quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Segunda parte dos Precursores da Doutrina Espírita

HYDESVILLE — As irmãs Fox, o ano de 1848

Historicamente, o espiritismo surgiu motivado pelos fenómenos de movimentação de objectos, verificados em diferentes países, na Europa, na América e noutras partes do mundo.

O marco de tais acontecimentos, todavia, foram as manifestações ocorridas na aldeia de Hydesville, no condado de Wayne, perto de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América. Ali morava a família Fox, composta de três filhas, das quais duas viviam com os pais; os Fox estabeleceram-se na casa desde 1847”.

“Numa noite do ano de 1848, nas paredes de madeira do barracão de John Fox começaram a soar pancadas incomodativas, perturbando o sono da família, toda ela metodista. As meninas Katherine (Katie ou Kate), de nove anos de idade, e Margareth, de doze anos, correram para o quarto dos pais, assustadas com os golpes fortes no tecto e paredes do seu quarto”.

As pancadas, ou “raps”, começaram nessa noite; depois, ouvia-se o arrastar de cadeiras, e com o tempo os fenómenos tornaram-se mais complexos; tudo estremecia, os objectos moviam-se, havia uma explosão de sons fortes. (5) Três noites seguidas, até 31 de Março de 1848, os fenómenos repetiram-se intensamente, impedindo que os Fox conciliassem o sono. O sr. Fox fez buscas completas pelo interior e exterior da casa, mas nada encontrou que explicasse as ocorrências.

A menina Kate, um dia, já habituada ao fenómeno, pôs-se a imitar as pancadas, batendo com os dedos sobre um móvel, enquanto exclamava, em direcção ao ponto onde os ruídos eram mais constantes: “Vamos, Old Splitfoot, faça o que eu faço”. Prontamente as pancadas do “desconhecido” se fizeram ouvir, em igual número, e paravam quando a menina também parava.

“Margareth, a brincar, disse: “Agora, faça o mesmo que eu: conte um dois, três, quatro”, e ao mesmo tempo dava pancadas com os dedos. Foi-lhe plenamente satisfeito esse pedido, deixando a todos estupefactos e medrosos”.

As meninas Fox eram protestantes e supunham tratar-se do demónio e chamavam ao batedor de sr. Splitfoot (Pé Fendido), que corresponde a pé de bode. A família Fox estava alarmada; acorreram vizinhos e curiosos. Toda a localidade comentava os acontecimentos. Duesler idealizou, então, o alfabeto, para poderem traduzir as pancadas e compreenderem o que dizia o invisível. O batedor invisível contou a sua história: chamava-se Charles B. Rosma; fora um vendedor ambulante e, hospedado naquela casa pelo casal Bell, ali o assassinaram, para roubar-lhe a mercadoria e o dinheiro que trazia, e o seu corpo fora sepultado na cave. “Fizeram uma busca no local indicado e aí encontraram tábuas, alcatrão, cal, cabelos, ossos, utensílios”. (...) “Uma criada dos Bell, Lucretia Pulver, declara que viu o vendedor, e descreve-o; diz como ele chegara à casa e refere o seu misterioso desaparecimento. Uma vez, descendo à adega, seu pé enterrou-se num buraco, e como falasse isto ao patrão, ele explicou que deviam ser ratos; e foi apressadamente fazer os necessários reparos. Ela vira nas mãos dos patrões objectos da caixa do ambulante”.

Arthur Conan Doyle, no seu livro “História do Espiritismo”, relata que cinquenta e seis anos depois foi descoberto que alguém fora enterrado na adega da casa dos Fox. Ao ruir uma parede, crianças que por ali brincavam descobriram um esqueleto. Os Bell, para maior segurança, haviam emparedado o corpo, na adega, aonde inicialmente o haviam enterrado.

Em 23 de Novembro de 1904, o Boston Journal noticiava que o esqueleto do homem que possivelmente produziu as batidas, ouvidas inicialmente pelas irmãs Fox, em 1848, fora encontrado, e as mesmas estavam, portanto, eximidas de qualquer dúvida com respeito à sinceridade delas na descoberta da comunicação dos espíritos.

Diversas comissões se formaram na época dos acontecimentos, com a finalidade de estudar os estranhos fenómenos e desmascarar a fraude atribuída às Fox. Verificou-se que eles ocorriam na presença das meninas; atribui-se-lhes o poder da mediunidade. Nenhuma comissão, todavia, conseguiu demonstrar que se tratava de fraude. Os factos eram absolutamente verídicos, embora tivessem submetido as meninas aos mais rigorosos e severos exames, atingindo, às vezes, as raias da brutalidade.

As irmãs Fox foram, pressionadas. A Igreja excomungou-as, como pactuantes com o demónio. Foram acusadas de embusteiras, e ameaçadas fisicamente, muitas vezes.

Em 1888, ao comemorar os 40 anos dos fenómenos de Hydesville, Margareth Fox iludida por promessas de favores pecuniários, pelo cardeal Maning, faz publicar uma reportagem no New York Herald em que afirma que os fenómenos que realizaram eram fraudulentos. Todavia, no ano seguinte, arrependida da sua falta de honestidade para com o Espiritismo, reúne grande público no salão de música de Nova Iorque e retracta-se das suas declarações anteriores, não só afirmando que os fenómenos de Hydesville eram reais, como provocando uma série de fenómenos físicos no salão repleto.

“A retractação foi publicada na época. Consta da Light e do jornal americano New York Press, de 20 de Maio de 1889”.

“Como, porém, a lealdade e a sinceridade não são requisitos dos espíritos apaixonados, ainda hoje, quando se quer denegrir a fonte do moderno espiritismo, vem à baila a confissão das moças. Na retractação não se toca, ou quando se toca é para mostrar que não há no que confiar. Os pormenores ficam de lado”.

Os fenómenos aqui narrados e, as irmãs Fox, suas personagens principais, passaram para o histórico do Espiritismo. No entanto, o Espiritismo não aparece aqui, mas sim mais tarde, com a edição de «O Livro dos Espíritos», de Allan Kardec, em 1857.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

PRECURSORES DO ESPIRITISMO

- EMANUEL SWEDENBORG

Muito culto, este grande vidente sueco era eng.º de minas, uma autoridade em metalurgia, era zoólogo, anatomista e uma grande autoridade em física e astronomia. Grande pioneiro do espiritismo. Viveu em Londres, e em 1787 manifesta-se médium.

O caso de Gothenburg é famoso, onde o vidente observou e descreveu um incêndio em Estocolmo, a 300 milhas de distância, com perfeita exactidão, estando ele num jantar com 16 convidados, que serviram de testemunhas. Este caso foi investigado, inclusive, pelo filósofo Kant, que era seu contemporâneo.

Ele verificou, através da vidência, que o mundo espiritual, para onde vamos após a morte, consiste em várias esferas, representando graus de luminosidade e felicidade. Cada um de nós irá para aquela que se adapta à nossa condição espiritual. Somos julgados, automaticamente, por uma lei espiritual de similitudes. O resultado é determinado pelo resultado global da nossa vida, de modo que a absolvição ou o arrependimento no leito de morte têm pouco proveito. Verificou, nessas esferas espirituais, que o cenário e as condições deste mundo eram reproduzidos fielmente, do mesmo modo que a estrutura da sociedade.

Viu casas onde viviam famílias, templos onde praticavam o culto, auditórios onde se reuniam para fins sociais, palácios onde deviam morar os chefes.

A morte era suave, dada a presença de seres celestiais, que ajudavam os recém-chegados na sua nova existência.

Eles passavam, imediatamente, por um período de absoluto repouso. Reconquistavam a consciência em poucos dias. Havia anjos e demónios, mas eram seres humanos que tinham vivido na Terra e que ou eram almas retardatárias (demónios), ou altamente desenvolvidas (anjos). Levam consigo os seus hábitos mentais adquiridos, as suas preocupações, os seus preconceitos. Todas as crianças eram recebidas igualmente, fossem ou não baptizadas.

Cresciam no outro mundo. Jovens serviam-lhes de mães até que chegassem as mães verdadeiras. Não havia penas eternas. Os que se achavam nos infernos podiam trabalhar para sair de lá, desde que quisessem. Os que se achavam no céu não tinham lugar permanente: trabalhavam por uma posição mais elevada. Havia o casamento, sob a forma de união espiritual.

