação se compenetra.

A alma desencarnada procura, naturalmente, as actividades que lhe eram predilectas nos círculos da vida material.

O homem desencarnado procura, ansiosamente, no espaço, as aglomerações afins com o seu pensamento, de modo a continuar o mesmo género de vida abandonado na Terra. Daí a necessidade de encararmos todas as nossas actividades no mundo como tarefa de preparação para a vida espiritual, sendo indispensável à nossa felicidade, além do sepulcro, que tenhamos um coração sempre puro.

O conhecimento do espiritismo grande influência tem na duração mais ou menos longa da perturbação espiritual após a morte, pois o espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem.

ANOTAÇÕES E INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS:

  • (1) AMORIM, Deolindo - O ESPIRITISMO E AS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS, Cap. VI, 3.ª edição, Livraria Ghignone Editora.
  • (2) DELANNE, Gabriel - A REENCARNAÇÃO, Cap. I e XIV, edição da Federação Espírita Brasileira.
  • (3) DELANNE, Gabriel - A EVOLUÇÃO ANÍMICA, Introdução, 4.ª Edição da Federação Espírita Brasileira.
  • (4) DENIS, León - DEPOIS DA MORTE, Parte Segunda, XI - 8.ª edição da Federação Espírita Brasileira.
  • (5) DENIS, León - O PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR, Segunda Parte, Cap. XIII e XVII, 11.ª edição da Federação Espírita Brasileira.
  • (6) DENIS, León - O ALÉM E A SOBREVIVÊNCIA DO SER, "Estudos sobre a reencarnação ou as vidas sucessivas", 3.ª edição da Federação Espírita Brasileira.
  • (7) EMMANUEL - A CAMINHO DA LUZ, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. III, 4.ª edição da Federação Espírita Brasileira.
  • (8) EMMANUEL - O CONSOLADOR, psicografia de Francisco Cândido Xavier, questão n.º 148, 4.ª edição da Federação Espírita Brasileira.
  • (9) KARDEC, Allan - O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Parte Segunda, Cap. II e Cap. XI, 44.ª edição da Federação Espírita Brasileira.
  • (10) KARDEC, Allan - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Cap. IV, 77.ª edição da Federação Espírita Brasileira.
  • (11) KARDEC, Allan - O CÉU E O INFERNO, 1.ª Parte, Cap. III, 23.ª edição (popular) da Federação Espírita Brasileira.
  • (12) KARDEC, Allan - A GÉNESE, Cap. I e XI, 19.ª Edição (popular) da Federação Espírita Brasileira.
  • (13) MELO, Mário Cavalcanti de e IMBASSAHY, Carlos - REENCARNAÇÃO E SUAS PROVAS, Primeira Parte, pág.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

7- Origem e natureza dos espíritos

«Podemos dizer que os espíritos são os seres inteligentes da criação. Eles povoam o Universo, fora do mundo material». Esta é a definição dada pelos espíritos em resposta à questão n.º 76 de «O Livro dos Espíritos», seguindo-se breve comentário de Allan Kardec: «A palavra espírito é aqui empregada para designar os seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente universal».

«Os espíritos são individualizações do princípio inteligente, como os corpos são individualizações do princípio material; a época e a maneira dessa formação é que desconhecemos».

Podemos deduzir, dos ensinamentos acima, que a natureza do espírito não é a mesma da matéria. A posição da doutrina espírita é bem definida quanto à origem do espírito e da matéria. No capítulo 11, n.º 6, de «A Génese», ele desenvolve o seguinte raciocínio:

«O princípio espiritual teria a sua fonte no elemento cósmico universal? Não seria apenas uma transformação, um modo de existência deste elemento, como a luz, a electricidade, o calor, etc.?».

Se assim fosse, o princípio espiritual passaria pelas vicissitudes da matéria; extinguir-se-ia, pela desagregação, como o princípio vital; o ser inteligente só teria uma existência momentânea, como o corpo, e com a morte voltaria ao nada, ou - o que viria a dar no mesmo - ao Todo Universal. Seria, numa palavra, a sanção das doutrinas materialistas».

Sobre o que não paira a menor dúvida é acerca da união do princípio espiritual à matéria, e, em estágios mais avançados, já o espírito individualizado, que se serve da matéria como elemento indispensável ao seu progresso... «É assim que tudo serve, tudo se encadeia na natureza, desde o átomo primitivo até ao arcanjo, pois mesmo este último começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia, de que o vosso espírito limitado ainda não pode abarcar o conjunto».

Nem todos os espíritos tiveram o seu início aqui na Terra. Todavia, o nosso planeta começou a oferecer a possibilidade de surgimento da vida quando as grandes convulsões telúricas se atenuaram, dando condições para que o princípio espiritual, em obediência aos ditames divinos, desse origem ao surgimento das formas mais rudimentares de vida. Daí para a frente, ao longo de milénios, a imensa cadeia de seres que existem, ou que existiram, estabeleceu-se, servindo cada espécie de filtro de transformismo para o espírito, na sua marcha ascensional no rumo da perfeição.

Pode parecer contraditório que, estudando o mundo dos espíritos, entremos em considerações sobre a vida na Terra. Todavia, ao tratarmos da origem e natureza dos espíritos, não poderíamos fazê-lo de outro modo, já que, tanto nas obras básicas, como noutras, de autores encarnados e desencarnados de reconhecido valor, e que demonstram profundo respeito pela doutrina, é enfatizada a marcha do espírito pelos escalões inferiores da natureza. Transcrevemos as questões n.º 607 e 607-a) de «O Livro dos Espíritos», para darmos uma ideia dessa posição. «Ficou dito que a alma do homem, na sua origem, se assemelha ao estado de infância da vida corpórea, que a sua inteligência apenas desponta, e que ela ensaia para a vida. Onde cumpre o espírito essa primeira fase? «Numa série de existências que precederam o período a que chamais de humanidade».

« - Parece, assim, que a alma teria sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação?

- Não dissemos que tudo se encadeia na natureza, e tende à unidade? É nesses seres, que estais longe de conhecer inteiramente, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco, e ensaia para a vida, como dissemos. É, de certa maneira, um trabalho preparatório, como o da germinação, a seguir ao qual o princípio inteligente sofre uma transformação, e se torna espírito. É então que começa para ele o período de humanidade, e com este a consciência do seu futuro, a distinção do bem e do mal e a responsabilidade dos seus actos. Como depois do período da infância vem o da adolescência, depois a juventude, e por fim a idade madura. Nada há, de resto, nessa origem, que deva humilhar o homem. Os grandes génios sentem-se humilhados por terem sido fetos informes no ventre materno? Se alguma coisa deve humilhá-los, é a sua inferioridade perante Deus, e a sua impotência para sondar a profundidade dos seus desígnios e a sabedoria das leis que regulam a harmonia do Universo. Reconhecei a grandiosidade de Deus nessa admirável harmonia que faz a solidariedade de todas as coisas da Natureza. Crer que Deus pudesse ter feito qualquer coisa sem objectivo, e criar seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar contra a sua bondade, que se estende sobre todas as criaturas».

Perispírito

«Como a semente de um fruto é envolvida pelo perisperma, o espírito, propriamente dito, é revestido de um envoltório que, por comparação, se pode chamar perispírito».

«O perispírito, ou corpo fluídico dos espíritos, é um dos produtos mais importantes do fluido cósmico. É uma condensação deste fluido em torno de um foco inteligente, ou alma».

