quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Quinta Parte. 1 - Filosofia com bases científicas e consequências morais

1. Ciência — método científico

Os fenómenos mediúnicos, tão antigos quanto o ser humano à face da Terra, sempre chamaram a atenção para a realidade da vida espiritual. Todavia, foram sempre revestidos pelo carácter do maravilhoso e do sobrenatural, tão ao gosto das religiões primitivas, e das tradicionais. Outras vezes, as manifestações dos espíritos eram explicadas como obra demoníaca, por princípios religiosos que persistem até hoje, desencorajando, e mesmo proibindo, através do poder religioso constituído, toda a pesquisa ou estudo que visasse esclarecer a causa dos referidos fenómenos. Tornou-se necessário que o tempo passasse, que o homem amadurecesse e, como consequência, houvesse a libertação do conhecimento, para que a explicação racional desses factos pudesse ser encontrada.

No estudo dos fenómenos que concorreram para a elaboração do espiritismo, Allan Kardec, da mesma forma que nas ciências positivas, aplicou o método experimental. Não criou nenhuma teoria preconcebida e nem apresentou a priori, como hipótese a existência e a intervenção dos espíritos, concluindo pela existência destes quando ela foi evidenciada pela observação dos factos. «Não foram os factos que vieram, a posteriori, confirmar a teoria, a teoria é que veio, subsequentemente, explicar e reunir os factos.»

Como vimos na sessão anterior, foi a partir dos fenómenos das mesas girantes que Allan Kardec iniciou a sua pesquisa, em busca da explicação para esse facto tão singular, e de tantos outros compreendidos na fenomenologia mediúnica.

Nascia, assim, uma nova ciência, que viria romper vínculos a quaisquer resíduos mágicos e superstição, demonstrando a existência do princípio espiritual, as propriedades dos fluidos espirituais e a acção deles sobre a matéria. Demonstrou a existência do perispírito - ou corpo espiritual -, assinalado por diversos pensadores, em várias épocas, reconhecendo nele o corpo fluídico da alma, mesmo depois da destruição do corpo físico.

Esse invólucro é inseparável da alma, é um dos elementos constitutivos do ser humano, é o veículo de transmissão do pensamento e serve de laço entre o espírito e a matéria.

A parte experimental do espiritismo está contida em «O Livro dos Médiuns », editado em 1861, que, segundo Allan Kardec, na apresentação da referida obra, «contém o ensino especial dos espíritos sobre a teoria de todos os géneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do espiritismo».

Nesta obra, Kardec dá ênfase ao perispírito, elemento indispensável para a explicação da mediunidade, e faz também um relato da evolução dos processos de comunicação com os espíritos, desde as mesas girantes até à psicografia, ou seja, a escrita através da mão do médium.

O espiritismo, enquanto ciência, tem o seu objecto e o seu método.

O seu objecto centra-se "nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos". É "uma ciência de observação".

O método científico, assim é ensinado nas escolas, decompõe-se em várias fases: 1. Observação; 2. Formulação de hipóteses explicativas do fenómeno; 3. Fase em que se testa experimentalmente a hipótese tida como reveladora do mecanismo do fenómeno; 4. Enunciar a lei.

Quem estuda a história da codificação do espiritismo vai encontrar este percurso a ser percorrido por Kardec. Evidentemente que este tipo de fenómenos não tão simples de pesquisar como uma experiência química processada em laboratório. Há que fazer adaptações. Os espíritos são pessoas sem corpo físico, que têm a sua vontade própria, podem não estar dispostos a tentar as experiências que os experimentadores pretendem fazer; a isto acresce a necessidade de se verificar todo um conjunto complexo de circunstâncias físicas, psicológicas e outras, para que o fenómeno possa ocorrer.

1.1. Esclarecimento de conceitos diversos: empirismo, dogmatismo, cepticismo, agnosticismo

Há vários conceitos que importa aclarar, a fim de que a prática espírita não se transtorne com eles e, diante da dificuldade de estudar mais profundamente estes fenómenos, não possam eles tornar-se companhias indesejáveis, susceptíveis de subverter, das maneiras mais confusas, os objectivos de serviço e fraternidade à luz do espiritismo, que estarão sempre por detrás do centro espírita.

Comecemos pelo empirismo. Segundo o dicionário, "conjunto de conhecimentos colhidos apenas na prática" e "doutrina filosófica segundo a qual todo o conhecimento humano deriva, directa ou indirectamente, da experiência". Vejamos um exemplo comum de uma constatação empírica - "Enquanto escrevo, olho pela janela. Vejo o céu azul e o Sol. Ainda há pouco ele estava mais alto. Porém, agora, passadas umas duas horas, ele está mais baixo". A leitura empírica deste fenómeno aparente de deslocação do Sol é esta: o Sol move-se no céu, e os meus olhos bem viram isso. A leitura científica deste mesmo fenómeno seria feita mais ou menos assim: "Porque a Terra rola no espaço e eu me encontro, à vista desarmada, sem referencial fixo para determinar o movimento da Terra em relação ao Sol, os meus sentidos enganam-me e fazem-me pensar erradamente, que é o Sol que se move, embora seja, de facto, a rotação da Terra que me causa esse lapso". Exemplos de empirismo, e mais grave do que isso, na prática espírita: "Não cruze as pernas numa reunião espiritual, porque isso basta para quebrar a corrente fluídica"; "Se eu não for ao passe magnético não me sinto bem", etc.

Dogmatismo: "Atitude de quem afirma com intransigência, de quem afirma sem prova nem crítica prévia"; admite a possibilidade do conhecimento absoluto. É próprio das religiões e é a moldura perfeita para qualquer exercício de fé cega. Responsável por graves crimes contra a humanidade - ex: Inquisição.

Quanto ao cepticismo, o dicionário define-o assim: "Doutrina filosófica que defende que o homem não é capaz de alcançar a certeza" e "descrença".

