BIOGRAFIA
Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu em Lion, França, em 3 de outubro de 1804. Era filho de um juiz, Jean Baptiste Antoine Rivail, e sua mãe chamava-se Jeanne Louise Duhamel. O professor Rivail fez em Lion os seus primeiros estudos e completou em seguida a sua bagagem escolar, em Yverdon (Suíça), com o célebre professor Pestalozzi, de quem cedo se tornou um dos mais eminentes discípulos, colaborador inteligente e dedicado. Filho de pais católicos foi criado no Protestantismo, mas não abraçou nenhuma dessas religiões, preferindo situar-se na posição de livre pensador e homem de análise. Compungia-lhe a rigidez do dogma que o afastava das concepções religiosas. O excessivo simbolismo das teologias e ortodoxias tornava-o incompatível com os princípios da fé cega. Aplicou-se, de todo o coração, à propaganda do sistema de educação do Professor Pestalozzi que exerceu tão grande influência sobre a reforma dos estudos na França e na Alemanha. Muitíssimas vezes, quando Pestalozzi era chamado pelos governos, para fundar institutos semelhantes ao de Yverdon, confiava a Denizard Rivail o encargo de substituí-lo na direção da sua escola. Lingüista insigne conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente exprimir-se nesta língua. Situado nessa posição, em face de uma vida intelectual absorvente, foi o homem de ponderação, de caráter ilibado e de saber profundo, No mundo literário, conhece a culta professora Amélie Gabrielle Boudet, com quem contrai matrimônio, no dia 6 de fevereiro de 1832, mas o casal não teve filhos.
- Plano Proposto para o Melhoramento da Instrução Pública (1828);
- Curso Teórico e Prático de Aritmética, segundo o método Pestalozzi, para uso dos professores e mães de família (1829);
- Gramática Francesa Clássica (1831);
- Manual para Exames de Capacidades; Soluções Racionais de Questões e problemas de Aritmética e Geometria (1846);
- Catecismo Gramatical da Língua Francesa (1848);
- Programas de cursos Ordinários de Física, Química, Astronomia e Fisiologia, que professava no Liceu Polimático; Ditados normais dos exames da Prefeitura e da Sorbone, acompanhados de Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas (1849).
Além das obras didáticas, Rivail também fazia contabilidade de casas comerciais, passando então a ter uma vida tranqüila em termos monetários. Seu nome era conhecido e respeitado e muitas de suas obras foram adotadas pela Universidade de França.
-“Eu crerei quando vir, e quando conseguirem provar-me que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que pode se tornar sonâmbula; até que isso se dê, dêem-me a permissão de não enxergar nisso mais que um conto para provocar o sono”.
Depois da estranheza e da descrença inicial, Rivail começa a cogitar seriamente na validade de tais fenômenos e continua em seus estudos e observações, mais e mais convencido da seriedade do que estava presenciando. Eis o que ele nos relata:
-“De repente encontrava-me no meio de um fato esdrúxulo, contrário, à primeira vista, às leis da natureza, ocorrendo em presença de pessoas honradas e dignas de fé. Mas a idéia de uma mesa falante ainda não cabia em minha mente”.
Após algumas sessões, começou a questionar para descobrir uma resposta lógica que pudesse explicar o fato de objetos inertes emitirem mensagens inteligentes. Admirava-se com as manifestações que lhe indicavam, naquele momento, que por detrás delas havia uma causa inteligente responsável pelos movimentos. Desconfiado de que atrás daqueles fenômenos poderia estar como que a revelação de uma nova lei, resolveu investiga-los a fundo.
As "forças invisíveis" que se manifestavam nas sessões de mesas falantes diziam que eram as almas de homens que já haviam vivido na Terra. O Codificador intrigava-se mais e mais. Num desses trabalhos, uma mensagem foi destinada especificamente a ele. Um Espírito chamado Verdade disse-lhe que tinha uma importante missão a desenvolver. Daria vida a uma nova doutrina filosófica, científica e religiosa. O professor Rivail afirmou que não se achava um homem digno de uma tarefa de tal envergadura, mas que sendo o escolhido, tudo faria para desempenhar com sucesso as obrigações de que fora incumbido.