«Vimos que o corpo carnal tem igualmente a sua origem nesse mesmo fluido, transformado e condensado em matéria tangível. No perispírito, a transformação molecular opera-se de modo diferente, pois o fluido conserva a sua imponderabilidade e as suas qualidades etéreas. O corpo perispiritual e o corpo carnal têm, pois, a sua origem no mesmo elemento primitivo. Ambos são matéria, ainda que em dois estados diferentes».

a) Histórico

A existência de um elemento intermediário entre o espírito e o corpo físico é admitida desde a mais remota Antiguidade. No Egipto (5000 anos a. C.) já se acreditava na existência de um corpo para o espírito, denominado kha. Na Índia, no "Rig-Veda", livro sagrado dos vedas, encontramos referências ao perispírito, com o nome de linga-sharira. Para Confúcio era o «corpo aeriforme». Na Grécia, os filósofos adoptavam uma variada nomenclatura para defini-lo: «veículo leve», «corpo luminoso», «carro subtil da alma». Paracelso chamou-lhe corpo astral, ou evestrum. Leibnitz denominava-o de «corpo fluídico». Paulo de Tarso refere-se ao perispírito nas suas epístolas, chamando-lhe corpo espiritual, ou corpo incorruptível. Modernamente, como consequência de algumas deduções evidentes a favor da sua existência por parte de alguns cientistas, o perispírito é chamado modelo organizador biológico (MOB), corpo bioplasmático, etc.

b) Natureza e propriedades

«A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do espírito. ... Alguns há, portanto, cujo envoltório fluídico, se bem que etéreo e imponderável em relação à matéria tangível, ainda é por demais pesado, se assim nos podemos exprimir, em relação ao mundo espiritual, para não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio. Nessa categoria devem ser incluídos aqueles cujo perispírito é tão grosseiro que eles o confundem com o corpo carnal, razão por que continuam a crer-se vivos. Esses espíritos, cujo número é avultado, permanecem na superfície da Terra, como os encarnados, julgando-se entregues às suas ocupações terrenas. Outros, um pouco mais desmaterializados, não o são, contudo, suficientemente para se elevarem acima das regiões terrestres».

... «O envoltório perispirítico de um espírito modifica-se com o progresso moral que este realiza em cada encarnação, embora ele encarne no mesmo meio; ... os espíritos superiores, encarnando, excepcionalmente, em missão, num mundo inferior, têm um perispírito menos grosseiro do que o dos indígenas desse mundo».

Sabemos que a união do espírito (espírito mais perispírito) ao corpo físico tem início no momento da concepção. Essa ligação permite que o perispírito se constitua numa verdadeira matriz espiritual, orientando o desenvolvimento do futuro ser. É o espírito Emmanuel quem nos diz: «... e espanta ao embriologista a lei organogenética que estabelece a ideia directora do desenvolvimento fetal, desde a união do espermatozóide ao óvulo, especificando os elementos amorfos do protoplasma; nos domínios da vida, essa ideia directriz conserva-se inacessível até hoje aos nossos processos de indagação e análise, porquanto esse desenho invisível não está subordinado a nenhuma determinação físico-química, porém, unicamente ao corpo espiritual preexistente, em cujo molde se realizam todas as acções plásticas da organização, e sob cuja influência se efectuam todos os fenómenos endosmóticos».

Um estudo profundo do perispírito, seguindo-se ao trabalho magistral da codificação kardequiana, é desenvolvido por Gabriel Delanne no seu livro «A Evolução Anímica», publicado em 1885. Apesar do avanço dos conhecimentos científicos, podemos observar que as modernas pesquisas nada mais têm feito do que comprovar o valor da referida obra em relação a tão palpitante tema. É nesse livro que encontramos referência às dúvidas e argumentos do notável fisiologista francês Claude Bernard, ao examinar o desenvolvimento celular, o embrião e o ser já formado. «O que diz essencialmente com o domínio da vida, e não pertence à química, nem à física, nem ao que mais possamos imaginar, é a ideia directriz dessa actuação vital. Em todo o germe vivo há uma ideia dirigente, a manifestar-se e a desenvolver-se na sua organização. Depois, no curso de toda a sua vida, o ser permanece sob a influência dessa força criadora, até que morre, quando ela não se pode efectivar. É sempre o mesmo princípio de conservação do ser que lhe reconstitui as partes vivas, desorganizadas pelo exercício, por acidentes ou enfermidades». O ilustre fisiologista, contemporâneo de Kardec, não fala em perispírito, mas imagina a sua existência, quando fala de uma ideia directriz e desenho ideal de um organismo ainda invisível.

No estudo da referida obra de Gabriel Delanne fica evidenciado que o perispírito é uma aquisição do espírito na sua longa marcha pelos caminhos desta evolução biológica. Essa evolução está claramente definida no capítulo XI da Segunda parte de «O Livro dos Espíritos» e vem completar-se com o trabalho dos grandes naturalistas do século XIX, de entre os quais se destaca a figura de Charles Darwin, cujo trabalho principal, «A Origem das Espécies», foi publicado em 1859, dois anos após a publicação de «O Livro dos Espíritos».

O conhecimento do perispírito faz luz sobre vários pontos obscuros da referida obra, que, apesar de notável, analisa a evolução do ponto de vista simplesmente material, deixando de lado o elemento mais importante no mecanismo da vida, ou seja, o espírito, para o qual as formas vivas são apenas filtros de transformismo, tendo em vista a sua superior finalidade.

Para finalizar, citamos algumas propriedades do perispírito, entre tantas, por certo, que não podemos ainda compreender.

1. Matriz espiritual do corpo físico

Pela revelação, ficamos a saber que a união do espírito ao corpo se opera no momento da concepção, portanto, quando se forma a célula ovo. Pelo raciocínio somos levados a concluir que apenas os elementos constitutivos dos cromossomas, ou seja, o ácido desoxirribonucleico (ADN), ácido ribonucleico (ARN) e proteínas seriam insuficientes para desencadearem o maravilhoso fenómeno da vida. É necessária a presença da ideia directriz de Claude Bernard, para nós o perispírito, orientando e disciplinando o desenvolvimento celular.

2. Sustentador das formas físicas dos seres vivos

Sabemos que a renovação celular é uma constante em todos os seres vivos. No caso da espécie humana, ao cabo de mais ou menos oito anos, há uma renovação total das células, exceptuando as células nervosas ou neurónios. Como entender-se que persista a fixidez da espécie, a memória e os demais actos necessários à actividade vital, diante de tão surpreendente renovação? Graças, claro, à acção directiva do perispírito, que não só orienta a formação do ser como sustenta a sua forma, até que ocorra a desencarnação.

3. Retrata o nosso estado mental

Por ser um organismo estruturado num outro espaço, sofre, decisivamente, a acção da nossa mente, definindo a nossa posição no concerto evolutivo. Após a morte do corpo físico, de acordo com o seu peso específico, gravitaremos até às regiões afins com o nosso modo de ser.

4. Papel na mediunidade

No mecanismo da mediunidade é fundamental a acção do perispírito, seja pela capacidade de exteriorização que os médiuns possuem, seja pela combinação do fluido perispiritual do médium com o fluido perispiritual dos espíritos.

Diferentes ordens de espíritos

«Observações preliminares — A classificação dos espíritos baseia-se no grau de adiantamento deles, nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que ainda terão de despojar-se. Esta classificação, aliás, nada tem de absoluta. Apenas no seu conjunto cada categoria apresenta carácter definido. De um grau a outro a transição é insensível e, nos limites extremos, os matizes apagam-se, como nos reinos da natureza, como nas cores do arco-íris, ou também como nos diferentes períodos da vida do homem...

«Os espíritos, em geral, admitem três categorias principais, ou três grandes divisões. Na última, a que fica na parte inferior da escala, estão os espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o espírito e pela propensão para o mal. Os da segunda caracterizam-se pela predominância do espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: são os bons espíritos. A primeira, finalmente, compreende os espíritos puros, os que atingiram o grau supremo da perfeição.

«Esta divisão pareceu-nos perfeitamente racional e com caracteres bem positivados. Só nos restava pôr em relevo, mediante subdivisões em número suficiente, os principais matizes do conjunto.

«Com o auxílio desse quadro, fácil será determinar a ordem, assim como o grau de superioridade ou de inferioridade dos que possam entrar em relações connosco e, por conseguinte, o grau de confiança ou de estima que mereçam. É, de certo modo, a chave da ciência espírita, porquanto só ele pode explicar as anomalias que as comunicações apresentam, esclarecendo-nos acerca das desigualdades intelectuais e morais dos espíritos.

TERCEIRA ORDEM - ESPÍRITOS IMPERFEITOS

«Caracteres gerais - Predominância da matéria sobre o espírito. Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes são consequentes.

«Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.

«Nem todos são essencialmente maus. Em alguns há mais leviandade, irreflexão e malícia do que verdadeira maldade. Alguns não fazem o bem nem o mal, mas, pelo simples facto de não fazerem o bem, já denotam a sua inferioridade. Outros, ao contrário, comprazem-se no mal, e rejubilam quando uma ocasião se lhes depara de praticá-lo.