Ele fala de arquitectura, do artesanato, das flores, dos frutos, dos bordados, da arte, da música, da literatura, da ciência, das escolas, dos museus, das academias, das bibliotecas e dos desportos. Os que saíam deste mundo velhos e decrépitos, doentes ou deformados, recuperavam a mocidade e, gradativamente, o completo vigor. Os casais continuavam juntos, se os seus sentimentos recíprocos os atraíam. Caso contrário, era desfeita a união.

Isto por volta de 1790, quase 100 anos antes de aparecer o Espiritismo, com Allan Kardec.

- ANDREW JACKSON DAVIS

Filho de pais humildes, nasceu nos EUA, em 1826, num distrito rural do estado de Nova Iorque. Era falto de actividade intelectual, corpo mirrado, sem nenhum traço que denunciasse a sua excepcional mediunidade futura. Nos últimos anos da infância desabrochavam os seus poderes psíquicos. Ouvia vozes no campo. Vozes gentis, que lhe davam bons conselhos e conforto.

Tornou-se vidente. Fazia diagnósticos médicos com a sua vidência. Olhando o corpo humano, era como se ele se tornasse transparente. Cada órgão aparecia claramente e com uma radiação especial e peculiar, que se obscurecia em caso de doença. Vê os espíritos e fala com Swedenborg, já desencarnado. Tinha pouca cultura e 21 anos de idade. Em transe, proferia discursos sobre os mais variados temas, dos quais pouco ou nada sabia. Posteriormente, de nada se lembrava.

Escreve cerca de trinta livros (entre outros) editados com o título de “Filosofia Harmónica” que lhe foram transmitidos por Swedenborg. Assiste ao desencarne de uma senhora, onde descreve pormenorizadamente os processos da morte, no plano espiritual.

Por altura de 1856, antes do seu aparecimento, profetizou detalhadamente o aparecimento do automóvel, dos veículos aéreos movidos por uma força motriz de natureza explosiva, da máquina de escrever e locomotivas, com motores de combustão interna, com uma riqueza de detalhes impressionante.

Prevê o aparecimento do Espiritismo, em “Princípios da Natureza”, publicado em 1847.

Davis faz uma descrição pormenorizada do mundo espiritual, mais completa do que a de Swedenborg.

Davis apresenta a reencarnação como não obrigatória para progresso do espírito (o espírito pode, e deve, progredir no espaço, sem necessidade de reencarnar). Com ele nasceu o primeiro liceu espiritual, por ele fundado em 25 de Janeiro de 1863, em Nova Iorque, copiado de um sistema de educação que teria presenciado no plano espiritual, em desdobramento. O célebre vidente americano sofreu acusações caluniosas e críticas acervas. Homem superior, a tudo se sobrepunha, com tolerância evangélica e larga compreensão. Desencarnou em 1910, com 84 anos.

http://www.espirito.org.br/portal/cursos/index.html

Vejam esse caso que bem comprova o que dizemos: Menino acredita ser reencarnação de piloto da II Guerra

Numa família do estado americano da Lousiana, a reencarnação não é uma possibilidade, mas uma certeza. Os Leiningers acreditam que o filho do casal, James, hoje com 11 anos, é a reencarnação de um piloto de avião de combate que participou da II Guerra Mundial. De acordo com a família, desde os 2 anos de idade James começou a vivenciar lembranças que seriam do tenente James McCready Houston, que tinha 21 anos na época do conflito. Ele foi abatido em 1945 na batalha de Iwo Jima. Segundo o menino, que sempre teve um interesse extraordinário por aviões, ele começou a ter flashbacks depois de visitar o Museu de Aviões Kavanaugh, em Dallas, no Texas. Alguns meses depois da visita, James começou a ter pesadelos com a queda de um avião e fogo. E gritava que o piloto não conseguia deixar a aeronave. Mais tarde, quando o pequeno James tinha apenas dois anos e meio de idade, ele e a mãe foram comprar um brinquedo. Um avião, claro. A mãe, Andrea, pegou um modelo e lhe disse que na parte inferior havia uma bomba. Para surpresa da mãe, o menino então afirmou que não era uma bomba, mas um pequeno tanque. A família nunca teve militares entre os seus e, até então, nenhuma ligação com aviões. Os pesadelos passaram, mas não as memórias. Numa outra ocasião, o menino estava com ar distante e a mãe perguntou o que tinha acontecido com o avião dele. James respondeu que tinha sido abatido. Onde, perguntou ela. Na água, respondeu. E ele disse que tinham sido os japoneses. Segundo a mãe, ele não poderia saber nada sobre a ação japonesa na guerra. O menino seguiu dando indicações sobre uma vida anterior. Quando a mãe serviu bolo de carne, que ele nunca tinha visto ou comido, disse que não comia aquele prato desde Natoma. O menino ainda disse que se chamava James Houston e citou o nome de um colega de tropa. O pai do garoto, Bruce, começou a pesquisar e descobriu o nome de uma embarcação chamada Natoma Bay, que lutou na batalha de Iwo Jima. Um de seus tripulantes era James Houston. Bruce também descobriu que o avião de Houston foi abatido pelos japoneses em 3 de março de 1945. Os Leiningers encontraram uma parente e conhecidos de James McCready Houston. E passaram a não ter mais dúvidas de que o menino é a reencarnação do piloto James. Tanto que escreveram o livro "Soul Survivor: The Reincarnation of a World War II Fighter Pilot", algo como "A alma sobrevivente: A reencarnação de um piloto de combate da II Guerra Mundial". Nesta semana, o caso foi tema do programa Goodmorning America, do canal americano de TV ABC. Fonte: http://oglobo.globo.com/diariosp/sextosentido/post.asp?cod_post=194434 .

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O casamento na visão espírita

Sem rituais, as uniões espíritas priorizam o amor e as afinidades existentes entre o casal.

Na Inglaterra da Idade Média, a rainha Vitória nem poderia prever que seus atos repercutiriam tanto e se tornariam uma tradição. O que teria feito Sua Majestade? tomou atitude muito simples: decidiu se casar de véu - naquela época, os soberanos jamais se cobriam para poder comprovar sua identidade -, com flores no cabelo e um vestido branco. A cena parece familiar?

O casamento como se conhece nos dias atuais, é muito mais antigo que a rainha Vitória. Seu ritual iniciava na Roma Antiga, quando era possível encontrar registros de que as mulheres se vestiam adequadamente para a ocasião. Porém, a união de um casal, na visão espírita, vai além de uma cerimônia, com seus festejos e vestimentas.

Existe ritual de casamento para a doutrina espírita? “Não”, diz o procurador do Estado do Paraná, Joel Samways Neto. “De todas as descrições feitas pelos espíritos sobre casamento, não há menção a ritual de casamento espírita”.

Então, os espíritas não casam? “Casam!

A diferença é que não temos o ritual religioso. O casamento tradicional, independentemente da religião é um ritual. E como não temos rituais, não há uma cerimônia religiosa em um casamento entre espíritas”, afirma o professor e coordenador de grupos de estudos espíritas Paulo Henrique Wedderhoff. Na realidade, o que importa são as intenções pelas quais o casal decidiu se unir. E aí, deve-se colocar em foco o que seria um princípio básico do Espiritismo: o amor.

Fatores de união

A pedagoga Maria Aparecida e seu marido, o advogado Everton Ribeiro, acreditam que muitos fatores devem existir para a união de um casal, mas “todos eles pouco valem se o casamento não estiver fundamentado na maior das leis, que é a lei universal do amor, vivenciado na mais pura de suas definições”. Para eles, quando há esse sentimento, as consequências são “no mínimo, boas”.

Segundo Samways, quando a pessoa encontra outra com quem se assemelha, ela se potencializa, ou seja, se torna mais feliz, confiante e protegida. Casados há 33 anos, Maria Aparecida e Everton concordam: “a forma de se relacionar com a sociedade mudou, a relação com os amigos mudou, a possibilidade da paternidade estimulou e mudou a visão de uma nova trilha a ser seguida”. Eles comentam que, entre outras coisas, também deve haver ética, respeito e companheirismo.

Entretanto, há uniões que se tornam instáveis. Em seu livre-arbítrio – que é outro dos princípios básicos da Doutrina Espírita – , muitos casais optam pela separação. E, apesar de a doutrina ser divorcista (“...é uma lei humana que tem por objetivo separar legalmente o que, de fato, já está separado. O divórcio não contraria a Lei de Deus, uma vez que apenas corrige o que os homens fizeram...” Evangelho Segundo o Espiritismo), Samways acredita que o cidadão que possui caráter, reflete duas vezes antes de se divorciar e, até mesmo, antes de se comprometer.