O agnosticismo é um "sistema filosófico segundo o qual o espírito humano ainda se encontra impossibilitado de alcançar, sobre certos fenómenos, um conhecimento absoluto. O agnóstico, sem provas, não acredita nem descrê - aguarda pela oportunidade de recolher dados que lhe permitam retirar conclusões racionais.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Quinta Parte

filosofia com bases científicas e consequências morais

Tendo aparecido numa época de emancipação e madureza intelectual, em que o homem queria saber o porquê e o como de cada coisa, o espiritismo surgiu não somente como as revelações anteriores, através de um ensino directo, mas também como fruto do trabalho da pesquisa e do livre exame, deixando ao homem o direito de submeter tudo ao cadinho da razão.

Pelo método aplicado na observação dos factos, pelas respostas que oferece às profundas indagações do espírito humano, com reflexos inevitáveis no modo de proceder das pessoas, salienta-se que o espiritismo é uma doutrina de tríplice aspecto: científico, filosófico e moral.

No livro "O que é o Espiritismo", Allan Kardec diz-nos que «o espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações.»

1. Ciência - método científico

Os fenómenos mediúnicos, tão antigos quanto o homem à face da terra, sempre chamaram a atenção para a realidade da vida espiritual.

O espiritismo, surgindo numa época de emancipação e madureza intelectual, procedeu, na sua elaboração, da mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental.

O espiritismo experimental estudou as propriedades dos fluidos espirituais e demonstrou a existência do perispírito.

A parte experimental do espiritismo está contida em «O Livro dos Médiuns», editado em Paris, França, em 1861.

2. Filosofia - novos campos para o conhecimento

As grandes questões da alma permaneceram por muito tempo encobertas pelo véu do mistério e do dogma.

A libertação do conhecimento, nos tempos modernos, permitiu ao homem questionar os princípios filosóficos dogmáticos, incapazes de resistirem ao mínimo critério de lógica.

A filosofia espírita está consubstanciada em «O Livro dos Espíritos», editado em 1857.

As bases da doutrina espírita foram estabelecidas por Allan Kardec, através da análise e selecção das comunicações dos espíritos, usando o critério da universalidade e concordância do ensino dos espíritos à luz da razão.

O espiritismo propugna pela fé raciocinada.

Os pontos fundamentais do espiritismo são: Deus; o espírito e a sua imortalidade; comunicabilidade dos espíritos; a reencarnação; pluralidade dos mundos habitados; leis morais.

3. Moral - aperfeiçoamento interior

O homem primitivo, não podendo explicar os fenómenos naturais, atribuía-os a uma potência superior, que ele passou a reverenciar, surgindo as formas primitivas de culto.

O espiritismo não tem formas exteriores de adoração, nem sacerdotes, nem liturgia.

A parte moral do espiritismo está contida em «O Evangelho Segundo o Espiritismo», editado em 1864.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Quarta Parte dos Precursores das Doutrina Espírita

O QUE É O ESPIRITISMO?

Allan Kardec, em “Obras Póstumas”, explica que nos seus estudos de espiritismo aplicou à nova ciência o método experimental, bem como o método indutivo, e jamais elaborou teorias preconcebidas; “observava cuidadosamente, comparava, deduzia consequências; dos efeitos procurava remontar à causa, por dedução e pelo encadeamento lógico dos factos, não admitindo por válida uma explicação senão quando resolvia todas as dificuldades da questão”.

Acrescenta ele: “Um dos primeiros resultados que colhi das minhas observações foi que os espíritos, nada mais sendo que as almas dos homens, não possuíam a plena sabedoria, nem a ciência integral; que o saber de que dispunham se circunscrevia ao grau que haviam alcançado, de adiantamento. (...) Reconhecida desde o princípio, esta verdade preservou-me do grave escolho de crer na infalibilidade dos espíritos e impediu-me de formular teorias prematuras, tendo por base o que fora dito por um ou alguns deles”.

“O simples facto da comunicação com os espíritos, dissessem eles o que dissessem, provava a existência do mundo invisível ambiente. Já era um ponto essencial, um imenso campo aberto às nossas explorações, a chave de inúmeros fenómenos até aqui inexplicados. O segundo ponto, não menos importante, era que aquela comunicação permitia que se conhecesse o estado desse mundo, seus costumes, (...).Cada espírito, em virtude de sua posição pessoal e de seus conhecimentos, me desvendava uma face daquele mundo, do mesmo modo que se chega a conhecer o estado de um país interrogando habitantes seus de todas as classes, não podendo um só, individualmente, informar-nos de tudo. Compete ao observador formar o conjunto, por meio dos documentos colhidos de diferentes lados, coleccionados, coordenados e comparados uns com os outros. Conduzi-me, pois, com os espíritos, como houvera feito com os homens. Para mim, eles foram, do menor ao maior, meios de me informar, e não reveladores predestinados”.

“Tais as disposições com que empreendi meus estudos, e nelas prossegui sempre. Observar, comparar e julgar, essa sempre a regra que segui”.

E no seu livro “O que é o Espiritismo” o codificador explica, sumariamente:

O espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática consiste na relações que se estabelecem entre nós e os espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações”.

E conclui: "Podemos defini-lo assim: o espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como das suas relações com o mundo corporal”.

CONSOLADOR

“Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito de Verdade, a quem o mundo não pode receber porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. – Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito”. (S. João, cap. XIV v.15,16,17,26).

É o espiritismo o consolador prometido por Jesus; é o Santo Espírito — o Paracleto, que em seu nome o Pai enviou para dar ao homem o “conhecimento das coisas, fazendo que ele saiba de onde vem, para onde vai e porque está na Terra: atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança”.

Assim como Cristo disse “Não vim destruir a lei, porém, cumpri-la”, também o espiritismo diz “Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução”. – “Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda a gente, o que foi dito apenas em forma alegórica”.

“O espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade (...) Vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras e alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem (...) trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores”.

A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação: o Novo Testamento tem-na no Cristo. O espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não tem a personificá-lo nenhuma individualidade, porque é fruto dado não por um homem, mas pelos espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra”. (...)

Tem por divisa “Fora da caridade não há salvação”. Aos seus adeptos oferece um imperativo de iluminação: “Espíritas, amai-vos, este é o primeiro ensinamento; instruí-vos, este é o segundo”.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

AS MESAS GIRANTES TERCEIRA PARTE

Uma série progressiva de fenómenos ajudava ao surgimento da doutrina espírita.