«... Seja, porém, qual for o grau que tenham alcançado de desenvolvimento intelectual, as suas ideias são pouco elevadas e mais ou menos abjectos os seus sentimentos.

«... Todo o espírito que, nas suas comunicações, trai um mau pensamento pode ser classificado na terceira ordem.

«Podem compor cinco classes principais:

«Décima classe - espíritos impuros - São inclinados ao mal, de que fazem o objecto das suas preocupações. Como espíritos, dão conselhos pérfidos, sopram a discórdia e a desconfiança e mascaram-se de todas as maneiras para melhor enganar. Ligam-se aos homens de carácter bastante fraco para cederem às suas sugestões, a fim de induzi-los à perdição, satisfeitos por conseguirem retardar-lhes o adiantamento, fazendo-os sucumbir nas provas por que passam.

«Nas manifestações, dão-se a conhecer pela linguagem. A trivialidade e a grosseria das expressões, nos espíritos como nos homens, é sempre indício de inferioridade moral, senão também intelectual. As suas comunicações exprimem a baixeza dos seus pendores e, se tentam iludir, falando com sensatez, não conseguem sustentar por muito tempo esse papel, e acabam sempre por se traírem.

«Quando encarnados, os seres vivos que eles constituem mostram-se propensos a todos os vícios geradores das paixões vis e degradantes: a sensualidade, a crueldade, a felonia, a hipocrisia, a cupidez, a avareza sórdida. Fazem o mal por prazer, as mais das vezes sem motivo e, por ódio ao bem, quase sempre escolhem as suas vítimas entre as pessoas honestas.

«Nona classe - espíritos levianos - São ignorantes, maliciosos, irreflectidos e zombeteiros. Metem-se em tudo, a tudo respondem, sem se incomodarem com a verdade. Gostam de causar pequenos desgostos e ligeiras alegrias, de intrigar, de induzir maldosamente em erro, por meio de mistificações e de espertezas. A esta classe pertencem os espíritos vulgarmente tratados por duendes, trasgos, gnomos, diabretes. Acham-se sob a dependência dos espíritos superiores, que muitas vezes os empregam, como fazemos com os nossos servidores.

RESUMO DA ESCALA ESPÍRITA

Ordem Características gerais Classe Denominação Características particulares
Terceira

Espíritos

imperfeitos

Predominância da matéria sobre o espírito
10.ª Impuros Inclinados ao mal.
9.ª Levianos Ignorantes, maliciosos, irreflectidos, zombeteiros.
8.ª Pseudo-sábios Conhecimentos amplos. Não sabem o que julgam saber.
7.ª Neutros Inércia: não fazem bem nem mal.
6.ª Batedores/ perturbadores Manifestam-se pela mediunidade de efeitos físicos.
Segunda

Bons

espíritos

Predominância do espírito sobre a matéria 5.ª Benévolos A bondade é a qualidade dominante.
4.ª Sábios Conhecimentos muito amplos e esclarecidos.
3.ª De sabedoria Qualidades morais elevadas.
2.ª Superiores Sabedoria, ciência e bondade.
Terceira

Espíritos

puros

Nenhuma influência da matéria 1.ª Espíritos puros Superioridade intelectual e moral absoluta

«Nas suas comunicações com os homens, a linguagem de que se servem é, amiúde, espirituosa e faceta, mas quase sempre sem profundeza de ideias. Aproveitam-se das esquisitices e dos ridículos humanos e apreciam-nos, mordazes e satíricos. Se tomam nomes supostos, é mais por malícia do que por maldade.

«Oitava classe - espíritos pseudo-sábios - Dispõem de conhecimentos bastante amplos, porém, crêem saber mais do que realmente sabem. Tendo realizado alguns progressos, sob diversos pontos de vista, a linguagem deles aparenta um cunho de seriedade, de natureza a iludir, no que diz respeito às suas capacidades e luzes. Mas, em geral, isso não passa do reflexo dos preconceitos e ideias sistemáticas que nutriam na vida terrena. É uma mistura de algumas verdades com os erros mais profundos, através dos quais penetram a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que ainda não puderam despir-se.

«Sétima classe - espíritos neutros - Nem bastante bons para fazerem o bem, nem bastante maus para fazerem o mal. Pendem tanto para um como para o outro e não ultrapassam a condição comum da humanidade, quer no que concerne à moral quer no que toca à inteligência. Apegam-se às coisas deste mundo, de cujas grosseiras alegrias sentem saudades.

«Sexta classe - espíritos batedores e perturbadores - Estes espíritos, propriamente falando, não formam uma classe distinta pelas suas qualidades pessoais. Podem caber em todas as classes da terceira ordem. Manifestam geralmente a sua presença por efeitos sensíveis e físicos, como pancadas, movimento e deslocamento anormal de corpos sólidos, agitação do ar, etc. Parecem ser os agentes principais das vicissitudes dos elementos do globo, quer actuem sobre o ar, a água, o fogo, os corpos duros, quer nas entranhas da terra.

Reconhece-se que esses fenómenos não derivam de uma causa fortuita, ou física, quando denotam carácter intencional e inteligente. Todos os espíritos podem produzir tais fenómenos, mas os de ordem elevada deixam-nos, de ordinário, como atribuições dos subalternos, mais aptos para as coisas materiais do que para as da inteligência; quando julgam úteis as manifestações desse género, lançam mão destes últimos como seus auxiliares.

SEGUNDA ORDEM - BONS ESPÍRITOS

«Caracteres gerais - Predominância do espírito sobre a matéria; desejo do bem. As suas qualidades e poderes para o bem estão em relação com o grau de adiantamento que hajam alcançado; uns têm a ciência, outros a sabedoria e a bondade. Os mais adiantados reúnem o saber às qualidades morais. Não estando ainda completamente desmaterializados, conservam mais ou menos, conforme a categoria que ocupem, os traços da existência corporal, assim na forma da linguagem como nos hábitos, entre os quais se descobrem mesmo algumas das suas manias. De outro modo, seriam espíritos perfeitos.

«Compreendem Deus e o infinito, e já gozam da felicidade dos bons. São felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem...

«Como espíritos, suscitam bons pensamentos, desviam os homens da senda do mal, protegem na vida os que se lhes mostram dignos de protecção e neutralizam a influência dos espíritos imperfeitos sobre aqueles a quem não é grato sofrê-la.

«Quando encarnados, são bondosos e benevolentes com os seus semelhantes. Não os move o orgulho, nem o egoísmo ou a ambição. Não experimentam ódio, rancor, inveja ou ciúme, e fazem o bem pelo bem...

«Podem ser divididos em quatro grupos principais:

«Quinta classe - espíritos benévolos - A bondade é neles a qualidade dominante. Apraz-lhes prestar serviço aos homens e protegê-los. Limitados, porém, são os seus conhecimentos.

«Quarta classe - espíritos sábios - Distinguem-se pela amplitude dos seus conhecimentos. Preocupam-se menos com as questões morais do que com as de natureza científica, para as quais têm maior aptidão. Entretanto, só encaram a ciência do ponto de vista da sua utilidade, e jamais dominados por quaisquer paixões próprias dos espíritos imperfeitos.

«Terceira classe - espíritos de sabedoria - As qualidades morais da ordem mais elevada são o que os caracteriza. Sem possuírem ilimitados conhecimentos, são dotados de uma capacidade intelectual que lhes faculta juízo recto sobre os homens e as coisas.

«Segunda classe - espíritos superiores - Esses reúnem em si a ciência, a sabedoria e a bondade. A linguagem que empregam exala sempre a benevolência; é uma linguagem invariavelmente digna, elevada e, muitas vezes, sublime. A sua superioridade torna-os mais aptos do que os outros a darem-nos noções exactas sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que é permitido ao homem saber. Comunicam-se, complacentemente, com os que procuram de boa-fé a verdade e cuja alma já está bastante desprendida das ligações terrenas para compreendê-la. Afastam-se, porém, daqueles a quem só a curiosidade impele, ou que, por influência da matéria, fogem à prática do bem.

«Quando, por excepção, encarnam na Terra, é para cumprir missão de progresso, e então oferecem-nos o tipo de perfeição a que a humanidade pode aspirar neste mundo.