Em mensagem escrita na obra “Como um homem pode enfrentar uma crise”, o espírito Leocádio José Correia diz que “A interação humana significa sempre entendimento e nunca confronto”.

Reflexão atual

Wedderhoff faz uma reflexão a respeito das vidas conjugais nos dias de hoje. “Será que as uniões que têm maior chance de sucesso não são aquelas em que o cônjuge casa para fazer feliz a pessoa que ama? Quando os cônjuges pensarem assim, será muito difícil a união se desfazer”.

Relacionamentos conjugais são edificações que devemos realizar todos os dias. “Casar é se comprometer com a felicidade de quem a gente ama”, diz o professor. E este pensamento é coerente com algumas observações trazidas pelo espírito Leocádio José Correia; segundo ele, “casamento é renúncia”, o que não significa peso ou desgaste quando se tem amor pela outra pessoa.

De acordo com “O Livro dos Espíritos”, o casamento é um dos instrumentos para a evolução humana. “O casamento, ou a união permanente de dois seres, é contrária à lei natural? É um progresso na marcha da humanidade” (Capítulo 4 – Lei da Reprodução). No Evangelho, também é enfatizada a idéia do ser humano constituir uma família para o seu próprio progresso. Porém, viver com outra pessoa não é uma obrigação; é uma escolha.

Em suas palestras, o espírito Leocádio José Correia alerta que nenhuma pessoa é obrigada a se casar. Ele cita ainda que muitos de nós escolhem “se casar” com a Medicina, com a Educação, com a Ciência ou com os projetos sociais. São caminhos diferentes, mas que igualmente proporcionam oportunidade evolutiva ao espírito durante sua trajetória na Terra.

União comemorada

O fato de a doutrina não registrar os rituais de casamento não impede que os noivos comemorem sua união. Paulo Wedderhoff cita um exemplo de comemoração simples e simbólica a que compareceu. “Recentemente um casal de espíritas decidiu revelar sua decisão de compartilhar a vida a dois. Num dia foram ao cartório e no outro receberam alguns amigos e parentes para anunciar sua decisão e dividir a alegria. O noivo e o pai da noiva quiseram manifestar o sentimento de contentamento; um amigo do casal falou sobre o significado do casamento para a Doutrina Espírita. Ao final, um belo beijo nos fez testemunhas de um lindo momento”, conta.

“A simpatia que atrai um espírito ao outro é o resultado da perfeita concordância de suas tendências, de seus instintos; se um tivesse que completar o outro, perderia a sua individualidade”, está escrito em O Livro dos Espíritos – Capítulo 6, Vida Espírita. Nessa citação é possível desmistificar o termo comumente conhecido como “alma gêmea”.

Samways lembra que não existem espíritos iguais. O que ocorre com a maioria das pessoas é a semelhança, as chamadas “afinidades”. Por isso, é possível ter afinidades também com amigos e parentes. Na opinião do procurador, “nós só convivemos bem com quem se parece conosco”.

A rainha Vitória, personagem da História que iniciou a reportagem, causou repercussão em sua época não só por ter introduzido hábitos, mas principalmente porque foi uma das poucas soberanas que se casou por amor. Fato também inusitado para a época, pediu a mão do seu primo, o príncipe Albert de Saxe-Cobourg-Gotha, em casamento.

Fonte: http://www.serespirita.com.br/

A Entrevista de Chico Xavier a Humberto de Campos

Chico, Emmanuel, Anchieta, Kardec Foi uma visita muito prazerosa que durou uma tarde inteira e boa parte da noite. Havia solicitado esse encontro nos meados deste ano, e fui surpreendido pelo chamamento, aproveitando a oportunidade de um raro momento de folga de nosso querido medianeiro. Quando cheguei, após rápido passeio por jardins majestáticos do caminho, pude, logo à entrada, perceber que era ali que ele ficava. O equilíbrio harmonioso e a forma simples de tudo o que estava em volta retratavam um pouco do ser extraordinário que conheci na bucólica Pedro Leopoldo, há mais de setenta anos. Ao pé de verdejante encosta, cercada por flores multicoloridas que dançavam ao embalo de leve brisa, uma casinha simples, de paredes brancas e duas janelas azuis, com pequenos nichos de folhagens, a pender graciosamente, compondo um belo modelo de paisagem. Na entrada uma varanda receptiva, com o chão brilhando em verde perolado, e alguns bancos, confortáveis, dispostos em meio círculo, convidavam ao descanso. Percebi logo que aquela era a chamada entrada comum, pois apesar da aparência contida, na casa havia muitos cômodos, e notava-se movimentação acentuada em seu interior. Ao me aproximar da soleira, surgiu a simpática figura de Dinorah, que me recebeu carinhosamente, anunciando que ele viria logo, e que eu deveria me assentar. Ainda resfolegava na emoção, quando ouvi seus passos. Era Chico Xavier, nosso querido Anjo Amor, que com aquele sorriso amigo e paternal, nos estendia um longo e generoso abraço.