“O primeiro facto observado foi o da movimentação de objectos diversos. Designaram-no, vulgarmente, pelo nome de mesas girantes ou dança das mesas”.

Tal fenómeno parece ter sido notado primeiramente na América do Norte, de forma intensa, e propagou-se pelos países da Europa, como a França, a Inglaterra, a Alemanha, a Holanda e até a Turquia, nos meados do século XIX, tendo como marco, especialmente, o ano de 1848, com os fenómenos de Hydesville já estudados, envolvendo a família Fox. Todavia, a história regista que ele remonta à mais alta Antiguidade, tendo-se produzido de formas estranhas, como ruídos insólitos, pancadas sem nenhuma causa ostensiva.

“A princípio quase só encontrou incrédulos, porém, ao cabo de pouco tempo, a multiplicidade de experiências não mais permitiu que pusessem em dúvida a realidade”.

O fenómeno das pancadas, ou batidas, foi chamado “raps” ou “echoes”; o das mesas girantes, ou moventes, de “table-moving”, para os ingleses, “table-volante” ou “table-tournante”, para os franceses. No início, nos Estados Unidos da América, os espíritos só se comunicavam pelo processo trabalhoso, e de grande morosidade, de alguém dizer em voz alta o alfabeto e o espírito era convidado a indicar por “raps” ou “echoes”, no momento em que fossem pronunciadas as letras que, reunidas, deviam compor as palavras que queria dizer. Era a telegrafia espiritual.

“Os próprios espíritos indicaram, em fins de 1850, uma nova maneira de comunicação: bastava, simplesmente, que se colocassem ao redor de uma mesa, em cima da qual se poria as mãos. Levantando um dos pés, a mesa daria (enquanto se recitava o alfabeto) uma pancada toda a vez que fosse proferida a letra que servia ao espírito para formar as palavras. Esse processo, ainda que muito lento, produziu resultados excelentes, e assim se chegou às mesas girantes e falantes”.

“ Há que notar que a mesa não se limitava a levantar-se sobre um pé para responder às perguntas que se faziam; movia-se em todos os sentidos, girava sob os dedos dos experimentadores, às vezes elevava-se no ar, sem que se descobrissem as forças que a tinham suspenso”.

O fenómeno das mesas girantes propagou-se rapidamente, e durante muito tempo entreteve a curiosidade dos salões. Depois, aborreceram-se dele, pois a gente frívola, que apenas imita a moda, o considerou como simples distracção.

As pessoas criteriosas e observadoras, todavia, abandonaram as mesas girantes por terem “ visto nascer delas algo sério, destinado a prevalecer”, e “passaram a ocupar-se com as consequências a que o fenómeno dava lugar, bem mais importantes nos seus resultados. Deixaram o alfabeto pela ciência, tal o segredo desse aparente abandono” (...)

“As mesas girantes representarão sempre o ponto de partida da doutrina espírita” e merecem, por isso, alguma explicação, para que, conhecendo-se as causas, facilitada será a chave para a decifração dos efeitos mais complexos.

Para que o fenómeno se realize há necessidade da intervenção de uma ou mais pessoas dotadas de especial aptidão, designadas pelo nome de médiuns. (...)

Muitas vezes um poderoso médium produzirá sozinho mais do que vinte outros juntos. Basta colocar as mãos na mesa para que, no mesmo instante, ela se mova, erga , revire, dê saltos ou gire com violência.

A princípio, supôs-se que os efeitos poderiam explicar-se pela acção de uma corrente magnética, ou eléctrica, ou ainda pela de um fluído qualquer. (...) Outros factos, entretanto, demonstraram ser esta explicação insuficiente. Estes factos são as provas de inteligência que eles deram. Ora, como todo o efeito inteligente há-de, por força, derivar de uma causa inteligente, ficou evidenciado que, mesmo admitindo-se, em tais casos, a intervenção da electricidade, ou de qualquer outro fluido, outra causa a essa se achava associada. Qual era? Qual a inteligência”?

As observações e as pesquisas espíritas realizadas por Allan Kardec, e outros sábios, demonstraram que a causa inteligente era determinada pelos espíritos, que podiam agir sobre a matéria, utilizando o fluido fornecido pelos médiuns, isto é, meios ou intermediários entre os espíritos e os homens, gerando, assim, as manifestações físicas e as manifestações inteligentes.

Aperfeiçoaram-se os processos. As comunicações dos espíritos não se detiveram nas manifestações das mesas girantes. Evoluíram para as cestas e pranchetas, nas quais se adaptavam lápis, e as comunicações passaram a ser escritas – era a psicografia indirecta. Posteriormente, eliminaram-se os instrumentos e apêndices: o médium, tomando directamente o lápis, passou a escrever por um impulso involuntário e quase febril – era a psicografia directa.

ALLAN KARDEC - Um homem destinado a uma missão

O professor Hippolyte Léon Denizard Rivail — Allan Kardec — interessou-se pelos fenómenos espíritas no ano de 1855, quando o sr. Carlotti, seu amigo há 25 anos, lhe falou, pela primeira vez, da intervenção dos espíritos, e conseguiu aumentar as suas dúvidas sobre tais fenómenos.

Inicialmente, o professor Rivail esteve a ponto de abandonar as investigações, porquanto não era positivamente um entusiasta das manifestações espíritas... quase deixou de frequentar as sessões, não o fazendo em atenção aos pedidos do sr. Carlotti, e de um grupo de intelectuais que, confiando na sua inteligência, competência e honestidade, delegaram-lhe a ingente tarefa de compilar, separar, comparar, condensar e coordenar as comunicações que os espíritos lhes ditaram. Assinala Kardec que foram as meninas Baudin (Julie e Caroline – 14 e 16 anos de idade) as médiuns que mais concorreram para esse trabalho, sendo quase todo o livro escrito por intermédio delas e na presença de selecta e numerosa assistência.