PRIMEIRA ORDEM - ESPÍRITOS PUROS

«Caracteres gerais - Nenhuma influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absolutas, em relação aos espíritos de outras ordens.

«Primeira classe - classe única - Os espíritos que a compõem percorreram todos os graus da escala e despojaram-se de todas as impurezas da matéria. Tendo alcançado a soma de perfeição de que é susceptível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus.

«Gozam de inalterável felicidade, porque não se acham submetidos às necessidades, nem às vicissitudes da vida material. Essa felicidade, porém, não é a da ociosidade monótona, a transcorrer em perpétua contemplação. Eles são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia universal... Assistir os homens nas suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação das faltas, que os conservam distanciados da suprema felicidade, constitui para eles ocupação gratíssima. São designados, às vezes, pelo nome de anjos, arcanjos ou serafins.»

Percepções, sensações e sofrimentos dos espíritos

No mundo espiritual o espírito age com maior liberdade, conservando as percepções que tinha quando encarnado, e tendo outras que o corpo físico não lhe permite. Não queremos dizer com isso que o espírito, pelo simples facto de passar para o mundo espiritual, sofra profundas transformações no seu modo de ser e de agir, mas apenas que o corpo físico actua como um véu e limita as suas possibilidades.

Em relação ao conhecimento, ele é proporcional ao nível de evolução de cada um. Os espíritos inferiores não sabem mais do que os homens. A ideia que fazem do princípio das coisas, do passado e do futuro, varia de acordo com o grau de elevação de cada espírito. O mesmo ocorre em relação à compreensão de Deus: «Os espíritos superiores vêem-no e compreendem-no; os espíritos inferiores sentem-no e adivinham-no».

A vista dos espíritos não é circunscrita, como nos seres corpóreos, constituindo-se numa faculdade geral. Aqueles que, todavia, ainda se encontram presos mentalmente aos quadros da vida material, continuarão a ter limitadas as suas percepções visuais, como se ainda estivessem no plano físico.

«Todas as percepções são atributos do espírito, e fazem parte do seu ser. Quando ele se reveste de um corpo material, elas manifestam-se pelos meios orgânicos; mas no estado de liberdade já não estão localizadas».

Em relação à música e às belezas naturais, prevalece ainda a posição evolutiva do espírito na apreciação das mesmas. Esclarecem-nos os espíritos que a música celeste não pode ser comparada à nossa música.

Comunicando-se connosco, alguns espíritos dizem sentir fadiga, necessidade de repouso, frio ou calor.

Nas questões n.º 254 e 255 de «O Livro dos Espíritos» encontramos a explicação:

«Não podem sentir fadiga como a entendeis, e portanto não necessitam do repouso corporal, pois não possuem órgãos, em que as forças tenham de ser restauradas. Mas o espírito repousa, no sentido de não permanecer numa actividade constante. Ele não age de maneira material porque a sua acção é toda intelectual, e o seu repouso é todo moral. Há momentos em que o seu pensamento diminui de actividade e não se dirige a um objecto determinado; este é um verdadeiro repouso, mas não se pode compará-lo ao do corpo. A espécie de fadiga que os espíritos podem provar está na razão da sua inferioridade, pois quanto mais se elevam de menos repouso necessitam».

Em relação às sensações de frio ou calor o que existe é «a lembrança do que sofreram durante a vida, e algumas vezes tão penosa como a própria realidade. Frequentemente, é uma comparação que fazem, para exprimirem a sua situação. Quando se lembram do corpo experimentam uma espécie de impressão, como quando se tira uma capa e algum tempo depois ainda se pensa estar com ela».

Na questão n.º 257 de «O Livro dos Espíritos» Allan Kardec apresenta um «ensaio teórico sobre a sensação nos espíritos». Recomendando a consulta do estudo aludido, transcrevemos aqui um trecho do mesmo, que julgamos importante para resumir o que atrás já foi dito: «Vemos, pois, as deduções que podemos tirar dos factos, quando atentamente observados. Durante a vida, o corpo recebe as impressões exteriores e transmite-as ao espírito, por intermédio do perispírito, que constitui, provavelmente, o que se costuma chamar fluido nervoso. O corpo, estando morto, não sente mais nada, porque não possui espírito nem perispírito. O espírito, desligado do corpo, experimenta a sensação, mas como esta não lhe chega por um canal limitado torna-se geral. Como o perispírito é apenas um agente de transmissão, pois é o espírito que possui a consciência, deduz-se que se pudesse existir perispírito sem espírito ele não sentiria mais do que um corpo morto. Da mesma maneira, se um espírito não tivesse perispírito seria inacessível a todas as sensações penosas: é o que acontece com os espíritos completamente purificados. Sabemos que quanto mais o espírito se purifica mais eterizada se torna a essência do perispírito, de maneira que a influência material diminui à medida que o espírito progride, ou seja, à medida que o perispírito se torna menos grosseiro»

sexta-feira, 23 de abril de 2010

6.1. DEUS — provas da sua existência e atributos

a) Provas da existência de Deus

A prova da existência de Deus encontra-se nesta máxima: "Não há efeito sem causa". Há uma imensidade de efeitos, cuja causa está acima da humanidade. Esses efeitos não se produzem ao acaso, pois do mais pequenino insecto ou semente até à lei que rege os mundos que circulam no espaço tudo atesta uma causa soberanamente inteligente.

Partindo-se do princípio de que todo o efeito inteligente decorre de uma causa inteligente, e não encontrando essa causa na humanidade, ela deve decorrer de uma inteligência superior, quer chamemo-la pelos nomes de Deus, Jeová, Alá, etc.

Há um provérbio que diz: "Pela obra se reconhece o autor!". Deus não se mostra, mas revela-se pelas suas obras.

O Universo não pode ter como causa primária o acaso, nem as propriedades íntimas da matéria, que também tiveram uma causa. O acaso é cego e não pode produzir efeitos inteligentes. Um acaso inteligente já não seria acaso. Duvidar da existência de Deus é negar que todo o efeito tem uma causa e aceitar que o nada pode fazer alguma coisa.

O homem não poderá perceber Deus com os órgãos materiais, que não são próprios para perceber a essência das coisas. Somente pela alma poderá ter a percepção de Deus. Porém, os espíritos esclarecem que a visão de Deus é uma faculdade das almas purificadas.

b) Atributos da Divindade

O homem não pode perceber a natureza íntima de Deus porque lhe falta o sentido próprio, que se adquire pela completa depuração espiritual.

Todavia, se não pode penetrar na essência de Deus, desde que aceite a sua existência, pode o homem, pelo raciocínio, chegar a conhecer-lhe os atributos necessários, porquanto, vendo o que ele absolutamente não pode ser, sem deixar de ser Deus, deduz-se daí o que ele deve ser.

Sem compreender os atributos de Deus impossível seria compreender a obra da criação. É por não se ter baseado nisso que a maioria das religiões errou. As que não lhe atribuíram a omnipotência imaginaram muitos deuses, as que não lhe atribuíram a soberana bondade fizeram-no um Deus ocioso, colérico, parcial e vingativo.

Na infância da humanidade o homem confunde-o com a criatura, cujas imperfeições lhe atribui; à medida que nele se desenvolve o senso moral, penetra melhor a essência das coisas e faz ideia mais justa da Divindade, ainda que incompleta, porém mais conforme à sã razão.

Conforme a doutrina espírita, os atributos de Deus são os seguintes: Deus é a suprema e soberana inteligência; é eterno; infinitamente perfeito; é imutável; é imaterial. Deus é único, omnipotente, soberanamente justo e bom.

Em filosofia, em moral, em religião, só há de verdadeiro o que não se afaste, nem um til, das qualidades essenciais da Divindade. Toda a crença, teoria, princípio ou dogma que estiver em contradição com um só desses atributos, que tenda, não tanto a anulá-lo, mas simplesmente a diminuí-lo, não pode estar com a verdade.

2. O PRINCÍPIO DAS COISAS - espírito e matéria

a) Conhecimento do princípio das coisas

Deus não permite que tudo ao homem seja revelado neste mundo. Assim, não lhe é dado conhecer o princípio das coisas. À medida que se depura é que o véu das causas primeiras se levanta a seus olhos, pois para compreendê-las são necessárias faculdades que ainda não possui.