Depois que ele retornara ao mundo espiritual, há sete anos, era a segunda vez que nos encontrávamos, sendo que a anterior foi um contato muito rápido devido à multiquilométrica fila de recepção. Nesse ínterim, porém, tivemos alguns encontros indiretos, através de relatos e notícias de amigos. O iluminado espírito demonstrava boa disposição, vivacidade, com uma calça de linho cinza-azulado, camisa branca com gola aberta, de onde pendiam do bolso, dois lápis. Trazia a expressão serena, e o sorriso de simpatia conhecido por todos. Como dois colegiais na volta de férias, no início da conversa misturamos perguntas e respostas simultâneas, de coisas e pessoas do trivial. Entusiasmado, o coração de ouro de tantos consolos e ensinamentos exultava com fartos adjetivos, à possibilidade em estar escrevendo para os povos orientais. - Meu irmão, - dizia ele, - tenho experimentado enorme emoção, ao penetrar cada vez mais em semelhanças e pontos convergentes entre grandes sábios das culturas orientais, antigos e contemporâneos, com os ensinamentos contidos nos sagrados Evangelhos de Jesus. A magnanimidade do Criador soube distribuir a Verdade, em sua inteireza, a todos os filhos, em todos os cantos e em todas as culturas, facultando a cada um, por mais distante ou separado que esteja dos centros desenvolvidos, a possibilidade de se aperceber do rumo, do norte de seu processo evolutivo. Através de emissários abnegados Deus envia, em cada rincão, para cada pontinho mais inexpressivo, a centelha que pode incendiar a luz do Amor e da Bondade em cada coração. - aduzia feliz. Durante alguns minutos ele falou dessas experiências, relatando visitas de evoluídos seres, que o assessoravam nestas novas caminhadas. - Mas, Chico, da última vez que me chegaram notícias suas, através do prof. Romanelli, as informações eram sobre os povos africanos... - Ah sim, foi no início deste ano, e ainda continuamos esse empenho, mas o que tem me ocupado mais o tempo agora é esse trabalho ligado, sobretudo aos islamitas e aos chineses. São culturas de uma profundidade e sabedoria formidáveis, que em muitos pontos parecem até ter dado origem aos ensinamentos de Jesus, pela beleza. Temos encontrado campo fértil em corações bondosos, e estamos lá empreendendo atividades mediúnicas de uma forma híbrida, aproveitando as bases da fé reinante, mas consoante aos padrões da Doutrina Espírita, e alguns resultados já se apresentam. Claro, como em toda atividade que quebra ou altera estruturas, acontecem as reações, algumas até radicais, violentas....(suspira)... tem havido até mesmo algumas execuções, mas isso também é parte do processo... - É... - interrompi- nós temos notícias da violência, da discriminação, do sectarismo que cercam muitos seguidores e líderes fanáticos destas crenças... Antes que eu completasse minha opinião fui interrompido pelo interlocutor, com um carinhoso, mas eficaz, nocaute verbal: - E onde é que isso não existe, meu irmão? O ser humano ainda não se liberou de seu atavismo, de sua sede de posse territorial, e infelizmente a grande maioria ainda se pôe à porta, com a maça nas mãos, nas pré-históricas cavernas do sentimento, da fraternidade, da compreensão. Vou te contar um caso, dos quais colhi detalhes há poucos dias: um dos maiores repositórios de revolta que os muçulmanos têm se refere ao martírio cruel, ao assassinato coletivo de jovens, mulheres, crianças, cometidos nas Cruzadas Cristãs! Remontam aos martirizados nos terríveis episódios acontecidos por volta do Século XI. Já pensou que tragédia?! Crimes horrorosos praticados com a espada nas mãos e a cruz de Cristo na outra! Para muitos, milhares, sobretudo fora da carne, a figura de uma cruz ainda simboliza o golpe da espada a fazer rolar, sanguinariamente, as cabeças de gente de seu povo... Deplorável!- Depois de retomar o fôlego, prossegue: - O sentimento de amor, sabemos, é uma energia extremamente poderosa, benfazeja, que precisa ser controlada, conduzida, pois temos ciência onde deságuam os curtos-circuitos das paixões e as conseqüências da sobrecarga que atende pelo pseudônimo de fanatismo. Infelizmente, meu amigo, creio que ainda falta muita estrada para caminhar até que alcancemos um patamar de reinado pleno, para a fraternidade pura. E isso não é coisa de Idade Média, não. Acontece hoje, aqui e na crosta, onde as convicções pessoais de grupos, de congregações tentam se impor aos outros, a qualquer custo, com as mais “santificadas” explicações! E nós como espíritas detentores de um legado enorme de responsabilidade pelo esclarecimento da Humanidade, não podemos nos perder nessa trajetória, nem permitir que se troque a conquista de almas através do Evangelho Consolador pelas desarvoradas e até mesmo renhidas disputas de espaço e ocupação. Lembro a citação de Emmanuel, “Compreensão não se exige, se pratica”... - A entrada de uma simpática senhora, trazendo-nos um cheiroso café, foi o hiato oportuno para que eu pudesse recobrar-me daquela avalanche de informações que recebera, embalada em lição de caridade, ditadas pelo elevado anfitrião. O CENTENÁRIO Meus pensamentos fervilhavam na absorção daquilo que ouvia, quando me aventurei a uma questão: - E aí Chico... E o nosso Emmanuel...? - Trabalhando... Trabalhando... - respondeu, com sinais de preocupação- tem se empenhado muito com nossos irmãos de Doutrina, exatamente para que abdiquem de algumas posturas diríamos, reacionárias, engessantes, porque isso o torna muito insatisfeito consigo mesmo... -Ué? Com ele próprio? -Sim... Porque dá a sensação de não ter cumprido bem a sua missão, ou que não conseguiu transmitir de modo a ser entendido, os ensinamentos que lhe passaram os responsáveis pela codificação... -Isso como Kardec?* -Sim, mas também como em sua performance recente como Emmanuel, o grande condutor da estrutura do espiritismo nascente, na qual também tenho sido usado. A Doutrina Codificada é um processo que tem suas fases continuadas. Não é uma tarefa de empreitada onde selamos uma etiqueta de “finalizada, revista e corrigida”. Desdobra-se, e vai continuar assim, subindo degraus, dinamicamente, apesar de que alguns estão preferindo se assentar ou andar na horizontal, insistindo em não alçar planos mais altos... - Fale-me sobre isso, Caro Chico... - Não é nada muito novo, nem misterioso, e temos observado ao longo dos milênios essa resistência quanto ao partilhar coisas, conhecimentos, sentimentos. E aí é que está a principal questão: Quem conhece a Doutrina Espírita precisa praticar o novo, ser diferente, e na verdade, nada é novo, pois tem apenas (?) que imitar ou caminhar conforme Jesus caminhou!.... Entende? Imagine que determinado benfeitor coloca para certa região um caminhão de toras, fortes, vigorosas, para que se erija naquela beira de rio uma ponte, em favor da travessia de todos. No entanto quando retorna percebe que, ao invés da ponte, construíram com o material uma grande cerca, uma fortaleza, isolando, separando... É mais ou menos nesse rumo. Alguns companheiros, movimentados por ligações de recrudescidos egoísmos pretéritos, que imaginávamos superados, estão nessa linha. Quem está fazendo isso tem a consciência do que está fazendo, e de que age contrário às leis de fraternidade e de amor cristãos, que são a essência, os fundamentos do espiritismo.... -Entendi o que foi colocado... o raciocínio... -E nosso Emmanuel é muito suscetível a isso, e se cobra, o que o entristece. Outro dia ele estava comentando acerca de uma afirmação que está circulando em seu nome, e que nunca ele a faria. É sobre uma alteração de uma de suas frases, onde cometem a impropriedade de situar a Doutrina espírita como uma mendicante, carente, necessitada de ajuda. É aquela frase infantil... “ a maior caridade que fazem à doutrina... é a sua divulgação...” Ora, ora... Fazem uma grande caridade aos seres quando se lhes ensina a prática dos caminhos que o Cristianismo Redivivo trouxe, não essa veleidade que propagam. O pior é que tem muita gente “graúda” que sai repetindo isso, sem pensar na infantilidade que cometem... - É... a gente entende isso... É mais ou menos como aquela receita para emagrecer, feita em seu nome... -Sim... É mais ou menos (ri aliviadamente)... Só que você não sabe, mas tenho recebido orações de agradecimento, sinceras e fervorosas, de pessoas que, ingenuamente fizeram aquilo como se fosse eu o autor da “receita”, que efetivamente perderam bons quilos, e por isso me agradecem... Tenho feito sempre as orações para que os que fizerem a dieta possam realmente emagrecer... (rindo de novo), e melhorar não só o corpo, mas também o coração. Até aí tudo bem, mas dizer que a Doutrina precisa de caridade... É como pedir nas orações que Deus tenha mais força... Mais ou menos por aí... -Chico... Aproximam-se as festividades do centenário... E aí? -Pois é... Existem alguns aspectos que devem ser considerados. O que o professor Romanelli disse e que você meu irmão ratificou naquela carta**, é uma verdade inexpungível. Ninguém, em sã consciência poderia concordar com os abusos anunciados, com o desperdício, com o desvio, principalmente numa época onde há miséria e sofrimento também material. Por efeito daquelas advertências tive notícias de que muitos planos foram revistos e reconduzidos. Claro que outros preferem manter o exagero, mas que as próprias consciências os julguem, não nós. De outro lado, há uma gigantesca manifestação de apreço, de carinho, de amor verdadeiro e de imerecido reconhecimento a mim, aos quais não posso ficar insensível, e ao contrário, muito me tocam, me emocionam, me alegram, mesmo tendo a convicção de que não fiz o que apregoam que eu tenha feito, e que sei não dignificar tão elevadas homenagens. E todos conhecem minhas reações diante destas situações, que me constrangem, e não me permitem compartilhar dessa euforia que meus bondosos amigos desfrutam. Entretanto podemos extrair disto muitos proveitos para a Doutrina, para as comunidades, para o despertar de interesse diante de obras maravilhosas das quais eu tive a incomensurável primazia em ser o burrico de carga, o agente de transporte. Tenho rogado muito a Deus que nos auxilie nessa difícil prova, visto que não pretendemos ser instrumento de abuso, de desperdício, de exploração, de agressão à economia pública, portanto, bem comum, de todos. Mas também que isto não seja motivo de desagregação, de contendas, de desarmonia entre ninguém, predominantemente no nosso meio espírita, já tão assoberbado por tantas agressões externas. Peço a Jesus sempre, que inspire e oriente nossos irmãos que dirigem esses acontecimentos, para que tenham discernimento, moderação e, sobremaneira, caridade para com os que sofrem. - completou.