Foi, então, a casa da sonâmbula srª. Roger, em companhia do sr. Fortier, seu hipnotizador, e ali encontrou o sr. Pâtier e a srª. Plainemaison, que lhe falaram dos mesmos fenómenos referidos por Carlotti, mas em tom mais ponderado. O sr. Pâtier, funcionário público de meia-idade, muito instruído, de carácter sério, frio e calmo; de falar ajuizado, isento de qualquer arroubo, causou-lhe excelente impressão e, quando o convidou a assistir às experiências que se realizavam em casa da srª. Plainemaison, na Rua Grange-Batelière, n.º 18, em Paris, aceitou com sofreguidão. O encontro fora marcado para uma terça-feira de Maio de 1855, às oito horas da noite.

Já anteriormente, em 1854, o prof. Rivail ouviu “falar, pela primeira vez, das mesas girantes, pela boca do sr. Fortier, magnetizador, com o qual entrara em relações para os seus estudos sobre magnetismo”. O sr. Fortier um dia falou-lhe: “Eis uma coisa mais do que extraordinária — não somente magnetizam uma mesa, fazendo-a girar, mas também a fazem falar; perguntam coisas e a mesa responde”.

Allan Kardec replica: “Isto é outra questão: acreditarei quando puder ver com os meus próprios olhos e quando me provarem que a mesa tem um cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode tornar-se sonâmbula: por enquanto, seja-me permitido dizer que tudo isso me parece um conto para fazer dormir em pé”.

Em “Obras Póstumas”, Kardec comenta:

“Era lógico este raciocínio: eu concebia o movimento por efeito de uma força mecânica, mas, ignorando a causa e a lei do fenómeno, afigurava-se-me absurdo atribuir-se inteligência a uma coisa puramente material. Achava-me na posição dos incrédulos actuais, que negam porque apenas vêem um facto que não compreendem”.

Foi na casa da sr.ª Plainemaison, naquela terça-feira de Maio de 1855 já citada, que Hippolyte Léon Denizard Rivail assistiu pela primeira vez aos fenómenos das mesas que “giravam, saltavam e corriam, em condições tais que não deixavam lugar para qualquer dúvida. (... Eu entrevia, naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenómenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim estudar a fundo (...) Os médiuns eram as meninas Baudin (Julie e Caroline). (...) Aí, tive o ensejo de ver comunicações contínuas e respostas a perguntas formuladas, algumas vezes até a perguntas mentais, que acusavam, de modo evidente, a intervenção de uma inteligência estranha”. São declarações do codificador. (3).

E continua ele, em “Obras Póstumas”: “Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração que ia empreender; percebi, naqueles fenómenos, a chave do problema, tão obscuro e controvertido, do passado e do futuro da humanidade. A solução que eu procurava em toda a minha vida. (...) fazia-se mister, portanto, andar com a maior circunspecção, e não levianamente; ser positivista, e não idealista, para não me deixar iludir”.

Antes de dedicar-se ao estudo dos fenómenos espiritas, quem era Allan Kardec?

Ele “nasceu na cidade de Lyon, na França, a 3 de Outubro de 1804, recebendo o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail”.

“Os estudos de Kardec foram iniciados em Lyon, tendo-os completado em Yverdun, na Suíça, sob a direcção do célebre e inesquecível professor Pestalozzi”. (...) Teve uma sólida instrução, servida por uma robusta inteligência. Ele conhecia alemão, inglês, italiano, espanhol, holandês, sem falar na língua materna, e tinha grande cultura científica”.

O seu trabalho pedagógico é rico e extenso. Produziu, na França, uma dezena de obras sobre educação, no período de 1828 a 1849. Os seus livros foram adoptados pela Universidade de França. Traduzia para a língua alemã, que conhecia profundamente, diferentes obras de educação e moral e, dentre elas, “Telémaco”, de Fénelon.

Foi bacharel em Ciências e Letras. Membro de sociedades sábias da França, entre outras, da Real Academia de Ciências Naturais. Emérito educador, criou em Paris o Instituto Técnico, estabelecimento de ensino com base no método de Pestalozzi; foi professor no Liceu Polimático. Fundou, em sua casa, cursos gratuitos de química, física, anatomia comparada e astronomia, etc. Criou um método original, por processos mnemónicos, que levava o estudante a aprender e compreender as lições com facilidade e rapidez.

No ano de 1832 casou-se com Amélie Gabrielle Boudet, professora com diploma de I classe. A sua doce Gabi, como ele carinhosamente a chamava, ajudou-o intensamente, tanto nas suas actividades pedagógicas quanto no seu fecundo labor pela causa espírita.

Como homem, foi um homem de bem; caracter adamantino, as qualidades morais marcavam a sua personalidade; na vida, a coragem nunca lhe faltou; nunca desanimava; a calma foi um destaque de seu carácter; de temperamento jovial, de inteligência brilhante, marcada pela lógica e pelo bom senso; não fugia à discussão, quando a finalidade era esclarecer os assuntos.

“Allan Kardec foi o escolhido para tão elevada missão, como a de codificador, justamente pela nobreza de seus sentimentos e pela elevação do seu carácter, tudo aliado a uma sólida inteligência”.

“Ele sujeitava os seus sentimentos, os seus pensamentos, à reflexão. Tudo era submetido ao poder da lógica. (...) Nada passava sem o rigor do método, sem o crivo do raciocínio. Filósofo, benfeitor, idealista, dado às ideias sociais, possuía, ainda, um coração digno do seu carácter e do seu valor intelectual”.

«Conduzi-me, com os espíritos, como houvera feito com os homens. Para mim, eles foram, do menor ao maior, meios de me informar, e não reveladores predestinados. Tais as disposições com que empreendi meus estudos, e nelas prossegui sempre. Observar, comparar e julgar, essa a regra que constantemente segui.»

A partir do instante em que se dedicou ao estudo dos fenómenos de intervenção dos espíritos, no ano de 1855, na casa da srª. Plainemaison, até ao ano de 1869, quando desencarnou vitimado pelo rompimento de um aneurisma, num dia 31 de Março, trabalhou intensa e incansavelmente, tendo produzido o maior acervo da doutrina espírita.