Pela ciência pode o homem penetrar alguns dos segredos da natureza; porém, não pode ultrapassar os limites que Deus estabeleceu.

Se julgar conveniente, Deus pode revelar ao homem o que à ciência ainda não é dado compreender. É assim que ele recebe comunicações de ordem mais elevada acerca do que lhe escapa ao testemunho dos sentidos, e por meio das quais adquire, dentro de certos limites, o conhecimento do seu passado e do seu futuro.

O princípio das coisas, todavia, reside nos segredos de Deus. Com respeito a tudo que ele não julgou conveniente revelar-nos, apenas se podem erguer sistemas, mais ou menos prováveis.

b) Espírito e matéria

A matéria é o laço que prende o espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce a sua função.

O espírito é o princípio inteligente do universo. A natureza íntima do espírito, porém, não é fácil de ser analisada com a nossa linguagem, por não podermos apreciá-la com os sentidos.

A inteligência é um atributo essencial do espírito, de modo que para nós são uma e a mesma coisa.

O espírito e a matéria são elementos distintos, mas a sua união é necessária para "intelectualizar" a matéria. O homem não possui uma organização apta a perceber o espírito sem a matéria. Entende-se aqui por espírito o princípio da inteligência, abstracção feita das individualidades que por esse nome se designam. Pode-se conceber o espírito sem a matéria, e esta sem o espírito, pelo pensamento.

Há dois elementos gerais do universo: a matéria e o espírito; e acima de tudo Deus, o criador, pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe.

Ao elemento material, todavia, tem que se juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria, propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa actuar sobre ela.

O fluido universal distingue-se da matéria por propriedades especiais; é fluido susceptível, pelas suas inúmeras combinações com a matéria e sob a acção do espírito, de produzir a infinita variedade das coisas, de que apenas conhecemos uma parte mínima. Sem esse elemento primitivo ou universal, a matéria estaria em perpétuo estado de divisão, e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.

A matéria, como a entendemos, é ponderável, mas, considerada como fluido do universo, é etérea, subtil e imponderável. Daí a gravidade ser uma propriedade relativa. Fora das esferas de atracção dos mundos não há peso, como não há alto nem baixo.

O espaço universal é ilimitado. Abrange a infinidade dos mundos que vemos e dos que não vemos, todos os seres animados e inanimados, todos os astros que se movem no espaço, assim como os fluidos que o enchem. A razão leva-nos a concluir que o universo não pode ter-se formado por si mesmo, nem por obra do acaso, mas que é obra de Deus.

3. FORMAÇÃO DOS SERES VIVOS - princípio vital

a) Formação dos seres vivos

Houve tempo em que não existiam seres vivos na Terra; logo eles tiveram um começo. Cada espécie foi aparecendo na proporção em que o globo adquiria as condições necessárias à existência delas.

A Terra continha os germes dos seres vivos, que aguardavam momento favorável para se desenvolverem. Os princípios orgânicos se congregaram, desde que cessou a actuação da força que os mantinha afastados, e formaram os germes de todos os seres vivos, germes estes que permaneceram em estado latente de inércia, como a crisálida e as sementes das plantas, até ao momento próprio do aparecimento de cada espécie. Os seres de cada uma destas se reuniram, então, e se multiplicaram, submetendo-se às leis de selecção natural.

Os elementos orgânicos antes da formação da Terra achavam-se no estado de fluido no espaço, no meio dos espíritos, ou em outros planetas, à espera da criação da Terra para começarem a existência no novo globo.

A espécie humana encontrava-se entre os elementos orgânicos contidos no Globo terrestre e veio a seu tempo. Quanto à época do aparecimento do homem e dos outros seres vivos na Terra, todos os cálculos humanos são quiméricos.

O homem surge em muitos pontos do globo e em várias épocas, o que também constitui uma das causas da diversidade das raças, além dos factores do clima, da vida e dos costumes.

b) O princípio vital

Os seres orgânicos são os que têm em si uma fonte de actividade íntima, que lhes dá a vida. Nesta classe estão os homens, os animais e as plantas. Seres inorgânicos são todos os que carecem de vitalidade, de movimentos próprios e que se formam apenas pela agregação da matéria, como os minerais, a água, o ar, etc.

A força que une os elementos da matéria nos corpos orgânicos e inorgânicos é a mesma. A matéria que os compõe também é a mesma, porém, nos corpos orgânicos está animalizada, pela sua união com o princípio vital.

A vida é um efeito devido à acção de um agente sobre a matéria, que é o princípio vital. Esse agente, sem a matéria, não é a vida, do mesmo modo que a matéria não pode viver sem esse agente. Ele dá vida a todos os seres que o absorvem e assimilam.

O princípio vital tem por fonte o fluido universal. É o que chamamos fluido magnético ou fluido eléctrico animalizado. É o intermediário existente entre o espírito e a matéria. Ele é um só para todos os seres vivos, modificado segundo as espécies.

A actividade do princípio vital é alimentada durante a vida pela acção e funcionamento dos órgãos. A causa de morte dos seres orgânicos é o esgotamento dos órgãos. A morte cessa aquela acção e o princípio vital extingue-se, mas o seu efeito sob o estado molecular do corpo subsiste mesmo depois dele extinto, como uma carbonização da madeira permanece depois de extinto o calor.

Morto o ser orgânico, os elementos que o compõem sofrem novas combinações, de que resultam novos seres, os quais haurem na fonte universal o princípio da vida e da actividade, o absorvem e assimilam, para novamente o restituírem a essa fonte, quando deixarem de existir.

A quantidade de fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies e não é constante, quer em cada indivíduo quer nos indivíduos de uma espécie. Alguns se acham saturados dele, enquanto outros o possuem em quantidade apenas suficiente.

A quantidade de fluido vital esgota-se se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que contém e pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida.

O fluido vital pode ser transmitido de um indivíduo que o tiver em maior porção a outro que o tenha a menos e, em certos casos, prolongar a vida prestes a extinguir-se.

ANOTAÇÕES E INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

  • (1) Allan Kardec, A GÉNESE, cap. II e X, 18.ª edição (popular), 1976, Federação Espírita Brasileira.
  • (2) Allan Kardec, OBRAS PÓSTUMAS, 1.ª parte, §1º, §3º, 13.ª edição, Federação Espírita Brasileira.
  • (3) Barbosa, Pedro Franco, ESPIRITISMO BÁSICO, 2.ª parte, 1.ª edição, 1976, Editado pelo Centro Brasileiro de Homeopatia, Espiritismo e Obras Sociais - CBHEOS.
  • (4) Allan Kardec, O LIVRO DOS ESPÍRITOS, 1.ªparte, cap. I, II, III e IV, 33.ª edição, 1974, Federação Espírita Brasileira.
  • (5) Cardozo, José Soares, ONDE ESTÁ DEUS?, 1976, São Paulo, Editora Tempos Novos, Lda.
  • (6) Mínimus, NOÇÕES DE FILOSOFIA ESPÍRITA, 2.ª Edição, Federação Espírita Brasileira.
  • (7) Emmanuel, A CAMINHO DA LUZ, psicografia de Francisco Cândido Xavier, cap. II, 5.ª edição, Federação Espírita Brasileira.

6. parte

1 . PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DOUTRINA ESPÍRITA

O desconhecimento dos princípios doutrinários leva a distorções da prática espírita, mesclando-a com condicionamentos e exterioridades.

A sua organização, a sua contextura de princípios diferencia o espiritismo das demais doutrinas espiritualistas.

O espiritismo é um corpo de doutrina que não se acomoda ao sincretismo religioso.

A verdadeira doutrina espírita está no ensino que os espíritos deram, e que deve ser alvo de estudos sérios, perseverantes, feitos no silêncio e no recolhimento.

Resumo dos princípios fundamentais da doutrina espírita: Deus; criação do universo e dos seres; seres materiais do mundo corpóreo e seres imateriais do mundo espiritual.

O mundo normal primitivo é o mundo espiritual.

Os espíritos revestem-se temporariamente de matéria.

O homem possui: o corpo físico; a alma; o perispírito.

Os espíritos pertencem a diferentes classes, embora tenham sido criados simples e ignorantes.