O APÓSTOLO DO BRASIL
Percebi uma entonação de diferente teor nas palavras de Chico Xavier. Mas, este assunto, apesar de claramente incômodo, concernia, pois era um dos que me moveram até nosso querido amigo, visto a repercussão da “Lágrima do Chico”*. Pelas explicações nos sentimos satisfeitos, porém o sábio farol de Pedro Leopoldo/Uberaba prosseguiu: -Já tive, ainda recente, uma experiência semelhante a esta que estaremos enfrentando, e creio que os calos adquiridos nesta ocasião, me permitirão calçar melhor essa botina apertada... - Com as homenagens? - Sim...foi no ano de 1954, por ocasião das celebrações dos 400 anos do Centenário da cidade de São Paulo.... Coincidentemente estava na capital paulista, em trabalho editorial, no dia em que inauguraram a grande estátua de bronze, na Praça da Sé, para Anchieta. Uma homenagem linda, de uma obra gigantesca, creio que de uns 8, 9 metros, feita por um extraordinário artista italiano radicado no Brasil, Heytor Usai. Um monumento maravilhoso, porém, no meu modo de entender, grande e desproporcional empenho de dinheiro público, já que ao pé da obra diversos irmãozinhos imploravam a esmola dos transeuntes... - Chico... Ali você se sentia constrangido, como José de Anchieta, então... - Sim, claro... Mas creio que foi uma prévia do que a gente vai enfrentar neste próximo ano... (espero que não)... como também rogo pela caridade do comedimento, a parcimônia e o controle por parte dos companheiros que organizarem, conduzirem e participarem.- afirmou.
ZÉFIRO...
Meu raciocínio, de pronto, deduziu: Se Chico era Anchieta, Emmanuel por sua vez, tinha sido Manuel de Nóbrega e Kardec**, onde estaria então nosso iluminado amigo ao tempo da Codificação? Como a adivinhar-me os pensamentos, - o que, aliás, muito fez e faz- Chico pontificou: -Ao tempo da Codificação estava entre os espíritos que facilitavam à chegada dos que se manifestaram para a elaboração das obras básicas, tanto os luminares, os grandes filósofos e pensadores, como a dos mais simples e sofredores. Durante um tempo, depois de passar pelos Estados Unidos, entre 1846/47, estivemos no acompanhamento das manifesteações em Hydesville, com as irmãs Fox. Depois passamos pela Escócia, e nos detivemos por mais tempo na Ilha da Reunião, - uma possessão Francesa na Costa africana, banhada pelo Índico, na cidade de Saint Denis. Um de nossos amigos gostava de dizer que se havia necessidadede ser firme, aquela ilha era a ideal, pois era uma rocha que emergira do mar. Ali se desenhava todo o projeto que iria culminar com a Codificação. - Como foi o encontro com a família das meninas Baudin? - A família Baudin encontrei morando num bonito chalet na área onde está a Rue de Paris, quase esquina com Leclerc, em cujos fundos havia um grande galpão de depósito para sacas de café. Lembro-me um detalhe interessante... é que o número das casas era escrito em algarismos romanos, e por isso ocupava grande espaço na fachada. O da casa das meninas era CXLIV . - Que memória ...(brinquei) - Mas essa “peripécia mnemônica” (risos) tem uma razão. Numa revisita que fiz à casa, pelo registro da regressão, observei o detalhe das iniciais que ainda me são muito caras....( e prosseguiu) - Ali, nos meados de 1854 começamos os contatos com as meninas Baudin. - Como foram esses primeiros contatos? - Bem. Os fenômenos de Hydesville, com as irmãs Fox, dos quais nosso grupo também participou em 1846/47 eram a grande sensação em todo o mundo. As famílias enxergavam isso como um divertimento, e faziam encontros para receber as mensagens por diversas formas, como tiptologia, pancadas, e também pelas cestas de vime com uma pedra na ponta. Naquela região onde moravam os Baudin, os povos malgaches – muito comuns na ilha, pois a maioria dos trabalhadores do porto era da continental ilha em frente -, tinham certos rituais com cera quente pingada na água, e faziam à sua maneira, a interpretação dos contatos com os espíritos. As irmãs Julie e Caroline eram muito interessadas nisso. A casa em que moravam ficava a oito quadras da praia de Bacharois, em direção Oeste e elas iam sempre lá, pegar pedrinhas e algumas conchas. Perto da casa passava um canal onde havia pedras de ardósia, que serviam para escrever, como nosso atual giz. Lembra aquela pedra de costureira, semelhante a uma meia lua azul?... Pela intuição fizemos com que Carol e Juliette começassem a usar as pedras de ardósia, que facilitavam e davam rapidez às respostas. O recado foi dado com setas de folhas de palmeira na praia, que se moviam sob os pedidos das infantes, quando elas perguntaram onde estariam as melhores ferramentas... - Era você e mais quantos, neste trabalho de preparação? - Bom, inicialmente eram muitos, mais de cem, mas, à medida que foram se afunilando as ações reduziu-se a turma para mais ou menos trinta indivíduos, que se revezavam em diversas funções, tanto no atendimento às perguntas, quanto na estruturação e vigilância do ambiente, já que as investidas contra essa propagação sempre foram muito vigorosas. Na medida em que fomos dando certas respostas, o interesse de Clementine, primeiro, e depois de Emílio, - pais das meninas -, foi aumentando, porque passaram a perceber certos benefícios e profundidade naquelas conversas. - Quais eram esses benefícios? - Nada de muito especial. Eram pequenos avisos. Naquela região constantemente acontecem tempestades, ventanias, tufões, e às vezes avisávamos isto, com um ou dois dias de antecedência. O pai era negociante de grãos vindos da África e da Europa. E ficava sabendo por nós, antecipadamente, quais os carregamentos estavam para chegar ao porto. Coisas assim, sem muita importância, mas de grande acerto e que de por isso impressionavam, criando um vínculo de credibilidade, o princípio da Fé. -Existe algum detalhe, alguma situação que ficou marcada... nesse tempo? -Bem... Não posso me esquecer da ajuda de uma senhora, uma moçambicana, professora avulsa, que havia morado em Antananarivo, em Madagascar, e que depois de viúva atravessou o canal, indo para Saint Denis. Chamava-se Marie Lourence. Morava na Rue La Bourdennais, não muito longe da casa dos Baudin, e sempre dava aulas de reforço para as meninas, sobretudo para a mais velha, Caroline e passeava com a pequena no parque do rei, um aprazível lugar da cidade. Foi-nos de grande utilidade, porque tinha consciência sobre sua capacidade de se comunicar com o mundo espiritual e um coração muito generoso. Era seguidora de uma seita induísta. Foi ela, por freqüentar a casa dos Baudin e as reuniões, quem introduziu a meditação antes dos encontros e sessões para falar com as “rocs” como as meninas costumavam chamar as pedras de giz. Isso deu origem, em essência, à assinatura religiosa dos feitos, o que prosseguiu também em Paris, pois se percebia que os resultados eram muito melhores quando era adotado esse tratamento, da prece inicial. Ali começou uma conotação Divina às manifestações, e foi importante essa atitude, que purificava de modo formidável o ambiente. - Mas isso ainda era lá em Ille Reunnion, perto das Ilhas Maurício... -Sim. Mas, o programa estava sendo executado conforme o previsto. Numa noite, em agosto de 1854, numa acanhada recepção, após um vendaval violento que deixou grandes estragos, fomos perguntados por Emílio se seria bom que eles se mudassem para Paris, tanto pelas tempestades, como principalmente pela educação e estudos das meninas. Pela primeira vez ali, usamos a psicofonia, servindo-se de Me’ Lor (Marie Lourence) como intermediária. Informei a Emílio que o tempo era adequado, e que na semana seguinte chegaria um navio da Holanda, no qual poderiam embarcar, e que, não se preocupassem, pois estaríamos de nosso modo, ajudando a essa transferência. Foram recebidas com naturalidade, tanto a notícia quanto a forma de comunicação, pela família. Na semana seguinte, o navio nederlando Overwinning zarpou do pequeno porto com destino à Europa. Assim se deu a chegada a Paris, marcada por curiosos e interessantes episódios, que ratificavam a nós também, o amparo pela Espiritualidade Superior, o que muito nos fortalecia. Já em Paris, a família, sobretudo as meninas, continuavam com boa vontade no contato com os espíritos. As reuniões prosseguiam, já assumindo ares de organização e métodos, com certa disciplina. Naquela altura já tinham entendido a importância e a seriedade do trabalho que viria a ser, em breve, encetado pelo professor Rivail, e deram uma grande contribuição, de bom grado e com abnegação, o que possibilitou o bom termo da empreitada. Posso afiançar que eram virtuosas, de índole amável, tementes a Deus e excelentes médiuns. Não se pode esquecer que estávamos lidando com uma família católica, que permitia esse contato dos espíritos com suas filhas, que tinham em 1856, Caroline, 18 e Julie, 15 anos de idade! - E você então era um dos que participaram? Era você o Zéfiro apresentado a Kardec como o protetor? - Sim, o era, mas de certa forma. Porque em verdade, nessa altura éramos uma equipe de oito espíritos na atuação direta destes trabalhos. E existiam “zéfiros”, que se destinavam às áreas específicas, como ciência, filosofia, religião, ou mesmo conhecimentos direcionados, da área médica, neurológica, glandular, astronomia, filosofia, enfim.... Eu cuidava mais da parte de coordenação, e dos contatos com os religiosos, e isso me conferia uma espécie de comando... por isso era chamado de “Zéphyr Verité” ou o “da Verdade”. -Há alguma explicação para a adoção desse nome? -Bem, você sabe de mitologia como ninguém... Zéfiro é o nome do ser que simboliza o vento oeste, ou uma benéfica brisa suave... Éramos os espíritos, e o espírito, como o vento, sopra onde quer. O clima entre nós geralmente era muito alegre, descontraído, diria, de essência pura, quase infantil, porque existia em cada um uma natural satisfação, por podermos revelar ao mundo as maravilhosas “novas boas novas”.... E não faltavam muitas brincadeiras. Por isso a denominação. Participamos assim de toda a preparação e elaboração das Obras da Codificação. É bom salientar que no início o “Livro dos Espíritos” iria se chamar “A Religião dos Espíritos” e por sugestão de São Luiz passou a ter o nome definitivo, a fim de não provocar desnecessários choques com o padrão religioso vigente, com a Igreja. - Há pouco tempo o Dr. Waldo Vieira também se auto proclamou o Zéfiro. Como é isso? - E é verdade. A informação é correta. Ele era um dos que participavam do grupo desde o início. Como a inclinação e afinidades dele eram (e continuam sendo) o aspecto científico, a parte mais experimental, era o que conduzia e se entendia com os mensageiros ligados a essa parte na Revelação Espírita. Assim, Pascal, Mesmer, Lavater, Newton, e muitos outros eram direcionados por ele, aliás, grande amigo, por quem nutro grande simpatia e admiração, pela capacidade e generosidade. Quando nos reencontramos, no triângulo, houve uma identificação recíproca, simultânea. Os outros companheiros também vieram para o Brasil, onde reencarnaram, com exceção de um que preferiu migrar para terras belgas. Cada um tinha sua área definida de atuação. E claro, contávamos com uma estrutura espiritual, moral, de uma fortaleza, no anteparo, da envergadura daquele a quem chamaríamos Allan Kardec. - Conte um pouco desse encontro em Paris com seu antigo companheiro e superior jesuíta, Manoel da Nóbrega. Como foi? - Bem, as reuniões em Paris aconteciam regularmente e começou a aparecer por lá gente importante. Certa noite na casa da família Baudin, em 55, o professor compareceu com Mme. Rivail, a doce Gaby. Fiquei muito... muito feliz, e até cheguei a exagerar em meu entusiasmo. Saudei-o brincando, como fazia enquanto na Companhia de Jesus, no Brasil. Fui, até de certo modo, irreverente.... Mas estava de verdade emocionado por esse recontato direto... - Como foi? - Eu o cumprimentei mais ou menos assim... - Ora Vivas!.. Seja bem vindo, meu nobre Pontífice... Salve, salve, salve!!!... E o pessoal que estava na assistência, em sala cheia, explodiu em risadas... - E ele? - Todos sabiam de seu temperamento grave, sistemático e houve aquela apreensão. Mas, ao contrário, a reação dele foi surpreendente a todos. Creio que intimamente identificou o chamamento, e respondeu também brincando, como se me abençoasse, com gestos e palavras, clericalmente, o que também produziu muitos risos. E a partir dali nosso entendimento e amizade foram como nos velhos tempos. Sempre marcado pelo respeito e pela colaboração espontânea. Já disse e reitero: minha ligação com nosso Emmanuel se perde na poeira dos sóis... E sempre agradeço ao Pai por isso... - Houve algum perigo do Prof. Rivail não levar a cabo a missão a que estava destinado? E se ele tivesse se sucumbido e não conseguisse atender ao programa? - Sim. Havia o risco. Não era uma tarefa pronta, tinha que ser edificada. Como em toda postulação humana é preciso superar obstáculos, barreiras, medos e fraquezas. Mas todos nós confiávamos na capacidade daquele espírito já tão experimentado e com tantas conquistas. Mas, creia, foi um trabalho que exigiu dele muito empenho, superação, determinação e, sobretudo Fé. Essa Fé foi alimentada pelo altruísmo, pela entrega total, pela autêntica vitória, que é a do indivíduo sobre si mesmo, encetada por nosso querido Codificador. Ele, cuja meta sempre foi o Roteiro de Luz traçado pelo Divino Mestre, certamente superou todas as expectativas e cobriu todas as necessidades para trazer a lume o Cristianismo Revivescido, O Paráclito Consolador. Os desafios foram gigantescos, mas nós sabíamos que ele conseguiria romper do outro lado. Se por quaisquer desventuras ele não tivesse conseguido levar a cabo essa missão que foi delegada por Jesus, não sei quem seria o substituto, e nem cogitei dessa hipótese, pois, tínhamos plena convicção de que ele o conseguiria. Certamente a Providência Superior teria as maneiras de continuar o processo, que está acima, sempre, das falibilidades ou limitações dos indivíduos ou de grupos. Mas alimentamos a confiança em Deus e hoje vemos que o caminho trilhado só nos enche de alegria e felicidade, porque ele tem sabido desbravar, com sabedoria, e principalmente com Caridade, os revoltosos, íngremes e intrincados desfiladeiros da ignorância. Graças a Deus. (Continua na Série II) (Texto de Humberto de Campos- Espírito Recebido em reuniões reservadas, pelo médium Arael Magnus, no Celest- Castanheiras- Sabará, nos dias 7, 9, 10 , 11 e 13 de Dezembro de 2009) • *A Lágrima de Chico- ver em http://araelmagnus-intermdium.blogspot.com/2009/07/lagrima-de-chico.html