Do seu trabalho gigantesco, relacionamos:

- O Livro dos Espíritos (1857) - O Livro dos Médiuns (1861) - O Evangelho Segundo o Espíritismo(1864) - O Céu e o Inferno (1865) - A Génese (1868)
Livros estes que constituem a base do espiritismo ou doutrina espírita.Kardec criou uma terminologia apropriada às coisas da nova doutrina. Entre outros, os vocábulos espírita, espiritista e espiritismo, que exprimiam, sem nenhum equívoco, as ideias relativas aos espíritos na orientação doutrinária espírita. Não confundir com espiritual, espiritualista e espiritualismo.

Produziu obras subsidiárias e complementares, de grande valor doutrinário, como “O que é o Espiritismo”, “Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita”, “Obras Póstumas”. Criou a "Revista Espírita", jornal de estudos psicológicos, periódico mensal que editou e preparou os originais de Janeiro de 1858 a Junho de 1869, e fundou, em Paris, a 1 de Abril de 1858, a primeira associação espírita regularmente constituída, sob a denominação de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Nestas rápidas anotações, não conseguimos dizer tudo a respeito do missionário da codificação espírita, senão registámos, apenas, aspectos gerais da sua magnífica personalidade. Sugerimos, entretanto, que os interessados consultem a bibliografia indicada, para melhor sentirem o valor extraordinário da sua vida e da sua obra.

O OUTRO LADO DA FESTA

Os preparativos para a grande festa estão sendo providenciados há meses.

As escolas de samba preparam, ao longo do ano, as fantasias com que os integrantes irão desfilar nas largas avenidas, em meio às arquibancadas abarrotadas de espectadores.

Os foliões surgem de diversos pontos do planeta, trazendo na bagagem um sonho em comum: “cair na folia”.

Pessoas respeitáveis, cidadãos dignos, pessoas famosas, se permitem “sair do sério”, nesses dias de carnaval.

Trabalhadores anônimos, que andam as voltas com dificuldades financeiras o ano todo, gastam o que não têm para sentir o prazer efêmero de curtir dias de completa insanidade.

Malfeitores comuns se aproveitam da confusão para realizar crimes nefastos, confundidos com a massa humana que pula freneticamente.

Jovens e adultos se deixam cair nas armadilhas viscosas das drogas alucinantes.

Esse é o lado da festa que podemos observar deste lado da vida. Mas há outro lado dessa festa tão disputada: o lado espiritual.

A música de Caetano que diz: “Atrás do trio elétrico, só não vai quem já morreu”, está totalmente equivocada, pois os queridos malfeitores das trevas, os “vagabundos do mundo oculto,” vão atrás sim e se vinculam aos foliões pelos fios invisíveis das preferências que estes trazem escondidas no seu íntimo.

Narram os Espíritos superiores que a realidade do carnaval, observada do além, é muito diferente e lamentavelmente mais triste. Multidões de Espíritos infelizes também invadem as avenidas num triste espetáculo de grandes proporções. Malfeitores das trevas se vinculam aos foliões pelos fios invisíveis do pensamento, em razão das preferências que trazem no mundo íntimo.

A sintonia, no Universo, como a gravitação, é lei da vida. Vive-se no lugar e com quem se deseja psiquicamente. Há um intercâmbio vibratório em todos e em tudo. E essa sintonia se dá pelos desejos e tendências acalentados na intimidade do ser e não de acordo com a embalagem exterior.

E é graças a essa lei de afinidade que os espíritos das trevas se vinculam aos foliões descuidados, induzindo-os a orgias deprimentes e atitudes grotescas de lamentáveis conseqüências.

Espíritos infelizes se aproveitam da onda de loucura que toma conta das mentes, para concretizar vinganças cruéis planejadas há muito tempo.

Tramas macabras são arquitetadas no além túmulo e levadas a efeito nesses dias em que momo reina soberano sobre as criaturas que se permitem cair na folia.

Nem mesmo as crianças são poupadas ao triste espetáculo, quando esses foliões das sombras surgem para festejar momo.

Quantos crimes acontecem nesses dias...quantos acidentes, quanta loucura...

Enquanto nossos olhos percebem o brilho dos refletores e das lantejoulas nas avenidas iluminadas, a visão dos espíritos contempla o ambiente espiritual envolto em densas e escuras nuvens criadas pelas vibrações de baixo teor.

E as conseqüências desse grotesco espetáculo se fazem sentir por longo prazo. Nos abortos realizados alguns meses depois, fruto de envolvimentos levianos, nas separações de casais que já não se suportam mais depois das sensações vividas sob o calor da festa, no desespero de muitos, depois que cai a máscara...

Por todas essas razões vale a pena pensar se tudo isso é válido. Se vale a pena pagar o alto preço exigido por alguns dias de loucura.

Os noticiários estarão divulgando, durante e após o carnaval, a triste estatística de horrores, e esperamos que você não faça parte dela.

Você sabia?

Você sabia que muitas das fantasias de expressões grotescas são inspiradas pelos espíritos que vivem em regiões inferiores do além?

É mais comum do que se pensa, que os homens visitem esses sítios de desespero e loucura durante o sono do corpo físico, através do que chamamos sonho.

Enquanto o corpo repousa o espírito fica semiliberto e faz suas incursões no mundo espiritual, buscando sempre os seres com os quais se afina pelas vibrações que emite.

Assim, é importante que busquemos sintonizar com as esferas mais altas, onde vivem espíritos benfeitores que têm por objetivo nos ajudar a vencer a difícil jornada no corpo físico.

Retirado do momento.com.br, baseado nos capítulos 6 e 23 do livro “Nas Fronteiras da Loucura”, ed. Leal.

. Minissérie da Globo com temática espírita


Mais uma produção com temática espírita chegará às telas de TV de todo o Brasil. Após o sucesso da novela “Escrito nas Estrelas”, de Elizabeth Jhin, a Rede Globo produzirá “A Cura”, de João Emanuel Carneiro. Com data de início ainda não divulgada, a minissérie será protagonizada por Selton Mello. Na produção, o ator dará vida a um médico “que se utiliza de poderes espirituais para ajudar na cura de seus pacientes”.
“A Cura” terá suas gravações iniciadas na segunda quinzena deste mês, em Diamantina (MG). A minissérie trará atores como Nívea Maria, Juca de Oliveira, Ana Rosa, Caco Ciocler, Ary Fontoura e Carmo Dalla Vecchia no elenco dirigido por Ricardo Waddington.