Os espíritos evoluem, não ocupam perpetuamente a mesma categoria.

Deixando o corpo, a alma volta ao mundo dos espíritos, para passar depois por nova existência material, após um lapso variável de tempo.

Os espíritos não reencarnam em corpos de animais, não retrogradam.

As diferentes existências corpóreas do espírito são sempre progressivas.

Os espíritos encarnados habitam os diferentes globos do universo.

Os espíritos exercem incessantemente acção sobre o mundo moral, e mesmo sobre o mundo físico.

2 . O CARÁCTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA

Revelação - do latim revelare, tirar de sob o véu, isto é, dar a conhecer.

A característica essencial da revelação é ser verdadeira.

Do ponto de vista religioso é a revelação de coisas que o homem não pode atingir pela inteligência, nem com o auxílio dos sentidos.

A importante revelação da época actual é a comunicação com os seres do mundo espiritual.

O espiritismo deu-nos a conhecer o mundo invisível, que nos cercava, do qual nem suspeitávamos.

A revelação espírita tem duplo carácter: é divina e é científica.

É divina porque é da iniciativa dos espíritos, e é científica porque a sua elaboração é fruto do trabalho metodológico do homem.

O objecto especial do espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual.

Todo um mundo novo se revela por ter o espiritismo demonstrado a comunicação com os seres do mundo espiritual pois profunda modificação nos costumes, carácter, hábitos, assim como na crença se estabelecerá.

O espiritismo é considerado a terceira das grandes revelações.

A primeira foi Moisés, com o Deus único.

A segunda foi o Cristo, com a lei do amor, a revelação da vida futura e das penas e recompensas que aguardam o homem depois da morte.

O espiritismo, partindo das duas outras, revela a existência do mundo espiritual; define os laços que unem a alma ao corpo; levanta, aos homens, o véu que ocultava os mistérios do nascimento e da morte; apresenta a justiça de Deus presidindo a todos os acontecimentos do mundo; estabelece a pluralidade das existências; difunde o conhecimento dos fluidos espirituais e a sua acção sobre a matéria; demonstra a existência do perispírito; realiza todas as promessas do Cristo no que diz respeito ao consolador anunciado.

O espiritismo, apoiando-se nos factos, é essencialmente progressivo, como todas as ciências de observação.

3 . O ESPIRITISMO E OUTRAS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS

Há três pontos em que o espiritismo e as doutrinas espiritualistas se encontram: a imortalidade do espírito; a reencarnação; a existência de Deus.

Os rosacrucianos são reencarnacionistas, porém, têm os seus símbolos, cerimónias, conceitos próprios, maneiras particulares de explicação de pontos da sua doutrina. É uma doutrina hermética, secreta.

A teosofia fala do corpo espiritual e define o homem com seis corpos. Divide o corpo espiritual em três corpos diferentes. E, conforme o tipo de alma, variará o tipo e o prazo para as reencarnações.

A cabala (doutrina recebida) teria provindo das orientações secretas que Enoch transmitiu a Abraão. Para outros seria originária de Hermes Trimegisto ou de Cadmo.

A cabala crê nos espíritos elementais e na ressurreição, quando o espírito dos ossos, parte mais grosseira, aviventaria novamente o corpo.

A cabala apresenta o homem trino na sua origem, com corpo, alma e espírito.

Para a cabala existiriam, em cada mundo, paraíso, rio de fogo para a purificação das almas e geena, lugar de castigos infernais.

A cabala admite a reencarnação, mas Deus teria condições de reencarnar duas almas num só corpo, para haver uma complementação dos defeitos de uma com a outra.

Não existe "baixo" nem "alto" espiritismo, existe somente espiritismo, doutrina codificada por Allan Kardec.

Rituais, incensos, imagens e outros objectos materiais a título de crença na doutrina espírita correm por conta da ignorância de quem as pratica, pois a doutrina não acomoda tais práticas.

Geralmente, pessoas advindas de outras religiões, e que ainda continuam presas a certas atracções do culto antigo, preferem usar defumadouros, velas, charutos, bebidas, nas experiências mediúnicas. Todavia, isso fica por conta da responsabilidade de quem assim procede, não sendo lícito introduzir tais objectos e práticas nas associações espíritas.

ESPIRITISMO E UMBANDA

O espiritismo tem alguns pontos de contacto com a umbanda, como tem com todas as doutrinas espiritualistas, mas os pontos de divergência demonstram claramente tratar-se de duas doutrinas completamente independentes. Somente a ignorância ou a má-fé poderão confundir uma com a outra.

ANOTAÇÕES E INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

  • (1) Deolindo Amorim, O ESPIRITISMO E AS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS, Cap.I e III, 3.ª edição, Livraria Ghignone Editora.
  • (2) Allan Kardec, O LIVROS DOS ESPÍRITOS, Introdução, 42.ª edição (popular), Federação Espírita Brasileira.
  • (3) Allan Kardec, A GÉNESE, Cap. I, 19.ª Edição, Federação Espírita Brasileira.
  • (4) Deolindo Amorim, AFRICANISMO E ESPIRITISMO, 1.ª edição, 1947, Gráfica Mundo Espírita.
  • (5) Allan Kardec, OBRAS PÓSTUMAS, "Manifestação dos Espíritos" - VII - 16.ª edição (popular) - Federação Espírita Brasileira.
  • (6) Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, ALLAN KARDEC.
  • (7) Allan Kardec, RÉVUE SPIRITE, Discurso de Abertura da Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, da Sociedade de Paris no dia 1 de Novembro de 1868.

Adaptado do original, editado em 1981, pelo Centro Espirita Luz Eterna, de Curitiba - PR, Brasil.

. Minissérie da Globo com temática espírita


Mais uma produção com temática espírita chegará às telas de TV de todo o Brasil. Após o sucesso da novela “Escrito nas Estrelas”, de Elizabeth Jhin, a Rede Globo produzirá “A Cura”, de João Emanuel Carneiro. Com data de início ainda não divulgada, a minissérie será protagonizada por Selton Mello. Na produção, o ator dará vida a um médico “que se utiliza de poderes espirituais para ajudar na cura de seus pacientes”.
“A Cura” terá suas gravações iniciadas na segunda quinzena deste mês, em Diamantina (MG). A minissérie trará atores como Nívea Maria, Juca de Oliveira, Ana Rosa, Caco Ciocler, Ary Fontoura e Carmo Dalla Vecchia no elenco dirigido por Ricardo Waddington.

CINCO LEMBRETES ANTI-SUICÍDIO

1. A vida não acaba com a morte.
A morte não significa o fim da vida, mas somente uma passagem para uma outra vida: a espiritual.

2. Os problemas não acabam com a morte.
Eles são provas ou expiações, que nos possibilitam a evolução espiritual, quando os enfrentamos com coragem e serenidade. Quem acredita estar escapando dos problemas pela porta do suicídio está somente adiando a situação.

3. O sofrimento não acaba com a morte.
O suicídio só faz aumentar o sofrimento. Os espíritos de suicidas que puderam se comunicar conosco descrevem as dores terríveis que tiveram de sofrer, ao adentrar o Mundo Espiritual, devido ao rompimento abrupto dos liames entre o Espírito e o corpo. Para alguns suicidas o desligamento é tão difícil, que eles chegam a sentir seu corpo se decompondo. Além disso, há o remorso por ter transgredido gravemente a lei de Deus, perante a qual suicidar-se equivale a cometer um assassinato.

4. A morte não apaga nossas falhas.
A responsabilidade pelas faltas cometidas é inevitável e intransferível. Elas permanecem em nossa consciência até que a reparemos.