. Minissérie da Globo com temática espírita


Mais uma produção com temática espírita chegará às telas de TV de todo o Brasil. Após o sucesso da novela “Escrito nas Estrelas”, de Elizabeth Jhin, a Rede Globo produzirá “A Cura”, de João Emanuel Carneiro. Com data de início ainda não divulgada, a minissérie será protagonizada por Selton Mello. Na produção, o ator dará vida a um médico “que se utiliza de poderes espirituais para ajudar na cura de seus pacientes”.
“A Cura” terá suas gravações iniciadas na segunda quinzena deste mês, em Diamantina (MG). A minissérie trará atores como Nívea Maria, Juca de Oliveira, Ana Rosa, Caco Ciocler, Ary Fontoura e Carmo Dalla Vecchia no elenco dirigido por Ricardo Waddington.

CINCO LEMBRETES ANTI-SUICÍDIO

1. A vida não acaba com a morte.
A morte não significa o fim da vida, mas somente uma passagem para uma outra vida: a espiritual.

2. Os problemas não acabam com a morte.
Eles são provas ou expiações, que nos possibilitam a evolução espiritual, quando os enfrentamos com coragem e serenidade. Quem acredita estar escapando dos problemas pela porta do suicídio está somente adiando a situação.

3. O sofrimento não acaba com a morte.
O suicídio só faz aumentar o sofrimento. Os espíritos de suicidas que puderam se comunicar conosco descrevem as dores terríveis que tiveram de sofrer, ao adentrar o Mundo Espiritual, devido ao rompimento abrupto dos liames entre o Espírito e o corpo. Para alguns suicidas o desligamento é tão difícil, que eles chegam a sentir seu corpo se decompondo. Além disso, há o remorso por ter transgredido gravemente a lei de Deus, perante a qual suicidar-se equivale a cometer um assassinato.

4. A morte não apaga nossas falhas.
A responsabilidade pelas faltas cometidas é inevitável e intransferível. Elas permanecem em nossa consciência até que a reparemos.