CINCO LEMBRETES ANTI-SUICÍDIO

1. A vida não acaba com a morte.
A morte não significa o fim da vida, mas somente uma passagem para uma outra vida: a espiritual.

2. Os problemas não acabam com a morte.
Eles são provas ou expiações, que nos possibilitam a evolução espiritual, quando os enfrentamos com coragem e serenidade. Quem acredita estar escapando dos problemas pela porta do suicídio está somente adiando a situação.

3. O sofrimento não acaba com a morte.
O suicídio só faz aumentar o sofrimento. Os espíritos de suicidas que puderam se comunicar conosco descrevem as dores terríveis que tiveram de sofrer, ao adentrar o Mundo Espiritual, devido ao rompimento abrupto dos liames entre o Espírito e o corpo. Para alguns suicidas o desligamento é tão difícil, que eles chegam a sentir seu corpo se decompondo. Além disso, há o remorso por ter transgredido gravemente a lei de Deus, perante a qual suicidar-se equivale a cometer um assassinato.

4. A morte não apaga nossas falhas.
A responsabilidade pelas faltas cometidas é inevitável e intransferível. Elas permanecem em nossa consciência até que a reparemos.

5. A Doutrina Espírita propicia esperança e consolação quando oferece a certeza da continuidade infinita da vida, que é tanto mais feliz quanto melhor suportamos as provas do presente.

livro: Palavras Simples, Verdades Profundas.
Rita Folker - EME Editora

MUITOS ESPÍRITAS ESTÃO DESENCARNANDO MAL

Jorge Hessen

A culpa e os pesares da consciência são maiores quanto melhor o homem sabe o que faz. Kardec conclui primorosamente este ensinamento, afirmando que "a responsabilidade é proporcional aos meios de que ele [o homem] dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos" (1)
Há uma frase atribuída a Chico Xavier que diz o seguinte: "os espíritas estão morrendo mal". De fato: "Muitos espíritas estão desencarnando em situações deploráveis, recebendo socorro em sanatórios no Plano Maior da Vida em virtude das péssimas condições morais e psíquicas em que se encontram." (2) No livro Vozes do Grande Além, Sayão, um pioneiro do Espiritismo no Brasil, afirma que "nas vastidões obscuras das esferas inferiores, choram os soldados que perderam inadvertidamente a oportunidade da vitória. São aqueles companheiros nossos que transitaram no luminoso carreiro da Doutrina, exigindo baixasse o Céu até eles, sem coragem para o sacrifício de se elevarem até o Céu. Permutando valores eternos pelo prato de lentilhas da facilidade humana, precipitaram-se no velho rochedo da desilusão." (3)
Aos espíritas sinceros e/ou simpatizantes do Espiritismo precisamos alertar: "Ninguém tem o direito de acender uma candeia e ocultá-la sob o alqueire, quando há o predomínio de sombras solicitando claridade". (4) Muitos espíritas que, presunçosamente, se autoavaliam equilibrados estão desencarnando muito mal. Nessas condições, estão os espíritas desonestos, adúlteros, mentirosos, ambiciosos, mercantilistas inescrupulosos das obras espíritas, os tirânicos dos Centros Espíritas, os que trabalham nas hostes espíritas só para auferirem vantagens pessoais, os supostos médiuns que ficam ricos com a venda de livros de baixíssimo nível doutrinário, etc., etc. Este último aspecto preocupa muito, pois, atualmente, existe uma enxurrada de publicações de livros "psicografados" que não passam de ficções de péssima qualidade. Livros com erros absurdos de gramática, assuntos empolados, idéias desconexas, oriundas dos subprodutos de mentes doentes, de médiuns e/ou supostos "espíritos", que visam tirar dinheiro dos neófitos com a venda de tais entulhos antidoutrinários, mas que enchem os olhos dos incautos pela imaginação fantasiosa.
Insistentes, esses aparentes "psicógrafos" ou despreparados "espíritos" estão construindo denso universo de sombras sobre o Projeto Kardeciano, confundindo pessoas inexperientes, que batem à nossa porta em busca de esclarecimento e consolação. Esses "médiuns" e/ou "espíritos inferiores" ocultam, sob o empolamento (enganação), o vazio de suas idéias esquisitas. Usam de uma linguagem pretensiosa, ridícula, obscura, forçando a barra para que pareça profunda.
Até quando? Eis a questão! O tempo urge.



FONTES:
(1) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2000, perg. 637
(2) Franco, Divaldo Pereira. Tormentos da Obsessão, ditado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, Bahia: Editora: Livraria Espírita Alvorada, 2006, 8ª edição
(3) Xavier, Francisco Cândido. Vozes do Grande Além, ditado por Espíritos diversos, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2 ª edição, 1974
(4) Divaldo Pereira. Tormentos da Obsessão, ditado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, Bahia: Editora: Livraria Espírita Alvorada, 2006, 8ª edição



Leia mais: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com/2010/03/muitos-espiritas-estao-desencarnando.html#ixzz0oaUxEII6