5. A Doutrina Espírita propicia esperança e consolação quando oferece a certeza da continuidade infinita da vida, que é tanto mais feliz quanto melhor suportamos as provas do presente.

livro: Palavras Simples, Verdades Profundas.
Rita Folker - EME Editora

MUITOS ESPÍRITAS ESTÃO DESENCARNANDO MAL

Jorge Hessen

A culpa e os pesares da consciência são maiores quanto melhor o homem sabe o que faz. Kardec conclui primorosamente este ensinamento, afirmando que "a responsabilidade é proporcional aos meios de que ele [o homem] dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos" (1)
Há uma frase atribuída a Chico Xavier que diz o seguinte: "os espíritas estão morrendo mal". De fato: "Muitos espíritas estão desencarnando em situações deploráveis, recebendo socorro em sanatórios no Plano Maior da Vida em virtude das péssimas condições morais e psíquicas em que se encontram." (2) No livro Vozes do Grande Além, Sayão, um pioneiro do Espiritismo no Brasil, afirma que "nas vastidões obscuras das esferas inferiores, choram os soldados que perderam inadvertidamente a oportunidade da vitória. São aqueles companheiros nossos que transitaram no luminoso carreiro da Doutrina, exigindo baixasse o Céu até eles, sem coragem para o sacrifício de se elevarem até o Céu. Permutando valores eternos pelo prato de lentilhas da facilidade humana, precipitaram-se no velho rochedo da desilusão." (3)
Aos espíritas sinceros e/ou simpatizantes do Espiritismo precisamos alertar: "Ninguém tem o direito de acender uma candeia e ocultá-la sob o alqueire, quando há o predomínio de sombras solicitando claridade". (4) Muitos espíritas que, presunçosamente, se autoavaliam equilibrados estão desencarnando muito mal. Nessas condições, estão os espíritas desonestos, adúlteros, mentirosos, ambiciosos, mercantilistas inescrupulosos das obras espíritas, os tirânicos dos Centros Espíritas, os que trabalham nas hostes espíritas só para auferirem vantagens pessoais, os supostos médiuns que ficam ricos com a venda de livros de baixíssimo nível doutrinário, etc., etc. Este último aspecto preocupa muito, pois, atualmente, existe uma enxurrada de publicações de livros "psicografados" que não passam de ficções de péssima qualidade. Livros com erros absurdos de gramática, assuntos empolados, idéias desconexas, oriundas dos subprodutos de mentes doentes, de médiuns e/ou supostos "espíritos", que visam tirar dinheiro dos neófitos com a venda de tais entulhos antidoutrinários, mas que enchem os olhos dos incautos pela imaginação fantasiosa.
Insistentes, esses aparentes "psicógrafos" ou despreparados "espíritos" estão construindo denso universo de sombras sobre o Projeto Kardeciano, confundindo pessoas inexperientes, que batem à nossa porta em busca de esclarecimento e consolação. Esses "médiuns" e/ou "espíritos inferiores" ocultam, sob o empolamento (enganação), o vazio de suas idéias esquisitas. Usam de uma linguagem pretensiosa, ridícula, obscura, forçando a barra para que pareça profunda.
Até quando? Eis a questão! O tempo urge.



FONTES:
(1) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2000, perg. 637
(2) Franco, Divaldo Pereira. Tormentos da Obsessão, ditado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, Bahia: Editora: Livraria Espírita Alvorada, 2006, 8ª edição
(3) Xavier, Francisco Cândido. Vozes do Grande Além, ditado por Espíritos diversos, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2 ª edição, 1974
(4) Divaldo Pereira. Tormentos da Obsessão, ditado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, Bahia: Editora: Livraria Espírita Alvorada, 2006, 8ª edição



Leia mais: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com/2010/03/muitos-espiritas-estao-desencarnando.html#ixzz0oaUxEII6

Ritos e Doutrina Espírita

"(...) Será que vocês poderiam me explicar a enquadração de alguns ritos como: Nascimento, Morte, Casamento, Puberdade, Oração e Libertação na pratica da religião espírita.
Poderiam me ajudar?"
Marcos Inacio
A respeito da questão que você propôs, avanço aqui algumas considerações muito breves. Informações mais detalhadas você pode conseguir na literatura espírita especializada (que você pode consultar posteriormente).
De uma maneira bastante geral, o Espiritismo é uma doutrina filosófica de implicações científicas, religiosas e filosóficas (principalmente éticas). Não há, assim, dentro dele uma "enquadrarão de ritos" como você se refere abaixo.
Na verdade, o que o Espiritismo procura fazer é compreender a vida humana em seus múltiplos aspectos dentro de um ponto de vista espiritualista, isto é, aquele que prevê a sobrevivência do ser ao fenômeno da morte corporal e sua existência antes do ingresso nele, ou seja, do nascimento. O objetivo fundamental do Espiritismo (assim como o de qualquer doutrina do pensamento, ao menos em suas origens) é a felicidade do ser humano.
Assim, a doutrina espírita prevê que essa felicidade é conseguida na razão direta em que conhecemos as coisas importantes ao nosso redor, bem como soubermos aplicar esse conhecimento em favor de nós e de nossos semelhantes. As fases a que você se referem são, assim, simplesmente estágios da existência humana que devem ser compreendidos plenamente dentro de uma visão do mundo (o que inclui todo o Universo) e não "ritualizados".
O nascimento é o regresso da alma à vida corporal, regresso esse que não é único mas apenas um entre muitos já ocorridos e que estão para ocorrer.
A morte é o regresso dessa mesma alma à vida espiritual, fenômeno igualmente comum na vida maior do Espírito.
A puberdade é entendida dentro do conhecimento fisiológico atual, bem como uma fase de amadurecimento do ser recém encarnado e vivendo seus primeiros estágios de adaptação à difícil realidade do mundo.
O casamento de forma alguma constitui uma instituição dentro da prática espírita. Trata-se apenas da união, segundo as consciências de cada um, de dois seres que se reconheçam como devendo mútuas responsabilidades por se amarem. Essa união, também, de maneira alguma deve ser obrigatória já que a liberdade de consciência é um princípio fundamental, e ninguém deve tê-la violada em nome de qualquer outra idéia secundária.
A oração é uma prática saudável de relacionamento da criatura (que já dispõe de semelhante conhecimento para tal) com seu criador e com outros seres (os Espíritos), mais próximos, visando o equilíbrio do corpo espiritual que é fundamental para o equilíbrio e sucesso da vida do ser. Esse equilíbrio é conseguido não somente pela prece mas igualmente pelo ajuste das atividades do indivíduo segundo as práticas do bem.
Não existe nenhuma fórmula explícita para a oração, nem número ou extensão, mas tem como quesito fundamental que seja praticada com o coração acima de tudo. Isto quer dizer que o indivíduo deve estar consciente de suas responsabilidades perante as faltas que houver cometido contra os outros (se as tiver) antes de procurar qualquer ajuda divina.
Não existe, também, "troca de favores" entre os homens e os Espíritos ou Deus. Os que assim pensam agir estão mal informados a respeito da verdadeira relação que deve existir entre os homens, Deus e os espíritos.
Finalmente, para dizer alguma coisa sobre a "libertação" vou fazer uma interpretação pessoal dessa palavra. Libertar significa restituir a liberdade aquele que se lhe foi subtraída. Se tratamos aqui da liberdade do ser, esta se encontra em sua liberdade de ir e vir, pensar e agir. Essa liberdade implica em certas Responsabilidades, já que ela tem um limite traçado no lugar onde começa a liberdade alheia.
O ser (ou Espírito) adquire liberdade a medida que ele evolui. Coincidentemente, ele também adquire felicidade. A evolução espiritual da criatura é, assim, sinônimo desse ganho de liberdade. O Espiritismo prescreve que isso é conseguido tão só (como disse) pelo ajuste dos atos da criatura à regras do bem, da ética e da felicidade dos semelhantes.
Toda moral espírita resume-se, portanto, àquela prescrita por Jesus em seus evangelhos e que foram resumidas pela regra áurea de "não fazer aos outros aquilo que se não gostaria fosse feito a si mesmo" acrescida do "amar aos outros como assim mesmo". Por "outros" ou "próximos" o Espiritismo entende todas as criaturas que estão próximas, ou seja, em contato com o ser (e não aquelas que lhe são caras).
Como Jesus ainda tenha acrescentado o "assim como eu vos amei", a prática desse amor tem como modelo o próprio Jesus.
O ponto fundamental da regra áurea trazido por Jesus está na misericórdia que deve guiar os atos do indivíduo, princípio enunciado no "amar aos seus inimigos", de ainda muito difícil aceitação na atualidade. Finalmente o Espiritismo entende que essa "libertação" espiritual se estende a todos os indivíduos na Terra, não há condição para que eles pertençam a essa ou aquela denominação religiosa (nem mesmo ao próprio Espiritismo).