5. A Doutrina Espírita propicia esperança e consolação quando oferece a certeza da continuidade infinita da vida, que é tanto mais feliz quanto melhor suportamos as provas do presente.

livro: Palavras Simples, Verdades Profundas.
Rita Folker - EME Editora

MUITOS ESPÍRITAS ESTÃO DESENCARNANDO MAL

Jorge Hessen

A culpa e os pesares da consciência são maiores quanto melhor o homem sabe o que faz. Kardec conclui primorosamente este ensinamento, afirmando que "a responsabilidade é proporcional aos meios de que ele [o homem] dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos" (1)
Há uma frase atribuída a Chico Xavier que diz o seguinte: "os espíritas estão morrendo mal". De fato: "Muitos espíritas estão desencarnando em situações deploráveis, recebendo socorro em sanatórios no Plano Maior da Vida em virtude das péssimas condições morais e psíquicas em que se encontram." (2) No livro Vozes do Grande Além, Sayão, um pioneiro do Espiritismo no Brasil, afirma que "nas vastidões obscuras das esferas inferiores, choram os soldados que perderam inadvertidamente a oportunidade da vitória. São aqueles companheiros nossos que transitaram no luminoso carreiro da Doutrina, exigindo baixasse o Céu até eles, sem coragem para o sacrifício de se elevarem até o Céu. Permutando valores eternos pelo prato de lentilhas da facilidade humana, precipitaram-se no velho rochedo da desilusão." (3)
Aos espíritas sinceros e/ou simpatizantes do Espiritismo precisamos alertar: "Ninguém tem o direito de acender uma candeia e ocultá-la sob o alqueire, quando há o predomínio de sombras solicitando claridade". (4) Muitos espíritas que, presunçosamente, se autoavaliam equilibrados estão desencarnando muito mal. Nessas condições, estão os espíritas desonestos, adúlteros, mentirosos, ambiciosos, mercantilistas inescrupulosos das obras espíritas, os tirânicos dos Centros Espíritas, os que trabalham nas hostes espíritas só para auferirem vantagens pessoais, os supostos médiuns que ficam ricos com a venda de livros de baixíssimo nível doutrinário, etc., etc. Este último aspecto preocupa muito, pois, atualmente, existe uma enxurrada de publicações de livros "psicografados" que não passam de ficções de péssima qualidade. Livros com erros absurdos de gramática, assuntos empolados, idéias desconexas, oriundas dos subprodutos de mentes doentes, de médiuns e/ou supostos "espíritos", que visam tirar dinheiro dos neófitos com a venda de tais entulhos antidoutrinários, mas que enchem os olhos dos incautos pela imaginação fantasiosa.
Insistentes, esses aparentes "psicógrafos" ou despreparados "espíritos" estão construindo denso universo de sombras sobre o Projeto Kardeciano, confundindo pessoas inexperientes, que batem à nossa porta em busca de esclarecimento e consolação. Esses "médiuns" e/ou "espíritos inferiores" ocultam, sob o empolamento (enganação), o vazio de suas idéias esquisitas. Usam de uma linguagem pretensiosa, ridícula, obscura, forçando a barra para que pareça profunda.
Até quando? Eis a questão! O tempo urge.



FONTES:
(1) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2000, perg. 637
(2) Franco, Divaldo Pereira. Tormentos da Obsessão, ditado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, Bahia: Editora: Livraria Espírita Alvorada, 2006, 8ª edição
(3) Xavier, Francisco Cândido. Vozes do Grande Além, ditado por Espíritos diversos, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2 ª edição, 1974
(4) Divaldo Pereira. Tormentos da Obsessão, ditado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, Bahia: Editora: Livraria Espírita Alvorada, 2006, 8ª edição



Leia mais: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com/2010/03/muitos-espiritas-estao-desencarnando.html#ixzz0oaUxEII6

Ritos e Doutrina Espírita

"(...) Será que vocês poderiam me explicar a enquadração de alguns ritos como: Nascimento, Morte, Casamento, Puberdade, Oração e Libertação na pratica da religião espírita.
Poderiam me ajudar?"
Marcos Inacio
A respeito da questão que você propôs, avanço aqui algumas considerações muito breves. Informações mais detalhadas você pode conseguir na literatura espírita especializada (que você pode consultar posteriormente).
De uma maneira bastante geral, o Espiritismo é uma doutrina filosófica de implicações científicas, religiosas e filosóficas (principalmente éticas). Não há, assim, dentro dele uma "enquadrarão de ritos" como você se refere abaixo.
Na verdade, o que o Espiritismo procura fazer é compreender a vida humana em seus múltiplos aspectos dentro de um ponto de vista espiritualista, isto é, aquele que prevê a sobrevivência do ser ao fenômeno da morte corporal e sua existência antes do ingresso nele, ou seja, do nascimento. O objetivo fundamental do Espiritismo (assim como o de qualquer doutrina do pensamento, ao menos em suas origens) é a felicidade do ser humano.
Assim, a doutrina espírita prevê que essa felicidade é conseguida na razão direta em que conhecemos as coisas importantes ao nosso redor, bem como soubermos aplicar esse conhecimento em favor de nós e de nossos semelhantes. As fases a que você se referem são, assim, simplesmente estágios da existência humana que devem ser compreendidos plenamente dentro de uma visão do mundo (o que inclui todo o Universo) e não "ritualizados".
O nascimento é o regresso da alma à vida corporal, regresso esse que não é único mas apenas um entre muitos já ocorridos e que estão para ocorrer.
A morte é o regresso dessa mesma alma à vida espiritual, fenômeno igualmente comum na vida maior do Espírito.
A puberdade é entendida dentro do conhecimento fisiológico atual, bem como uma fase de amadurecimento do ser recém encarnado e vivendo seus primeiros estágios de adaptação à difícil realidade do mundo.
O casamento de forma alguma constitui uma instituição dentro da prática espírita. Trata-se apenas da união, segundo as consciências de cada um, de dois seres que se reconheçam como devendo mútuas responsabilidades por se amarem. Essa união, também, de maneira alguma deve ser obrigatória já que a liberdade de consciência é um princípio fundamental, e ninguém deve tê-la violada em nome de qualquer outra idéia secundária.
A oração é uma prática saudável de relacionamento da criatura (que já dispõe de semelhante conhecimento para tal) com seu criador e com outros seres (os Espíritos), mais próximos, visando o equilíbrio do corpo espiritual que é fundamental para o equilíbrio e sucesso da vida do ser. Esse equilíbrio é conseguido não somente pela prece mas igualmente pelo ajuste das atividades do indivíduo segundo as práticas do bem.
Não existe nenhuma fórmula explícita para a oração, nem número ou extensão, mas tem como quesito fundamental que seja praticada com o coração acima de tudo. Isto quer dizer que o indivíduo deve estar consciente de suas responsabilidades perante as faltas que houver cometido contra os outros (se as tiver) antes de procurar qualquer ajuda divina.
Não existe, também, "troca de favores" entre os homens e os Espíritos ou Deus. Os que assim pensam agir estão mal informados a respeito da verdadeira relação que deve existir entre os homens, Deus e os espíritos.
Finalmente, para dizer alguma coisa sobre a "libertação" vou fazer uma interpretação pessoal dessa palavra. Libertar significa restituir a liberdade aquele que se lhe foi subtraída. Se tratamos aqui da liberdade do ser, esta se encontra em sua liberdade de ir e vir, pensar e agir. Essa liberdade implica em certas Responsabilidades, já que ela tem um limite traçado no lugar onde começa a liberdade alheia.
O ser (ou Espírito) adquire liberdade a medida que ele evolui. Coincidentemente, ele também adquire felicidade. A evolução espiritual da criatura é, assim, sinônimo desse ganho de liberdade. O Espiritismo prescreve que isso é conseguido tão só (como disse) pelo ajuste dos atos da criatura à regras do bem, da ética e da felicidade dos semelhantes.
Toda moral espírita resume-se, portanto, àquela prescrita por Jesus em seus evangelhos e que foram resumidas pela regra áurea de "não fazer aos outros aquilo que se não gostaria fosse feito a si mesmo" acrescida do "amar aos outros como assim mesmo". Por "outros" ou "próximos" o Espiritismo entende todas as criaturas que estão próximas, ou seja, em contato com o ser (e não aquelas que lhe são caras).
Como Jesus ainda tenha acrescentado o "assim como eu vos amei", a prática desse amor tem como modelo o próprio Jesus.
O ponto fundamental da regra áurea trazido por Jesus está na misericórdia que deve guiar os atos do indivíduo, princípio enunciado no "amar aos seus inimigos", de ainda muito difícil aceitação na atualidade. Finalmente o Espiritismo entende que essa "libertação" espiritual se estende a todos os indivíduos na Terra, não há condição para que eles pertençam a essa ou aquela denominação religiosa (nem mesmo ao próprio Espiritismo).