O desenvolvimento da Codificação Espírita basicamente teve início na residência da família Baudin, no ano de 1855. Na casa havia duas moças que eram médiuns. Tratava-se de Julie e Caroline Baudin, de 14 e 16 anos, respectivamente. Através da "cesta-pião", um mecanismo parecido com as mesas girantes, o professor Rivail fazia perguntas aos Espíritos desencarnados, que as respondiam por meio da escrita mediúnica. À medida que as perguntas do professor iam sendo respondidas, ele percebia que ali se desenhava o corpo de uma doutrina e se preparou para publicar o que mais tarde se transformou na primeira obra da Codificação Espírita. A forma pela qual os Espíritos se comunicavam no princípio era através da cesta-pião que tinha um lápis em seu centro. As mãos das médiuns eram colocadas nas bordas, de forma que os movimentos involuntários, provocados pelos Espíritos, produzissem a escrita. Com o tempo, a cesta foi substituída pelas mãos dos médiuns, dando origem à conhecida psicografia. Das consultas feitas aos Espíritos, nasceu "O Livro dos Espíritos", lançado em 18 de abril de 1857, descortinando para o mundo todo um horizonte de possibilidades no campo do conhecimento. A partir daí, o professor Rivail dedicou-se intensivamente ao trabalho de expansão e divulgação da Boa Nova. Viajou 693 léguas, visitou vinte cidades e assistiu mais de 50 reuniões doutrinárias de Espiritismo.
A esse tempo o mundo estava voltado, em sua curiosidade, para os inúmeros fatos psíquicos que, por toda a parte, se registravam e que, pouco depois, culminaram no Advento da altamente Consoladora Doutrina que recebeu o nome de Espiritismo, tendo como seu codificador, o educador emérito e imortal de Lyon: Hippolyte Léon Denizard Rivail. Pelo seu profundo e inexcedível amor ao bem e à verdade, o professor Rivail edificou para todo o sempre o maior monumento de sabedoria que a Humanidade poderia ambicionar, desvendando os grandes mistérios da vida, do destino e da dor, pela compreensão racional e positiva das múltiplas existências, tudo à luz meridiana dos postulados do Cristianismo.
O Espiritismo ou Doutrina Espírita não era, entretanto, criação do homem e sim uma Revelação Divina à Humanidade para a defesa dos postulados legados pelo Rabi da Galiléia (Jesus Cristo), numa época em que o materialismo avassalador conquistava as mais brilhantes inteligências e os cérebros proeminentes da Europa e das Américas.
A Codificação da Doutrina Espírita colocou Allan Kardec (pseudônimo adotado pelo professor Rivail) na galeria dos grandes missionários e benfeitores da Humanidade. A sua obra é um acontecimento tão extraordinário como a Revolução Francesa. Esta estabeleceu os direitos do homem dentro da sociedade, aquela instituiu os liames do homem com o universo, deu-lhe as chaves dos mistérios que assoberbavam os homens, dentre eles o problema da chamada morte, os quais até então não haviam sido equacionados pelas religiões. A missão do mestre, como havia sido prognosticada pelo Espírito de Verdade, era de escolhos e perigos, pois ela não seria apenas de codificar, mas principalmente de abalar e transformar a Humanidade. A missão foi-lhe tão árdua que, em nota de 1º. de janeiro de 1867, Kardec referia-se as ingratidões de amigos, a ódios de inimigos, a injúrias e a calúnias de elementos fanatizados. Entretanto, ele jamais esmoreceu diante da tarefa.
O seu pseudônimo, Allan Kardec, tem a seguinte origem: Uma noite, o Espírito que se autodenominava “Z”, deu-lhe, por um médium, uma comunicação toda pessoal, na qual lhe dizia, entre outras coisas, tê-lo conhecido em uma precedente existência, quando, ao tempo dos Druidas, viviam juntos nas Gálias. Ele, o professor Rivail, se chamava, então, Allan Kardec, e, como a amizade que lhe havia votado só fazia aumentar, prometia-lhe esse Espírito secundá-lo na tarefa muito importante a que ele era chamado, e que facilmente levaria a termo. No momento de publicar o Livro dos Espíritos, o autor ficou muito embaraçado em resolver como o assinaria se com o seu nome, Hippolyte Léon Denizard Rivail, ou com um pseudônimo. Sendo o seu nome muito conhecido do mundo científico, em virtude dos seus trabalhos anteriores, e podendo originar uma confusão, talvez até mesmo prejudicar o êxito da divulgação da Doutrina Espírita, ele adotou o alvitre de assiná-lo com o nome de Allan Kardec, pseudônimo que adotou definitivamente.
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