Ritos e Doutrina Espírita

"(...) Será que vocês poderiam me explicar a enquadração de alguns ritos como: Nascimento, Morte, Casamento, Puberdade, Oração e Libertação na pratica da religião espírita.
Poderiam me ajudar?"
Marcos Inacio
A respeito da questão que você propôs, avanço aqui algumas considerações muito breves. Informações mais detalhadas você pode conseguir na literatura espírita especializada (que você pode consultar posteriormente).
De uma maneira bastante geral, o Espiritismo é uma doutrina filosófica de implicações científicas, religiosas e filosóficas (principalmente éticas). Não há, assim, dentro dele uma "enquadrarão de ritos" como você se refere abaixo.
Na verdade, o que o Espiritismo procura fazer é compreender a vida humana em seus múltiplos aspectos dentro de um ponto de vista espiritualista, isto é, aquele que prevê a sobrevivência do ser ao fenômeno da morte corporal e sua existência antes do ingresso nele, ou seja, do nascimento. O objetivo fundamental do Espiritismo (assim como o de qualquer doutrina do pensamento, ao menos em suas origens) é a felicidade do ser humano.
Assim, a doutrina espírita prevê que essa felicidade é conseguida na razão direta em que conhecemos as coisas importantes ao nosso redor, bem como soubermos aplicar esse conhecimento em favor de nós e de nossos semelhantes. As fases a que você se referem são, assim, simplesmente estágios da existência humana que devem ser compreendidos plenamente dentro de uma visão do mundo (o que inclui todo o Universo) e não "ritualizados".
O nascimento é o regresso da alma à vida corporal, regresso esse que não é único mas apenas um entre muitos já ocorridos e que estão para ocorrer.
A morte é o regresso dessa mesma alma à vida espiritual, fenômeno igualmente comum na vida maior do Espírito.
A puberdade é entendida dentro do conhecimento fisiológico atual, bem como uma fase de amadurecimento do ser recém encarnado e vivendo seus primeiros estágios de adaptação à difícil realidade do mundo.
O casamento de forma alguma constitui uma instituição dentro da prática espírita. Trata-se apenas da união, segundo as consciências de cada um, de dois seres que se reconheçam como devendo mútuas responsabilidades por se amarem. Essa união, também, de maneira alguma deve ser obrigatória já que a liberdade de consciência é um princípio fundamental, e ninguém deve tê-la violada em nome de qualquer outra idéia secundária.
A oração é uma prática saudável de relacionamento da criatura (que já dispõe de semelhante conhecimento para tal) com seu criador e com outros seres (os Espíritos), mais próximos, visando o equilíbrio do corpo espiritual que é fundamental para o equilíbrio e sucesso da vida do ser. Esse equilíbrio é conseguido não somente pela prece mas igualmente pelo ajuste das atividades do indivíduo segundo as práticas do bem.
Não existe nenhuma fórmula explícita para a oração, nem número ou extensão, mas tem como quesito fundamental que seja praticada com o coração acima de tudo. Isto quer dizer que o indivíduo deve estar consciente de suas responsabilidades perante as faltas que houver cometido contra os outros (se as tiver) antes de procurar qualquer ajuda divina.
Não existe, também, "troca de favores" entre os homens e os Espíritos ou Deus. Os que assim pensam agir estão mal informados a respeito da verdadeira relação que deve existir entre os homens, Deus e os espíritos.
Finalmente, para dizer alguma coisa sobre a "libertação" vou fazer uma interpretação pessoal dessa palavra. Libertar significa restituir a liberdade aquele que se lhe foi subtraída. Se tratamos aqui da liberdade do ser, esta se encontra em sua liberdade de ir e vir, pensar e agir. Essa liberdade implica em certas Responsabilidades, já que ela tem um limite traçado no lugar onde começa a liberdade alheia.
O ser (ou Espírito) adquire liberdade a medida que ele evolui. Coincidentemente, ele também adquire felicidade. A evolução espiritual da criatura é, assim, sinônimo desse ganho de liberdade. O Espiritismo prescreve que isso é conseguido tão só (como disse) pelo ajuste dos atos da criatura à regras do bem, da ética e da felicidade dos semelhantes.
Toda moral espírita resume-se, portanto, àquela prescrita por Jesus em seus evangelhos e que foram resumidas pela regra áurea de "não fazer aos outros aquilo que se não gostaria fosse feito a si mesmo" acrescida do "amar aos outros como assim mesmo". Por "outros" ou "próximos" o Espiritismo entende todas as criaturas que estão próximas, ou seja, em contato com o ser (e não aquelas que lhe são caras).
Como Jesus ainda tenha acrescentado o "assim como eu vos amei", a prática desse amor tem como modelo o próprio Jesus.
O ponto fundamental da regra áurea trazido por Jesus está na misericórdia que deve guiar os atos do indivíduo, princípio enunciado no "amar aos seus inimigos", de ainda muito difícil aceitação na atualidade. Finalmente o Espiritismo entende que essa "libertação" espiritual se estende a todos os indivíduos na Terra, não há condição para que eles pertençam a essa ou aquela denominação religiosa (nem mesmo ao próprio Espiritismo).

Ademir Luiz Xavier Junior

Atividades Comemorativas

As polêmicas envolvendo o Espiritismo

Wellington Balbo – Bauru - SP

Na última semana foram duas polêmicas envolvendo o Espiritismo. A primeira com os jogadores do Santos Futebol Clube que se recusaram a entrar em instituição espírita para distribuição de ovos de páscoa. Os atletas merecidamente foram criticados pela opinião pública. Sem querer fizeram o espiritismo entrar na mídia esportiva. Foram debates acalorados em diversos programas e até rasgados elogios do comentarista Neto, da TV Bandeirantes, ao nosso querido Chico Xavier.

Como pode perceber o caro leitor, o feitiço virou contra o feiticeiro. A segunda e mais recente polêmica refere-se a ingênua reportagem da revista SUPERINTERESSANTE tentando desmerecer a figura notável de Chico Xavier. Obviamente não obtiveram êxito. A vida de Chico é um hino à verdade. Sem contar que o médium mineiro é cidadão do mundo, amado pelas pessoas independentemente de religião. Prova disso é o sucesso do filme sobre a sua vida que vem lotando os cinemas do Brasil. Chico é muito maior que essas querelas. Constatamos que o editor e a jornalista da SUPERINTERESSANTE foram muito inocentes na elaboração da matéria. Não pesquisaram e expuseram-se ao ridículo.

Sempre digo aos alunos: Vai estudar, menino! Vai estudar pra não falar besteira! Os responsáveis pela revista falaram muita besteira.

Aconselho-os: Vão estudar, vão estudar pra não escrever besteiras!

Os espíritas naturalmente mostraram indignação diante de tamanhas abobrinhas. Richard Simonetti, um dos grandes pensadores espíritas da atualidade, tratou de jogar luz no assunto e elaborou esclarecedora carta ao editor da revista. A manifestação do escritor bauruense está “voando baixo” pela internet. Alamar Régis e outros espíritas também manifestaram a opinião de forma contundente contra a reportagem.

Excelente essas manifestações, pois vemos a Doutrina Espírita recebendo atenção. Certamente inúmeras pessoas irão ler sobre as polêmicas e buscar verificar quem está com a razão. Quem sabe surgirão mais estudiosos das leis da vida tão bem explicadas pela espiritualidade.