Ademir Luiz Xavier Junior

Atividades Comemorativas

As polêmicas envolvendo o Espiritismo

Wellington Balbo – Bauru - SP

Na última semana foram duas polêmicas envolvendo o Espiritismo. A primeira com os jogadores do Santos Futebol Clube que se recusaram a entrar em instituição espírita para distribuição de ovos de páscoa. Os atletas merecidamente foram criticados pela opinião pública. Sem querer fizeram o espiritismo entrar na mídia esportiva. Foram debates acalorados em diversos programas e até rasgados elogios do comentarista Neto, da TV Bandeirantes, ao nosso querido Chico Xavier.

Como pode perceber o caro leitor, o feitiço virou contra o feiticeiro. A segunda e mais recente polêmica refere-se a ingênua reportagem da revista SUPERINTERESSANTE tentando desmerecer a figura notável de Chico Xavier. Obviamente não obtiveram êxito. A vida de Chico é um hino à verdade. Sem contar que o médium mineiro é cidadão do mundo, amado pelas pessoas independentemente de religião. Prova disso é o sucesso do filme sobre a sua vida que vem lotando os cinemas do Brasil. Chico é muito maior que essas querelas. Constatamos que o editor e a jornalista da SUPERINTERESSANTE foram muito inocentes na elaboração da matéria. Não pesquisaram e expuseram-se ao ridículo.

Sempre digo aos alunos: Vai estudar, menino! Vai estudar pra não falar besteira! Os responsáveis pela revista falaram muita besteira.

Aconselho-os: Vão estudar, vão estudar pra não escrever besteiras!

Os espíritas naturalmente mostraram indignação diante de tamanhas abobrinhas. Richard Simonetti, um dos grandes pensadores espíritas da atualidade, tratou de jogar luz no assunto e elaborou esclarecedora carta ao editor da revista. A manifestação do escritor bauruense está “voando baixo” pela internet. Alamar Régis e outros espíritas também manifestaram a opinião de forma contundente contra a reportagem.

Excelente essas manifestações, pois vemos a Doutrina Espírita recebendo atenção. Certamente inúmeras pessoas irão ler sobre as polêmicas e buscar verificar quem está com a razão. Quem sabe surgirão mais estudiosos das leis da vida tão bem explicadas pela espiritualidade.

A propósito, lembro-me de um comentário de Kardec que consta na obra Viagem Espírita em 1862. Narra o codificador que um pregador aventurou-se na tribuna e sem piedade levantou vozes contra o espiritismo. Pregava entusiasmado: Espiritismo é coisa do demônio! Doutrina anticristã!

No entanto, a platéia que o escutava jamais ouvira falar de Doutrina Espírita. O desavisado pregador atiçou a curiosidade das pessoas presentes na platéia para conhecer o tal de Espiritismo. Conta Kardec que algum tempo depois naquele local nascia um grupo de estudos para conhecer a Doutrina Espírita que fora tão mal apresentada pelo orador.

As críticas infundadas e os absurdos que atualmente algumas pessoas cometem contra o Espiritismo irão alçá-lo cada vez mais ao patamar de destaque que merece, porquanto os críticos serão combatidos e surpreendidos em suas incoerências por estudiosos da doutrina codificada por Allan Kardec que, diga-se de passagem, jamais se calarão ante asneiras proferidas por palpiteiros de plantão.

Os atletas do Santos e jornalistas da SUPERINTERESSANTE obviamente não sabem que em sua ignorância, à semelhança daquele pregador desinformado, abriram mais janelas para a penetração das idéias que tentaram combater. Pela excelência de seus princípios o Espiritismo entrará por essas brechas abertas pelos desavisados, quer eles queiram ou não.

Fonte:www.garanhunsespirita.com.br

NOTA DE GARANHUNS ESPÍRITA: Reputamos de grande importância o artigo enviado por Sônia

A Propósito das Homenagens a Chico Xavier

por Cláudio Luciano

Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? “Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.” (01)

"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus." (02)

Muito se tem falado e escrito sobre as homenagens pelo centenário do nascimento de Francisco Cândido Xavier: são artigos, palestras, filmes, eventos dos mais diversos e em diversas partes do nosso país, quiçá do planeta. Alguns defendem ardorosamente e outros a combatem como a uma praga.

Acho que o amigo leitor já deve ter percebido, pelas citações acima, a tendência que seguirá este modesto artigo: sou a favor!

Vemos todos os dias, a criatura humana homenagear pessoas, encarnadas ou desencarnadas, algumas notoriamente equivocadas em sua conduta. Vemos criminosos serem admirados por seus feitos, como se fossem heróis, Hobins Hoods modernos.

Lembro bem que, há alguns anos, propuseram a construção de uma estátua para Lampião, o Rei do Cangaço e foi a maior confusão, principalmente, porque um dos soldados que participou da morte de Lampião ainda estava vivo (se ainda está, não sei) e criticou duramente a idéia: homenagear um assassino!

Muito se tem dito que Chico “deve estar sofrendo com isso” — será mesmo? Alguém já recebeu mensagens dele, dele mesmo (03), destaco, afirmando isso? Todos nós sabemos que o Chico era e é muito humilde, mas isso não invalida a lembrança dos seus feitos. Muito pelo contrário, vem reforçar a necessidade de divulgá-los para todo o mundo.

Ora, é bastante curioso que vivemos reclamando que ninguém faz o bem, que só os maus conseguem vitórias. A mídia, principalmente, adora divulgar tudo o que não presta em nosso mundo e quando surge a oportunidade de divulgar a vida e a obra de alguém que fez e faz realmente a diferença, surgem críticas de todos os lados?

Terá Chico passado procuração para as pessoas falarem em nome dele dizendo que não queria homenagens?

Quando encarnado, ele recebeu várias homenagens e não foi grosso com ninguém. Soube ser humilde! O único cuidado que é preciso ter é com o endeusamento ao médium. Isso deve passar longe de nossas mentes. Se fosse católico, já teria sido canonizado como o segundo santo brasileiro, e como até os Espíritas têm essa mania de endeusar médiuns, é preciso muito cuidado.

Homenagear Chico é mostrar ao mundo que existem pessoas boas que fazem o Bem conforme os preceitos do Evangelho.

Homenagear Chico é mostrar ao mundo um corajoso e valoroso médium Espírita que o mundo conheceu; que soube caminhar por entre pedras e espinhos, entre pessoas de diversas classes, que não criticou a crença de ninguém e que, nem mesmo desencarnado, deixa de ser alvo de críticas e o pior, dos próprios Espíritas!

O único senão, com o qual concordamos, é o custo dos eventos: têm de ser barateados, caso contrário estaremos elitizando o Movimento Espírita. Não é preciso realizar congressos em locais caríssimos sob o pretexto de conforto. Eventos Espíritas tem de ser abertos ao público de todas as classes e ponto final.

Fizeram um filme sobre Chico? Que bom! Deveriam fazer uns dez ou mais! Ora, esta! Corremos ao cinema para assistir filmes de monstros, guerras, vampiros, paixões de Cristo e não podemos ter um filme Espírita, por conta da humildade de Chico? Todo ano, no mês de abril deveríamos comemorar o nascimento de Chico, para que ninguém esqueça da sua história.

Quem não se lembra quando Fernando Collor de Melo o visitou? Teve gente criticando o Chico por isso. Ainda mais essa! Quando artistas famosos o visitavam? Tinha gente falando mal do Chico.

Se Chico tivesse sido um criminoso famoso, já teria vários filmes, peças, livros e por ai vai.

Vamos sim, prestar homenagens ao Chico, um legítimo apóstolo de Jesus para que a luz dele brilhe, como determinou Jesus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”

A humildade é um anjo mudo, afirma André Luiz e o Chico sempre foi mudo, sempre foi esse anjo!

Agora, será que deveríamos deixar em branco a lembrança de Chico somente porque ele é humilde de coração? Então vamos esquecer também de Kardec, chamado por Flamarion de “o bom senso encarnado” e não nos preocuparmos com a história do Espiritismo no Brasil e no mundo, até que um dia alguém pergunte: quem foi esse tal de Chico? Nunca ouvi falar! Vamos esquecer Bezerra, Yvonne Pereira e tantos outros legítimos seguidores do Cristo de Deus?

Ou será que preferimos os heróis que morreram de overdose?