Ademir Luiz Xavier Junior

Atividades Comemorativas

As polêmicas envolvendo o Espiritismo

Wellington Balbo – Bauru - SP

Na última semana foram duas polêmicas envolvendo o Espiritismo. A primeira com os jogadores do Santos Futebol Clube que se recusaram a entrar em instituição espírita para distribuição de ovos de páscoa. Os atletas merecidamente foram criticados pela opinião pública. Sem querer fizeram o espiritismo entrar na mídia esportiva. Foram debates acalorados em diversos programas e até rasgados elogios do comentarista Neto, da TV Bandeirantes, ao nosso querido Chico Xavier.

Como pode perceber o caro leitor, o feitiço virou contra o feiticeiro. A segunda e mais recente polêmica refere-se a ingênua reportagem da revista SUPERINTERESSANTE tentando desmerecer a figura notável de Chico Xavier. Obviamente não obtiveram êxito. A vida de Chico é um hino à verdade. Sem contar que o médium mineiro é cidadão do mundo, amado pelas pessoas independentemente de religião. Prova disso é o sucesso do filme sobre a sua vida que vem lotando os cinemas do Brasil. Chico é muito maior que essas querelas. Constatamos que o editor e a jornalista da SUPERINTERESSANTE foram muito inocentes na elaboração da matéria. Não pesquisaram e expuseram-se ao ridículo.

Sempre digo aos alunos: Vai estudar, menino! Vai estudar pra não falar besteira! Os responsáveis pela revista falaram muita besteira.

Aconselho-os: Vão estudar, vão estudar pra não escrever besteiras!

Os espíritas naturalmente mostraram indignação diante de tamanhas abobrinhas. Richard Simonetti, um dos grandes pensadores espíritas da atualidade, tratou de jogar luz no assunto e elaborou esclarecedora carta ao editor da revista. A manifestação do escritor bauruense está “voando baixo” pela internet. Alamar Régis e outros espíritas também manifestaram a opinião de forma contundente contra a reportagem.

Excelente essas manifestações, pois vemos a Doutrina Espírita recebendo atenção. Certamente inúmeras pessoas irão ler sobre as polêmicas e buscar verificar quem está com a razão. Quem sabe surgirão mais estudiosos das leis da vida tão bem explicadas pela espiritualidade.

A propósito, lembro-me de um comentário de Kardec que consta na obra Viagem Espírita em 1862. Narra o codificador que um pregador aventurou-se na tribuna e sem piedade levantou vozes contra o espiritismo. Pregava entusiasmado: Espiritismo é coisa do demônio! Doutrina anticristã!

No entanto, a platéia que o escutava jamais ouvira falar de Doutrina Espírita. O desavisado pregador atiçou a curiosidade das pessoas presentes na platéia para conhecer o tal de Espiritismo. Conta Kardec que algum tempo depois naquele local nascia um grupo de estudos para conhecer a Doutrina Espírita que fora tão mal apresentada pelo orador.

As críticas infundadas e os absurdos que atualmente algumas pessoas cometem contra o Espiritismo irão alçá-lo cada vez mais ao patamar de destaque que merece, porquanto os críticos serão combatidos e surpreendidos em suas incoerências por estudiosos da doutrina codificada por Allan Kardec que, diga-se de passagem, jamais se calarão ante asneiras proferidas por palpiteiros de plantão.

Os atletas do Santos e jornalistas da SUPERINTERESSANTE obviamente não sabem que em sua ignorância, à semelhança daquele pregador desinformado, abriram mais janelas para a penetração das idéias que tentaram combater. Pela excelência de seus princípios o Espiritismo entrará por essas brechas abertas pelos desavisados, quer eles queiram ou não.

Fonte:www.garanhunsespirita.com.br

NOTA DE GARANHUNS ESPÍRITA: Reputamos de grande importância o artigo enviado por Sônia

A Propósito das Homenagens a Chico Xavier

por Cláudio Luciano

Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? “Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.” (01)

"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus." (02)

Muito se tem falado e escrito sobre as homenagens pelo centenário do nascimento de Francisco Cândido Xavier: são artigos, palestras, filmes, eventos dos mais diversos e em diversas partes do nosso país, quiçá do planeta. Alguns defendem ardorosamente e outros a combatem como a uma praga.

Acho que o amigo leitor já deve ter percebido, pelas citações acima, a tendência que seguirá este modesto artigo: sou a favor!

Vemos todos os dias, a criatura humana homenagear pessoas, encarnadas ou desencarnadas, algumas notoriamente equivocadas em sua conduta. Vemos criminosos serem admirados por seus feitos, como se fossem heróis, Hobins Hoods modernos.

Lembro bem que, há alguns anos, propuseram a construção de uma estátua para Lampião, o Rei do Cangaço e foi a maior confusão, principalmente, porque um dos soldados que participou da morte de Lampião ainda estava vivo (se ainda está, não sei) e criticou duramente a idéia: homenagear um assassino!

Muito se tem dito que Chico “deve estar sofrendo com isso” — será mesmo? Alguém já recebeu mensagens dele, dele mesmo (03), destaco, afirmando isso? Todos nós sabemos que o Chico era e é muito humilde, mas isso não invalida a lembrança dos seus feitos. Muito pelo contrário, vem reforçar a necessidade de divulgá-los para todo o mundo.

Ora, é bastante curioso que vivemos reclamando que ninguém faz o bem, que só os maus conseguem vitórias. A mídia, principalmente, adora divulgar tudo o que não presta em nosso mundo e quando surge a oportunidade de divulgar a vida e a obra de alguém que fez e faz realmente a diferença, surgem críticas de todos os lados?

Terá Chico passado procuração para as pessoas falarem em nome dele dizendo que não queria homenagens?

Quando encarnado, ele recebeu várias homenagens e não foi grosso com ninguém. Soube ser humilde! O único cuidado que é preciso ter é com o endeusamento ao médium. Isso deve passar longe de nossas mentes. Se fosse católico, já teria sido canonizado como o segundo santo brasileiro, e como até os Espíritas têm essa mania de endeusar médiuns, é preciso muito cuidado.

Homenagear Chico é mostrar ao mundo que existem pessoas boas que fazem o Bem conforme os preceitos do Evangelho.

Homenagear Chico é mostrar ao mundo um corajoso e valoroso médium Espírita que o mundo conheceu; que soube caminhar por entre pedras e espinhos, entre pessoas de diversas classes, que não criticou a crença de ninguém e que, nem mesmo desencarnado, deixa de ser alvo de críticas e o pior, dos próprios Espíritas!

O único senão, com o qual concordamos, é o custo dos eventos: têm de ser barateados, caso contrário estaremos elitizando o Movimento Espírita. Não é preciso realizar congressos em locais caríssimos sob o pretexto de conforto. Eventos Espíritas tem de ser abertos ao público de todas as classes e ponto final.

Fizeram um filme sobre Chico? Que bom! Deveriam fazer uns dez ou mais! Ora, esta! Corremos ao cinema para assistir filmes de monstros, guerras, vampiros, paixões de Cristo e não podemos ter um filme Espírita, por conta da humildade de Chico? Todo ano, no mês de abril deveríamos comemorar o nascimento de Chico, para que ninguém esqueça da sua história.

Quem não se lembra quando Fernando Collor de Melo o visitou? Teve gente criticando o Chico por isso. Ainda mais essa! Quando artistas famosos o visitavam? Tinha gente falando mal do Chico.

Se Chico tivesse sido um criminoso famoso, já teria vários filmes, peças, livros e por ai vai.

Vamos sim, prestar homenagens ao Chico, um legítimo apóstolo de Jesus para que a luz dele brilhe, como determinou Jesus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”

A humildade é um anjo mudo, afirma André Luiz e o Chico sempre foi mudo, sempre foi esse anjo!

Agora, será que deveríamos deixar em branco a lembrança de Chico somente porque ele é humilde de coração? Então vamos esquecer também de Kardec, chamado por Flamarion de “o bom senso encarnado” e não nos preocuparmos com a história do Espiritismo no Brasil e no mundo, até que um dia alguém pergunte: quem foi esse tal de Chico? Nunca ouvi falar! Vamos esquecer Bezerra, Yvonne Pereira e tantos outros legítimos seguidores do Cristo de Deus?

Ou será que preferimos os heróis que morreram de overdose?