A propósito, lembro-me de um comentário de Kardec que consta na obra Viagem Espírita em 1862. Narra o codificador que um pregador aventurou-se na tribuna e sem piedade levantou vozes contra o espiritismo. Pregava entusiasmado: Espiritismo é coisa do demônio! Doutrina anticristã!

No entanto, a platéia que o escutava jamais ouvira falar de Doutrina Espírita. O desavisado pregador atiçou a curiosidade das pessoas presentes na platéia para conhecer o tal de Espiritismo. Conta Kardec que algum tempo depois naquele local nascia um grupo de estudos para conhecer a Doutrina Espírita que fora tão mal apresentada pelo orador.

As críticas infundadas e os absurdos que atualmente algumas pessoas cometem contra o Espiritismo irão alçá-lo cada vez mais ao patamar de destaque que merece, porquanto os críticos serão combatidos e surpreendidos em suas incoerências por estudiosos da doutrina codificada por Allan Kardec que, diga-se de passagem, jamais se calarão ante asneiras proferidas por palpiteiros de plantão.

Os atletas do Santos e jornalistas da SUPERINTERESSANTE obviamente não sabem que em sua ignorância, à semelhança daquele pregador desinformado, abriram mais janelas para a penetração das idéias que tentaram combater. Pela excelência de seus princípios o Espiritismo entrará por essas brechas abertas pelos desavisados, quer eles queiram ou não.

Fonte:www.garanhunsespirita.com.br

NOTA DE GARANHUNS ESPÍRITA: Reputamos de grande importância o artigo enviado por Sônia

A Propósito das Homenagens a Chico Xavier

por Cláudio Luciano

Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? “Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.” (01)

"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus." (02)

Muito se tem falado e escrito sobre as homenagens pelo centenário do nascimento de Francisco Cândido Xavier: são artigos, palestras, filmes, eventos dos mais diversos e em diversas partes do nosso país, quiçá do planeta. Alguns defendem ardorosamente e outros a combatem como a uma praga.

Acho que o amigo leitor já deve ter percebido, pelas citações acima, a tendência que seguirá este modesto artigo: sou a favor!

Vemos todos os dias, a criatura humana homenagear pessoas, encarnadas ou desencarnadas, algumas notoriamente equivocadas em sua conduta. Vemos criminosos serem admirados por seus feitos, como se fossem heróis, Hobins Hoods modernos.

Lembro bem que, há alguns anos, propuseram a construção de uma estátua para Lampião, o Rei do Cangaço e foi a maior confusão, principalmente, porque um dos soldados que participou da morte de Lampião ainda estava vivo (se ainda está, não sei) e criticou duramente a idéia: homenagear um assassino!

Muito se tem dito que Chico “deve estar sofrendo com isso” — será mesmo? Alguém já recebeu mensagens dele, dele mesmo (03), destaco, afirmando isso? Todos nós sabemos que o Chico era e é muito humilde, mas isso não invalida a lembrança dos seus feitos. Muito pelo contrário, vem reforçar a necessidade de divulgá-los para todo o mundo.

Ora, é bastante curioso que vivemos reclamando que ninguém faz o bem, que só os maus conseguem vitórias. A mídia, principalmente, adora divulgar tudo o que não presta em nosso mundo e quando surge a oportunidade de divulgar a vida e a obra de alguém que fez e faz realmente a diferença, surgem críticas de todos os lados?

Terá Chico passado procuração para as pessoas falarem em nome dele dizendo que não queria homenagens?

Quando encarnado, ele recebeu várias homenagens e não foi grosso com ninguém. Soube ser humilde! O único cuidado que é preciso ter é com o endeusamento ao médium. Isso deve passar longe de nossas mentes. Se fosse católico, já teria sido canonizado como o segundo santo brasileiro, e como até os Espíritas têm essa mania de endeusar médiuns, é preciso muito cuidado.

Homenagear Chico é mostrar ao mundo que existem pessoas boas que fazem o Bem conforme os preceitos do Evangelho.

Homenagear Chico é mostrar ao mundo um corajoso e valoroso médium Espírita que o mundo conheceu; que soube caminhar por entre pedras e espinhos, entre pessoas de diversas classes, que não criticou a crença de ninguém e que, nem mesmo desencarnado, deixa de ser alvo de críticas e o pior, dos próprios Espíritas!

O único senão, com o qual concordamos, é o custo dos eventos: têm de ser barateados, caso contrário estaremos elitizando o Movimento Espírita. Não é preciso realizar congressos em locais caríssimos sob o pretexto de conforto. Eventos Espíritas tem de ser abertos ao público de todas as classes e ponto final.

Fizeram um filme sobre Chico? Que bom! Deveriam fazer uns dez ou mais! Ora, esta! Corremos ao cinema para assistir filmes de monstros, guerras, vampiros, paixões de Cristo e não podemos ter um filme Espírita, por conta da humildade de Chico? Todo ano, no mês de abril deveríamos comemorar o nascimento de Chico, para que ninguém esqueça da sua história.

Quem não se lembra quando Fernando Collor de Melo o visitou? Teve gente criticando o Chico por isso. Ainda mais essa! Quando artistas famosos o visitavam? Tinha gente falando mal do Chico.

Se Chico tivesse sido um criminoso famoso, já teria vários filmes, peças, livros e por ai vai.

Vamos sim, prestar homenagens ao Chico, um legítimo apóstolo de Jesus para que a luz dele brilhe, como determinou Jesus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”

A humildade é um anjo mudo, afirma André Luiz e o Chico sempre foi mudo, sempre foi esse anjo!

Agora, será que deveríamos deixar em branco a lembrança de Chico somente porque ele é humilde de coração? Então vamos esquecer também de Kardec, chamado por Flamarion de “o bom senso encarnado” e não nos preocuparmos com a história do Espiritismo no Brasil e no mundo, até que um dia alguém pergunte: quem foi esse tal de Chico? Nunca ouvi falar! Vamos esquecer Bezerra, Yvonne Pereira e tantos outros legítimos seguidores do Cristo de Deus?

Ou será que preferimos os heróis que morreram de overdose?